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Capital

Queda de árvores é reflexo de 20 mil espécies inadequadas nas ruas da Capital

Jéssica Benitez | 19/06/2013 07:48
No domingo, ingazeiro caiu sobre carro no bairro São Francisco (Foto: Cleber Gellio)
No domingo, ingazeiro caiu sobre carro no bairro São Francisco (Foto: Cleber Gellio)

Há poucos dias atrás, o engenheiro florestal Miguel Milano, doutor e mestre em ciência florestal, palestrou durante a Semana do Meio Ambiente na Câmara Municipal de Campo Grande. Na ocasião, antecipando o que ocorre todos os anos, o especialista declarou que das 160 mil árvores plantas em vias urbanas, pelo menos, 20 mil devem ser retiradas das ruas da Capital.

O número é resultado de espécies plantadas e podadas de forma inadequada e também as que estão com algum tipo de doença. “Elas estão ruins por inúmeros motivos. Na maioria das vezes é em decorrência de podas mal feitas”, explicou. O fato é que por falta de agilidade ou por parte dos cidadãos ou dos órgãos que devem removê-las, acarretou na queda de quase 50 árvores no último domingo, após forte chuva.

Os estragos não se resumiram apenas a calçadas quebradas ou fios de energia elétrica rompidos, mas em casas e carros atingidos, como foi o caso do comerciante Reginaldo Santana, 53 anos. Durante o temporal, ele passava de carro no cruzamento das ruas Oviedo Serra e Seminário, no bairro São Francisco, quando um ingazeiro caiu sobre o veículo Ford Ka modelo 2012/2013.

Por sorte ele não ficou ferido, mas teve grande prejuízo tendo em vista que o carro não era assegurado, havia rodado apenas 4 mil km e de um financiamento de 48 parcelas, o comerciante pagou duas. Caso haja perda total ele terá que arcar com dívida de R$ 27,6 mil e se locomover de ônibus.

O comerciante Ademir Pinheiro, 46 anos, mora ao lado da casa onde a árvore era plantada e disse ao Campo Grande News que foi à prefeitura inúmeras vezes para pedir o corte da espécie. Sem sucesso, ele se dirigiu à Enersul, mas a tentativa também foi frustrada. “Tenho o número dos protocolos. Eles nunca vieram aqui nem para ver. E se alguém tivesse morrido?”, questionou.

Ainda no domingo, o bairro Coophatrabalho registrou alto número de quedas de árvore. Na rua extremosa a professora Luciene da Costa e Souza, 35 anos, teve o portão de sua casa fechado por uma árvore de 12 metros que caiu com o vendaval. A vizinha, Edna Fernandes, 55 anos, relatou que desde outubro do ano passado ela, por conta própria, tenta evitar o cenário que no domingo veio à tona.

“Eu já tinha colocado cimento na raiz e entulho para ver se segurava. A prefeitura respondeu que na região só tinha árvores pequenas conforme levantamento deles e nem vieram aqui ver a situação. Agora eles não precisam vir mais cortar, é só pegar os restos das árvores, Tenho certeza de que se cortássemos por conta própria eles viriam rapidinho nos multar”, declarou.

Segundo dados da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), diariamente, são recebidos cerca de 150 pedidos de cortes em Campo Grande. Embora haja inúmeras reclamações, eles asseguram que todas as solicitações estão em andamento.

Ainda conforme informações da pasta, a empresa Esfera, a Enersul e a Seinthra (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação) realizam o serviço de corte e o cidadão precisa ir à Central de Atendimento do Cidadão para pedir poda ou remoção da árvore. Após formalizar o pedido é necessário aguardar laudo fiscal emitido dentro do prazo de 30 dias.

 

Árvore de 12 metros deixou professora presa dentro de casa (Foto: Cleber Gellio)
Árvore de 12 metros deixou professora presa dentro de casa (Foto: Cleber Gellio)
Avenida Florestal, no bairro Coophatrabalho, ficou interditada por queda de árvore (Foto: Cleber Gellio)
Avenida Florestal, no bairro Coophatrabalho, ficou interditada por queda de árvore (Foto: Cleber Gellio)

Faça sua parte – Miguel Milano garante que pequenas escolhas podem evitar grandes estragos. Na hora de escolher a espécie que será plantada, por exemplo, é preciso verificar se a raiz da espécie não crescerá a ponto de quebrar a calçada. Além disso, “recomenda-se que o percentual da mesma espécie não ultrapasse 10% para que pragas não se alastrem com facilidade”, disse o especialista.

Outra ressalva é que as podas devem ser feitas pela companhia de energia, pela prefeitura ou por profissionais terceirizados que os representem. “Geralmente as pessoas acham que são donas das árvores que têm em frente de suas casas, mas, na verdade, elas são públicas”, esclareceu.

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