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Capital

Reforma "esconde" terenas e vendas caem 20% em Feira Indígena

Ricardo Campos Jr. | 05/05/2015 10:02
Tenda onde estão sendo vendidos os produtos indígenas (Foto: Fernando Antunes)
Tenda onde estão sendo vendidos os produtos indígenas (Foto: Fernando Antunes)

Enquanto esperam ansiosos pela conclusão das obras de revitalização da Feira Indígena, terenas estão atendendo em tendas montadas na saída do estacionamento do Mercadão. Movimento de veículos e trabalhadores no local esconde os vendedores, fazendo o movimento e a renda caírem 20%.

A estimativa é da presidente da Associação da Feira Indígena, Vanda de Albuquerque. Para ela, os transtornos são extremamente necessários.

“Não vai mais ser aquela bagunça que era antes. Vai renovar tudo. Antes tinham muitos viciados aqui que roubavam nosso dinheiro e mercadorias. A maioria das pessoas que trabalha aqui vem das aldeias Cachoeirinha (Miranda), Bananal e Limão Verde (Aquidauana) e passam a semana dormindo aqui. As mulheres tinham medo que os usuários de drogas ateassem fogo nelas durante a noite. Agora vai cercar a praça e vai ter portão, que será fechado junto com o Mercadão”, conta.

O local está sendo pintado e limpo. Nesta segunda, funcionários da prefeitura estavam lavando as bancadas onde os produtos são expostos. Excepcionalmente, por conta da chuva, os terenas estavam atendendo embaixo dos quiosques, mas grande parte dos produtos estavam sob as barracas.

Vanda explica que indígenas estão atendendo (Foto: Fernando Antunes)
Vanda explica que indígenas estão atendendo (Foto: Fernando Antunes)

Não é a reforma dos sonhos, mas é vista com bons olhos pelos indígenas. O que eles querem mesmo é ver sair do papel projeto de reforma total do espaço, feito em 2009, que previa até a construção de alojamentos. Por hora, o que eles querem mesmo é avisar as pessoas que continuam ali.

“Quem é nosso freguês cativo, vai atrás. Durante o dia, a frente da praça é tampada pelo movimento dos carros. Nós ficamos escondidos”, conta a presidente da associação. Segundo ela, a quantidade de famílias trabalhando no local varia conforme o período de colheita dos produtos. Entre março e setembro, são cerca de 25 indígenas. De setembro a fevereiro, são 80.

Eles ganham em média R$ 100 por dia e usam o valor para comer e comprar as embalagens para armazenar o que comercializam. No último fim de semana, segundo Vanda, foi sentida queda mais crítica, com saída de R$ 80 em produtos.

A presidente da Associação diz que a praça deve ser entregue até a próxima semana e por enquanto não estão colocando pessoas nas imediações para avisar sobre o ponto de venda provisório. “Eu só tenho medo de parar a obra por causa da crise”, comenta.

Clientela – A aposentada Maria Lila, 85 anos, mora no Jardim Colúmbia e sempre aproveita quando está no Centro para comprar legumes e verduras frescos na Feira Indígena, sendo cliente fixa do local. “Eu venho sempre que posso. Acho ótimas as obras. Já corri perigo em vir aqui e atravessar a rua em frente ao mercadão. Com relação à pintura, achei muito bonito”, comenta.

A auxiliar de limpeza Izabel Soares, 60 anos, mora em Miranda e está em Campo Grande para tratamento médico e deu uma passada na feira indígena. Ela aprovou o atendimento e também as melhorias que estão sendo feitas. “Eu acho que vai ajudar a aumentar o movimento”, aponta.

Maria Lila aprovou a revitalização e diz ser cliente cativa do espaço (Foto: Fernando Antunes)
Maria Lila aprovou a revitalização e diz ser cliente cativa do espaço (Foto: Fernando Antunes)
Izabel veio do interior e aproveitou estadia na Capital para conhecer Feira Indígena (Foto: Fernando Antunes)
Izabel veio do interior e aproveitou estadia na Capital para conhecer Feira Indígena (Foto: Fernando Antunes)

Prazos – Revitalização da Feira Indígena faz parte da reforma de locais públicos, como o Horto Florestal, que tem sido desenvolvida pela prefeitura sob a coordenação de Valdir Gomes. Ele explica que a chuva atrapalhou o andamento dos trabalhos.

“Amanhã (terça-feira) nós vamos fazer a poda, terminar de colocar a grama e lavar as bancadas. Se não chover mais, até domingo eu entrego. Se chover, aí fica para a semana que vem”, afirma.

Segundo ele, além da grade, paisagismo, limpeza e pintura, também estão sendo reformados os banheiros do prédio que antes era usado pela PM (Polícia Militar) e colocada iluminação adequada no local.

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