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Capital

Semana de Luta contra a Aids foca na prevenção e uso de preservativo

Flávia Lima | 30/11/2015 13:34
Autoridades de Saúde acompanham lançamento de campanha de combate ao HIV/Aids. (Foto:Flávia Lima)
Autoridades de Saúde acompanham lançamento de campanha de combate ao HIV/Aids. (Foto:Flávia Lima)

Dados do Programa Municipal de DST/Aids, de Campo Grande, atesta que a Capital conta com 61 pessoas na faixa etária de 35 a 49 infectadas com o vírus HIV e que já demonstram sinais da doença. Ao todo, se computadas todas as faixas etárias, esse número sobe para 151 pessoas.

Na transmissão do vírus de mãe para filho, conhecida como transmissão vertical, foram registrados dois casos este ano. No mesmo período do ano passado, foram sete casos.

Quanto a pessoas infectadas pelo vírus, mas que ainda não apresentam as doenças oportunistas, o número registrado esse ano é de 182 na faixa etária entre 35 a 49 anos. Mato Grosso do Sul ocupa o 8º lugar no ranking de incidência de Aids, de acordo com a coordenadora estadual do programa DST/Aids do Estado, Danielle Martins Tebet.

De acordo com dados de Cedip (Centro de Doenças Infecto-parasitárias), de 2013 a 2015 foram registrados 973 pacientes que estão em tratamento e 172 pessoas abandonaram o tratamento.

Para as autoridades de saúde, os números são preocupantes, uma vez que até há pouco tempo Mato Grosso do Sul ocupava posições abaixo do décimo lugar.

Na tentativa de reverter o quadro, a prefeitura da Capital, em parceria com entidades e a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), lançou, na manhã desta segunda-feira (30), a semana alusiva ao Dia Mundial de Luta Contra a Aids, comemorado nesta terça-feira (1).

O objetivo da campanha é alertar a população de que a doença está em todas as classes sociais e faixas etárias e que por isso, é fundamental a prevenção e o tratamento a partir da descoberta da doença. Os testes rápidos, que na Capital são feitos em três locais, também será enfatizado durante a semana.

Na abertura do evento, o secretário de Saúde do município, Ivandro Fonseca, destacou que o incentivo à testagem e tratamento (prevenção combinada) é uma nova abordagem de política pública, que vai permear todas as ações do setor em 2016.

Ele criticou a ideia de investir apenas na cura, deixando de lado a prevenção. Segundo ele, 89% dos recursos federais na área de saúde são voltados para o curativo enquanto que o ideal seria oferecer um maior aporte às unidades básicas de saúde. “Estamos implantando esse modelo preventivo, pois só assim vamos conter as epidemias”, ressalta.

De acordo com a chefe de serviço de DST/Aids e hepatites virais da Capital, Débora Marcon de Mello, o total de recursos federais enviados ao município por ano, para serem aplicados na prevenção e tratamento totaliza 855 mil, com 10% de contrapartida desse valor, pela prefeitura.

A verba é aplicada desde a prevenção até ao apoio a organizações sociais que atendem soropositivos. Débora explica que a meta da OMS (Organização Mundial de Saúde) aumentar para 90% a proporção de pessoas que vivem com o HIV a conhecerem seu diagnóstico.

Deste total, chegar a 90% recebendo tratamento antirretroviral e, desse índice, em tratamento como prevenção, 90% com carga viral indetectável (aqueles que atingiram a supressão do vírus, graças ao uso dos medicamentos antirretrovirais). A meta é que até 2030 a epidemia esteja sanada.

Na opinião da coordenadora estadual do programa de DST/Aids, Danielle Tebet, apesar de a campanhas de prevenção existirem há 30 anos, ela afirma que ainda há muito preconceito envolvido, especialmente quanto ao uso do preservativo e da realização dos testes rápidos.

“Creio que houve uma banalização do uso da camisinha e as pessoas passaram a abolir seu uso nas relações sexuais”, diz.

Na sua opinião, para que qualquer campanha tenha um efeito positivo, é necessário investir nos agentes de saúde e comunitários como peças-chave na conscientização da população. “São eles que tem acesso às casas e às famílias. É preciso que eles passem sempre por capacitações e tenham consciência da importância de explicar e fazer as pessoas entenderem que o uso do preservativo é essencial”, ressalta.

Rede - Em Campo Grande, os testes rápidos podem ser feitos no Cedip, no Hospital Dia, no Centro de Testagem e Aconselhamento, da prefeitura, que fica na Rua Anhanduí, s/n e na ATMS (Associação das Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul).

O teste é aconselhado a pessoas que tiveram relação sexual sem preservativo ou compartilhou agulhas há mais de 30 dias. Se uma das duas situações aconteceu há menos de 30 dias, o teste pode não detectar o vírus.

Embora todas as unidades de saúde possam coletar material para o teste de HIV e exames de DST, assim como seu tratamento, quem deseja um resultado mais urgente, deve procurar um dos três locais.

No Centro de Testagem e Aconselhamento, por exemplo, é oferecido apoio psicológico aos pacientes que passam pelo teste, além de possibilitar o tratamento de doenças sexualmente transmissíveis.

O local funciona das 17 às 11 horas e das 13 às 17 horas. O telefone é o 3314-3450. Segundo a gerente Vera Emília Rodrigues, em média são realizados 400 testes por semana.

E para quem tem receio de ir ao local devido a exposição, Vera garante que todo o processo é feito com discrição, em salas fechadas. Caso o resultado seja positivo, há serviço psicológico para atender o paciente.

Já no Cedip, as informações podem ser obtidas através do telefone 3314 8289 e no Hospital Dia, pelo número 3345 3135.

Para Almir Machado Guimarães, presidente da Fundação CASA (Centro de Apoio Social e Acompanhamento), o maior problema na rede de atendimento via SUS é a escassez de profissionais, por isso, muitos infectologistas acabam assumindo funções que não são de sua competência.

“É preciso valorizar mais esse profissional e aumentar o número de especialistas de outras áreas para desafogar o atendimento”, ressalta.

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