Polícia suspeita que motorista de van abusava de alunas há 10 anos
O delegado Elton Galindo, da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção a Criança e ao Adolescente), acredita que o motorista de van suspeito de abusar alunas, em Campo Grande, cometia o ato há pelo menos 10 anos. Uma jovem, hoje com 19 anos, procurou a Polícia e disse que passou por situação semelhante a outras duas alunas entre 2001 e 2003.
A jovem contou que não houve violência sexual. Os relatos são de que o motorista passava a mão por cima da roupa das meninas.
Os casos mais recentes são de duas crianças de seis e nove anos de idade. O delegado explicou que o motorista de 52 anos não poderá ser punido por esse crime, mas que o antigo caso será listado como agravante.
O laudo do IML (Instituto Médico Legal) e o relatório de atendimento psicológico da criança de seis anos indicam que não houve conjunção carnal. A menina relatou que em uma oportunidade o motorista tirou a roupa dela e deitou sobre a criança. O delegado explicou que nesta situação, o condutor da van pode até responder pelo crime de estupro.
De acordo com o delegado, pela característica do abuso o motorista responderá por importunação ofensiva ao pudor. Pelos relatos, Elton acredita que o motorista apresenta comportamento malicioso. O delegado também ouviu o depoimento de uma menina de 12 anos, que teria sofrido abuso há cinco anos. A pré-adolescente entrará como testemunha, para que seja formado o perfil do suspeito.
O advogado do motorista, Afrânio Alves Corrêa, comentou que assumiu a defesa hoje, mas que o advogado anterior havia entrado em contato com a Polícia e avisado que ele iria se apresentar. Afrânio afirmou que o motorista está em estado de choque e sob medicação, e deve procurar a Polícia no fim da semana que vem.
Ele afirma que o motorista não cometeu o abuso e não consegue acreditar no que está acontecendo. “Ele sustenta que nunca praticou esses crimes”, disse o advogado.
O delegado ressaltou que a investigação está apenas no início.
A mãe da criança de nove anos, de 36, contou que a filha decidiu contar espontaneamente. A criança conversou com a amiga de seis anos e disse que iriam criar coragem para contar aos pais o que estava acontecendo. A menina de seis anos era sempre a última criança a sair da van.
Os pais da menina de nove anos conversavam sobre o assunto quando foi divulgado pela imprensa. Por ser um tema delicado, o pai preferiu não comentar o caso na frente da criança, mas disse o seguinte: “Pode ser que não seja verdade”. A menina prestou atenção na conversa e prontamente respondeu ao pai. “É verdade sim, ele fazia comigo também”, disse.
A mãe ficou indignada. “Estou revoltada, a gente confia e acontece isso”. Ela conta que a menina estava andando na van desde o dia 3 de outubro de 2011. Os abusos tiveram início no passado. A menina contou que o irmão de 11 anos não via os abusos.
A criança contou que decidiu falar porque a van estava com outro motorista e quando ficaram sabendo que o acusado voltaria a dirigir o veículo seria a hora de contar a verdade. A menina ainda orientou a criança de seis a escapar dos abusos, como passar por baixo do banco, sentar longe do motorista e por a mochila no colo.