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Capital

Policial resume como “chocante” assassinato de mulheres no Tijuca

Nadyenka Castro | 12/05/2011 17:49

Investigador esteve no local do crime

Na reconstituição do crime, Weber(de camiseta azul listrada), mostra que as vítimas foram rendidas na sala da casa. (Foto: João Garrigó)
Na reconstituição do crime, Weber(de camiseta azul listrada), mostra que as vítimas foram rendidas na sala da casa. (Foto: João Garrigó)

“Chocante”. Com essa palavra um policial resumiu a cena que viu na residência de Cláudia Araújo Mugnaine no dia 2 de dezembro do ano passado, onde e quando o corpo dela e da amiga, Regina Bueno França, foram encontrados.

O investigador esteve no local do duplo homicídio e fez a declaração em depoimento à Justiça na tarde desta quinta-feira quando questionado sobre o que viu na casa localizada no Jardim Tijuca, em Campo Grande.

Ele e mais 10 pessoas foram ouvidos como testemunhas de acusação do crime que levou à prisão Weber de Sousa Barreto, o “Ebinho”, 23 anos, Cristian Rantagne Cassedo, e Lorraine Rory Silva. Apontado como mandante, Éder Rantagne Cassedo, estava preso quando teria mandado executar as duas amigas, e permanece na cadeia.

Fotografias tiradas pela perícia e anexadas ao processo reforçam a declaração do investigador de Polícia Civil e também dos peritos criminais que fizeram o laudo pericial. As fotos, impublicáveis, mostram grande quantidade de sangue próxima aos corpos, muitas manchas nas paredes, nos móveis e também nas pegadas espalhadas pela casa.

As imagens mostram ainda o corte no pescoço das vítimas feito com faca que expôs as vísceras e o pescoço amarrado com fios.

De acordo com relato à Justiça dos dois peritos responsáveis pelo laudo do local do crime, grande quantidade de sangue jorra do corpo quando uma artéria é atingida. As declarações deles indicam também que Cláudia e Regina não reagiram quando foram amarradas e degoladas. “Lesões de defesa aparecem nas mãos e neste caso não tinha”, disse um deles.

Os relatos do investigador e das demais pessoas ouvidas pela Justiça mostram o que a Polícia Civil já havia concluído: que as duas foram mortas a mando de Eder, que de dentro do presídio contactou o irmão Cristian, conhecido como Corumbá. Este, junto com Weber, mataram Regina e Cláudia, e tiveram apoio de Lorrayne.

Eder teria mandado matar as duas porque teria descoberto que elas o delataram à Polícia quando fugiu do regime semiaberto e ele voltou à cadeia. Lorrayne era namorada de Eder na época e tinha atritos com Regina constantemente, mesmo sendo amiga de Cláudia.

Os desentendimentos entre Lorrayne e Regina foram relatados por várias testemunhas, sendo que duas delas contaram que ambas tinham brigado no sábado anterior ao dia do crime (noite de quarta-feira, 1º de dezembro). Uma ainda revelou que Lorrayne teria ameaçado Regina.

Ameaças estas que passaram a ser constantes após a prisão de Eder, conforme dito pelo advogado responsável pelo escritório onde Regina, ou Glads, como era conhecida, fazia estágio. Por causa destas ameaças, Regina até teria citado que colocaria droga na casa da ‘inimiga’ e chamaria a Polícia.

Um pai-de-santo, vizinho de Cláudia e amigo dela, de Regina e de Lorrayne, também foi ouvido. Ele e mais três testemunhas, entre elas a irmã de Cláudia, prestaram depoimento sem a presença dos acusados na sala de audiência.

Lorrayne, de roupa clara, e os irmãos Cristian e Eder, no Fórum da Capital. (Foto: João Garrigó)
Lorrayne, de roupa clara, e os irmãos Cristian e Eder, no Fórum da Capital. (Foto: João Garrigó)

Mentira e furto- Também foram questionados pelo MPE (Ministério Público Estadual), juiz presidente do processo Aluízio Pereira dos Santos e advogados dos réus, uma ex-namorada de Regina, um amante de Cláudia e a sogra de Weber, a qual confessou que mentiu à Polícia Civil sobre o paradeiro do genro. “Ele [Weber] disse que ele e minha filha estavam sendo ameaçados de morte. Até então era o que sabíamos. Meu marido tirou ele daqui. Fez papel de pai”, declarou a funcionária pública estadual.

Weber foi preso em Goiás e nega participação na execução, mas confirma que ajudou a render as vítimas. Lorrayne também se diz inocente, assim como Eder. Já Cristian, confirma o caso.

Ele diz que matou Regina e depois passou a faca para Weber matar Cláudia. A arma não foi encontrada. “Fizemos diligências até no lixão”, conta um investigador.

Cristian também furtou da casa um monitor de computador, um DVD e um rádio. O monitor foi encontrado com um rapaz, que contou à Justiça que comprou o equipamento de um amigo que havia adquirido com Cristian.

De acordo com o promotor Renzo Siufi, responsável pela acusação, como a sogra de Weber se retratou à Justiça antes do proferimento da sentença, não será responsabilizada criminalmente.

Sobre os objetos, ele explica que como a intenção dos réus era matar as vítimas e não praticar roubo, o caso não é enquadrado como latrocínio (roubo seguido de morte) e como o homicídio é crime maior que o furto, os acusados são responsabilizados pelo primeiro.

Facção criminosa- No início das investigações sobre o duplo homicídio cogitou-se que poderia ter relação com o PCC. Entretanto, não há provas. O que se sabe é que Regina era viúva de “Fred da Barão”, condenado por tráfico de drogas e apontado como um dos chefões da facção criminosa e se dizia ‘viúva do PCC’.

Fred da Barão morreu em casa, quando já estava em liberade. Ele morreu devido à complicações de saúde.

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