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Capital

Restropectiva: Chuva devasta região nobre e obriga obras de 22,5 milhões

Carlos Martins | 30/12/2010 15:37

Em fevereiro, Campo Grande acordou com cenário de destruição

Via Parque ficou tomada de água, alguns carros ficaram encalhados na avenida. Foto: Adriano Hany
Via Parque ficou tomada de água, alguns carros ficaram encalhados na avenida. Foto: Adriano Hany

“Eu não sabia. Cheguei no dia seguinte e fiquei sabendo por volta das 10 horas. A hora que eu olhei eu disse: não estou em Campo Grande. Parece que estou no Iraque, com uma bomba que caiu ali", recorda o prefeito Nelson Trad Filho (PMDB) sobre o dia 27 de fevereiro deste ano, quando a chuva arrasou boa parte de região nobre de Campo Grande. Noite lembrada por ele como de reflexos de "verdadeiro furacão na cidade".

"A primeira coisa que perguntei foi se tinha morrido alguém. Não. Graças a Deus, não morreu ninguém. Então foi arregaçar as mangas, trabalhar", conta.

Três meses depois de o temporal ter destruído trecho da avenida Ceará, parte da Ricardo Brandão foi levada pela enxurrada. Na avenida, a equipe do Campo Grande News resumiu à redação com uma frase curta e em tom de perplexidade o cenário de destruição. "A Ricardo Brandão não existe mais, virou um buraco", relatou o repórter fotográfico Adriano Hany.

As imagens que aos poucos eram enviadas pelo fotógrafo e tantos outros moradores da região mostravam um rio de sujeira, móveis levados pela correnteza e até um freezer que, sabe-se lá de onde, surgiu na avenida Afonso Pena, em frente ao shopping Campo Grande, outra área alagada.

A água na cintura era narrativa constante de quem passava pela Via Parque, avenida também afetada, e foi surpreendido pelo alagamento.

Funcionário de construtora conseguiu "pescar" com as mãos, durante temporal. Foto: Adriano Hany
Funcionário de construtora conseguiu "pescar" com as mãos, durante temporal. Foto: Adriano Hany

Pescaria - As histórias que seguiram arrancaram até risadas, como do segurança da construtora Kablin Segal, na Via Parque, que no prédio tomado pela água conseguiu até pegar um peixe grande, com as mãos.

As regiões dos bairros Cachoeira e Jardim dos Estados parou. A chuva que, normalmente, levava transtornos à periferia, naquele dia inundou a parte privilegiada da cidade.

"Este episódio serviu para me dar mais experiência, mais tranquilidade, mais maturidade. Os desafios para administrar Campo Grande. E eu dou este recado pra quem quiser vir a ser o próximo prefeito. Ele testa sua coronária todos os dias. Você tem que ter saúde, disposição, tem que ter muita fé", recomenda Nelsinho.

Moradora há três anos do Condomínio Cachoeirinha, um dos mais afetados com as obras na Avenida Ceará e na Rua Ricardo Brandão, a acadêmica de Medicina Veterinária Juliana Rozin Barbosa, de 17 anos, acompanhou toda a “vida” do buraco.

“Estava em casa naquele dia quando choveu e destruiu tudo. Da janela do meu apartamento, eu vi a Ricardo Brandão virar um rio. Nem um minuto depois, a quadra do meu condomínio tinha caído”, relata Juliana

Condomínio Cachoeirinha, parcialmente destruído pelo temporal de fevereiro. Foto: Adriano Hany
Condomínio Cachoeirinha, parcialmente destruído pelo temporal de fevereiro. Foto: Adriano Hany

O condomínio Cachoeirinha, à beira da Ricardo Brandão, perdeu 700 metros quadrados da área de lazer e a tranquilidade durante semanas após o temporal. Seguranças foram contratados para evitar a entrada de estranhos no prédio, que teve o muro engolido. O bloco J, maior afetado, teve de ser desocupado por risco de desabamento que depois não se confirmou.

Perícia também foi determinado pela Justiça, para apontar quais os responsáveis pelos estragos, depois de primeiro levantamento feito pela Prefeitura.

Ambos apontaram praticamente a mesma coisa: uma série de deficiências provocou a destruição, principalmente a ocupação irregular do solo, a falta de obras de drenagem, permeabilização do solo de apenas 12,5% da cidade e falta de um plano diretor.

As falhas geraram cobrança do poder público que foi obrigado a investir pesado em ações na região afetada, apesar de no ano anterior rexursos altos serem gastos nos córregos, para conte]nção de enchentes.

Recuperação - Ao longo de 2011, Campo Grande virou canteiro de obras. Crateras também se abriram na avenida Mato Grosso, ainda como efeito das chuvas. O estacionamento do Shopping Campo Grande "hospeda" até hoje máquinas que implantam piscinões para contenção de cheias.

Na Ceará e Ricardo Brandão, liberadas só em dezembro para o tráfego, mais de 22 milhões de reais foram consumidor, mas a promessa é de fim definitivo para o problema, sem destruição em 2011.

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