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Capital

Presença de usuários de droga tira a paz dos moradores do Tiradentes

Mariana Lopes | 31/07/2012 14:05
Policial civil, de branco, aborda usuários saindo do terreno baldio da rua Oboé, no Tiradentes. (Fotos: Pedro Peralta)
Policial civil, de branco, aborda usuários saindo do terreno baldio da rua Oboé, no Tiradentes. (Fotos: Pedro Peralta)
Dentro do terreno, os policiais revistam quem estava lá dentro
Dentro do terreno, os policiais revistam quem estava lá dentro

O endereço é certo e o local bem conhecido. O famoso “Murão do Tiradentes”, na rua Oboé, tem tirado a paz dos moradores da região, sejam os da rua da frente, detrás, dos lados, e que já não aguentam mais a presença constante de usuários de drogas.

Era um terreno baldio que foi fechado por um muro. A princípio, perecia uma forma eficaz de preservar o local, até ser aberto nele um buraco, como se fosse uma porta, e assim dar acesso livre ao imenso espaço que, agora, “esconde” o problema social do bairro.

A equipe de reportagem do Campo Grande News acompanhou uma batida dos policiais da 4ª Delegacia de Polícia Civil no local. Era um fim de tarde, por volta das 16h30, quando encostamos os carros quase em frente ao buraco do muro. De cara, flagramos três pessoas saindo do terreno, dois homens e uma mulher.

Lá dentro, mais três usuários, novamente dois homens e uma mulher. Os policiais colocaram os seis de frente para o muro e as mãos para cima para fazer a revista. Com eles, foram encontrados cachimbos,cinzas de drogas, isqueiro, faca e canivete.

Cachimbos, esqueiros e drogas encontrados com os usuários que estavam no terreno
Cachimbos, esqueiros e drogas encontrados com os usuários que estavam no terreno

Enquanto a Polícia checava o nome de cada um, alguns reclamavam, outros esbravejavam, uns até brincavam com a situação, mas todos acabavam colaborando com o trabalho da polícia e demonstravam até serem acostumados com a rotina de abordagem dos investigadores.

Do espaço imenso do terreno, eles usam apenas um canto, onde fumam, cheiram, injetam, tudo no meio do lixo e da terra. Pelo chão, roupas, plásticos, restos de comida, entulhos, seringas, latas queimadas. E lá, muitos passam até dias sem dormir, só consumindo drogas.

Segundo os investigadores, a ronda deveria ser feita diariamente pela Polícia Militar, porém, eles afirmam que entendem a limitação.

Do lado de fora, a reclamação dos moradores é unânime e o que reina é o medo. “Às vezes os donos de bocas vêm aí cobrar pagamento de droga, sai briga, confusão, já quase teve morte”, conta a dona de casa Pedra Paredes Rodrigues, 67 anos.

Ela mora em uma das ruas que rodeiam o terreno e é testemunha diária do consumo de entorpecentes no lugar. Dona Pedra denuncia que nos finais de semana a situação piora. “Eles batem nas casas para pedir comida, água, até fósforo para acender a droga”, reclama.

A filha dela, que trabalha o dia inteiro, confessa que fica com receio em deixar a mãe e o filho pequeno sozinhos o dia todo. “É difícil os usuários entrarem em casa quando tem gente, mas mesmo assim, fico preocupada”, diz serviços gerais Rosimeire Rodrigues, 31 anos.

A preocupação dela é fundamentada em histórias e casos relatados diariamente no bairro. A dona de casa Luiza Malaquias da Silva, 72 anos, por exemplo, já foi vítima de furto pelos frequentadores do lugar. “Não tinha ninguém em casa, eles pularam o muro, entraram pela porta dos fundos e levaram o computador do meu filho”, conta.

Moradora antiga da rua Oboé, ela afirma que até se acostumou com eles perambulando por lá, mas reclama enfaticamente da bagunça que eles causam. “Do final da tarde para a noite, aumenta o entra e sai do terreno, é insuportável”, denuncia dona Luiza.

Segundo os moradores do bairro, o terreno pertence à Prefeitura de Campo Grande, porém, assessoria de imprensa do Município nega a propriedade.

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