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Capital

Prefeitura destrói plantação em área invadida para abrir ruas no Noroeste

Fabiano Arruda | 17/03/2011 10:31

Desobstrução vai melhorar acesso da população a uma linha de ônibus

Hélida mostra tristeza por perder produtos que plantava no terreno. (Foto: Fabiano Arruda)
Hélida mostra tristeza por perder produtos que plantava no terreno. (Foto: Fabiano Arruda)
Moradores assistem máquina destruir plantação em terreno.
Moradores assistem máquina destruir plantação em terreno.

Dois técnicos da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) e sete policiais da Guarda Municipal foram nesta manhã ao Jardim Noroeste, em Campo Grande, para "limpar" terrenos e abrir ruas no bairro.

O terreno,aberto para continuação da Rua Osasco, tinha plantações que serviam como fonte de renda para uma família indígena que mora ao lado. Outra área vai dar continuidade à rua Senador Vergueiro. Ambas vão facilitar o acesso para a linha de ônibus. Uma família foi removida por ocupar o espaço irregularmente.

Hélida Fátima, de 55 anos, diz não ser contra a abertura da via, mas considera que a Prefeitura deveria avisá-la, com antecedência, para que colhesse os produtos plantados no local. Do outro lado do terreno, ela tem uma casa e produz artesanato.

“Sou índia, mas sou gente. E também não precisava estes policiais aqui. Não sou ladra”, disse a artesã.

Manga, caju, jaca, jabuticaba, limão, laranja, ponkã, tamarindo, pequi e palmito são alguns produtos que Hélida cultivava no terreno há 15 anos. Ela garante que procurou o proprietário para tentar comprar o terreno.

Demora - No entanto, o dono, que também estava no local hoje, diz que nunca foi procurado e que os moradores receberam, em dezembro, o aviso da demolição dos terrenos.

Ele critica a atitude dos moradores que, não só tomaram terrenos para plantar, como também se instalaram nos locais e construíram casas.

“Invasão é o que mais tem no Noroeste. Eu tenho terreno onde tem gente morando e não posso chegar lá na minha propriedade porque eles (moradores) não deixam”, reclamou, dizendo que pediu na Justiça emissão de posse para retirar as pessoas que moram nos terrenos.

“Pago IPTU e Imposto Predial dos terrenos”, justificou o proprietário, indignado. Ele, que não quis dizer o nome para "não se expor" também garantiu que a abertura das ruas foi solicitação da própria associação de moradores do Noroeste e a área foi em parte desapropriada para a execução da obra.

Os policias da Guarda Municipal garantem que não houve resistência dos moradores e que a presença da corporação era apenas para garantir a segurança e “prevenir qualquer tumulto”.

Questionado sobre a ação, um dos técnicos da Semadur foi breve. “Qualquer informação deve ser obtida com a Comunicação Social do Município. Eles vão informar”, esbravejou.

Técnicos da Semadur não quiseram dar explicações sobre a ação.
Técnicos da Semadur não quiseram dar explicações sobre a ação.

Hélida Fátima diz que sua preocupação com a abertura de ruas no Jardim Noroeste tem outros motivos. “As ruas que foram abertas não têm iluminação e várias delas atraem usuários de drogas. Se não houver iluminação, que segurança vou ter para trabalhar com meu artesanato? E se roubarem meus produtos?”, questionou.

A feirante mostrou uma pasta para comprovar que o local de produção do artesanato foi cedido pela Prefeitura, na gestão de André Puccinelli. “Se a Prefeitura não der condições para eu produzir com segurança, vou ter de parar”, reclamou.

O departamento de Comunicação Social da Prefeitura de Campo Grande confirmou que a ação da Semadur era para desapropriação do terreno que é logradouro público. A assessoria confirmou que uma família foi removida do local.

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