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Capital

Praça vira "point" de pichadores e vândalos atacam "bairro das clínicas"

Filipe Prado | 29/10/2014 16:15
As pichações aumentaram na Chácara Cachoeira (Foto: Marcos Ermínio)
As pichações aumentaram na Chácara Cachoeira (Foto: Marcos Ermínio)

Os moradores e empresários do Bairro Chácara Cachoeira, área nobre de Campo Grande, estão aterrorizados com a onda de pichações, que também passou a atingir a região. Conhecido pelo grande número de clínicas, o bairro vem sofrendo os ataques durantes a madrugada, principalmente aos domingos. Eles suspeitam que usuários de drogas e moradores de rua, que passam o dia e a noite na Praça das Águas, façam parte do grupo de pichadores.

As pichações acontecem, principalmente, em frente à Praça das Águas. De acordo com o médico Roberto Rodrigues Cisneros, 58 anos, as pichações começaram há 30 dias pelo muro da sua clínica. "Picharam o muro, então gastei cerca de R$ 400 para arrumar, mas no domingo (26) picharam de novo”, contou o médico. Ele disse que os pichadores esperaram somente 15 dias para poder pintar novamente o muro.

Ele disse que conseguiu filmar a ação dos pichadores, porém não conseguiu identificar nenhum deles. Roberto apontou que o abandono da praça é um dos motivos para o aumento das pichações, já que eles se reúnem no local e escondem os instrumentos para a pintura, suspeita o médico.

Os moradores comentaram que se sentem de mãos atadas por conta da “impunidade, já que eles continuam pintando”.

A cirurgiã dentista Mariza Martins de Carvalho, 63, também teve a clínica pichada. Há um ano ela tenta terminar uma obra, que deveria ser entregue em três meses. No entanto, as pichações atrasaram toda a obra.

“Eu não posso continuar o prédio, pois os materiais que irei utilizar são brancos de alumínio e se picharem, não tem como apagar”, comentou Mariza.

Eles já estão “enlouquecidos” com toda a situação, comentou a cirurgia. Roberto relatou que será preciso contratar seguranças particulares para tentar amenizar os danos causados pelos pichadores. “Já que não tem guarda na praça, teremos que contratar os nossos”.

A cirurgiã acabou “adotando” um morador de rua para poder proteger as casas da rua. “Eu dou comida sempre para ele e disse que se as pichações diminuíssem, ele ganharia um dinheiro”. Ele até encontrou um alicate, que, segundo Mariza, seria para cortar as cercas elétricas das casas.

Algumas casas que existem pela região também foram pichadas (Foto: Marcos Ermínio)
Algumas casas que existem pela região também foram pichadas (Foto: Marcos Ermínio)

Uma professora, 50 anos, que não quis se identificar, reclamou da grande quantidade de usuários de drogas na região, principalmente na praça. “Parece uma festa”, comentou.

Com medo, a professora afirmou que “os usuários ficam para fora e os moradores presos dentro de casa”. Ainda relatou que eles têm intimidado os moradores com bilhetes. “Jogaram uma garrafa na casa do vizinho com um bilhete dentro que dizia: vamos fazer com vocês o que a TV faz com a gente”.

O delegado titular da Decat (Delegacia Especializada de Repreensão a Crimes Ambientais e Proteção ao Turista), Antonio Silvano Rodrigues da Mota, afirmou que “houve um aumento no número de registros” por conta da pichação, porém não soube especificar de quanto foi o crescimento.

Mota completou que muitas vítimas não fazem o registro do boletim de ocorrência, por que não sabem identificar quem foi que pichou a propriedade, porém o delegado incentivou a realização do BO. “É interessante, independente se há identificação. O morador ainda pode levar algo que mostre o local pichado, por que pelo tipo da pichação, podemos associar os autores, pelo tipo do desenho”.

Conforme o Art. 65 da Lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, a pena para quem for pego pichando é de três meses até um ano, além de multa, com valores definidos por um juiz. Caso a pichação seja feita em monumentos tombados, a pena sobe mínima sobre para seis meses.

Mariza atrasou a obra de sua clínica em nove meses por conta das pichações (Foto: Marcos Ermínio)
Mariza atrasou a obra de sua clínica em nove meses por conta das pichações (Foto: Marcos Ermínio)
Me menos de 15 dias, a clínica de Roberto foi pichada duas vezes (Foto: Marcos Ermínio)
Me menos de 15 dias, a clínica de Roberto foi pichada duas vezes (Foto: Marcos Ermínio)
os moradores acusam alguns frequentadores da praça, supostamente usuários de drogas (Foto: Marcos Ermínio)
os moradores acusam alguns frequentadores da praça, supostamente usuários de drogas (Foto: Marcos Ermínio)
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