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Cidades

Professor demitido diz que lutou pela biblioteca da UFMS e critica “doentes”

João Humberto | 22/12/2010 19:38
Professor Cezar Benevides, demitido ontem pela reitora da UFMS, diz que há falta de diálogo na instituição e que vai entrar na Justiça. (Foto: João Garrigó).
Professor Cezar Benevides, demitido ontem pela reitora da UFMS, diz que há falta de diálogo na instituição e que vai entrar na Justiça. (Foto: João Garrigó).

O professor doutor Cezar Augusto Benevides, que ontem foi demitido pela reitora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), professora Célia Maria da Silva Oliveira, conforme portaria publicada no Diário Oficial da União, procurou o Campo Grande News para repercutir a decisão e também para falar de sua atuação à frente da pró-reitoria de ensino de graduação, no mandato do ex-reitor Manoel Catarino Paes Peró.

Cezar conta que constantemente apresentava plano de metas e mecanismos visando obter receita para a aquisição de livros para todos os campi da UFMS. A prioridade em sua gestão como pró-reitor de ensino e graduação era a construção da biblioteca, além da ampliação do acervo institucional.

“Eu lutei para estabelecer uma política de aquisição e atualização do acervo bibliográfico, dando ênfase a publicações nacionais e estrangeiras para a contribuição do avanço do crescimento científico. Nem sempre tínhamos recursos do MEC [Ministério da Educação] e por isso trabalhava com recursos excepcionais”, relata o professor Cezar.

Benevides ainda frisa que chegou a pensar em atingir 0,7% do valor do Orçamento destinado a UFMS para a aquisição de livros, visando expandir o acervo da biblioteca, inaugurada há dois anos. “Quero saber quantos livros a gestão atual comprou?”, questiona o professor.

Ele explica que o acervo de 2,5 mil livros de uma coleção da professora Nanci Leonzo, coordenadora do curso de licenciatura em História da UFMS, e que também foi demitida ontem pela reitora Célia Maria, foi o fator que solidificou o curso, até mesmo para obter nota positiva via avaliação do MEC, ocorrida neste ano.

Segundo a assessoria de imprensa da UFMS, a decisão da reitora é baseada nessa compra de livros, em que ela cita que “houve desvio de finalidade do convênio Fadems (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Educação de Mato Grosso do Sul)/UFMS Vestibular 2007, sem licitação dispensa ou inexigibilidade”.

Só que o professor Cezar reitera que a reitora, assim como todo o Conselho Universitário realmente estavam cientes sobre a compra dos livros, feita no mandato de Peró. “Todas as contas são aprovadas com base no conselho fiscal para o MPF (Ministério Público Federal) examinar. Se tem alguém que está mentindo é a reitora", ataca.

Quem criou todo o tumulto a respeito do caso foi a reitora, de acordo com o professor Cezar. Ele detalha que ela estaria agindo influenciada por professores que permaneceram por um tempo no curso de história e que há quase um ano “sumiram do mapa” alegando problemas de saúde.

A perseguição contra Cezar e Nanci é atribuída pelo professor Benevides à chegada dos professores Jérri Roberto Marin (Aquidauana), Ana Paula Squinelo (Coxim) e Tais Leão ao curso em Campo Grande. “Esses professores foram transferidos para o campus da Capital para acrescentar ao curso e não delapidar a biblioteca e promoverem uma série de acusações como fizeram”.

Como o problema foi levado à Justiça pelo professor Benevides, os três professores decidiram apresentar atestado médico e até hoje não botaram os pés na instituição, conforme disse à reportagem. “Eu tive que ser nomeado pela direção de centro da universidade e como o curso não poderia ficar abandonado para que o MEC não desse nota negativa, a reitora se viu obrigada a nomear a professora Nanci como coordenadora”.

Benevides cita que o professor Jérri foi transferido do campus de Aquidauana para Campo Grande para poder ajudar na criação do curso de mestrado em história, mas que acabou focando seu trabalho em arrecadar recursos para realizar um simpósio de história, no ano passado. “Ninguém sabe até hoje quanto ele ganhou nisso tudo, as contas para o investimento desse simpósio também nunca foram postas à tona”.

Diálogo - O professor aponta que a falta de diálogo tem sido crucial no mandato da reitora. “Ela acredita em pessoas e passa a julgar a conduta de outras com base em denúncias infundadas. Tudo isso poderia ser esclarecido se houvesse diálogo”.

Mas, de antemão, o professor diz que vai agir na esfera judicial, afinal, “nossas exonerações não são ‘soluções finais’, como aquelas praticadas nas universidades alemães no tempo de Hitler”.

Cezar argumenta que em outubro deste ano, a reitora entrou com representação no MPF (Ministério Público Federal) o acusando de ter se beneficiado com a compra de um acervo de livros. Por conta disso, ele decidiu ingressar com mandado de segurança, em maio deste ano, apresentando toda a lista dos livros adquiridos da professora Nanci, bem como aproveitou para reforçar a "mania" de perseguição da reitora para com ele.

Os professores Cezar e Nanci, conforme a UFMS, já responderam a outros processos administrativos disciplinares, tendo recebido duas advertências e uma suspensão por 90 dias. Neste processo da suspensão, a reitora inclusive reduziu os riscos da sanção proposta pela comissão processante, que era de demissão.

Por conta de das denúncias, a reitora não poderia ter agido diferente, diante dos pareceres constantes do processo e relatório da comissão processante, finaliza a nota de esclarecimento sobre as demissões, encaminhada hoje ao Campo Grande News.

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