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Capital

Rivalidade de gangues promove até "toque de recolher" em dois bairros

Helton Verão | 26/03/2013 08:37
Rua Evelina Selingardi marca a divisa do Dom Antônio e Parque do Sol (Foto: João Garrigó)
Rua Evelina Selingardi marca a divisa do Dom Antônio e Parque do Sol (Foto: João Garrigó)

A rivalidade entre gangues dos bairros Dom Antônio Barbosa e Parque do Sol preocupa moradores e comerciantes da região sul de Campo Grande. A ousadia dos criminosos é tanta, que até toque de recolher já impuseram no local, obrigando lojas a fechar mais cedo para evitar ataque dos bandidos.

Segundo os moradores, o problema com assaltos é raro na região. O maior risco é bala perdida em decorrência das disputas por espaço e dos confrontos entre gangues. O grande temor na região é a morte de inocentes, jovens, homens ou mulheres que não fazem parte das gangues.

“Não temos problemas com assaltos e roubos, o problema são eles resolvendo as brigas deles. Outro dia (na semana passada) ligaram em todos estabelecimentos da rua pedindo para fechar as portas mais cedo, um toque de recolher mesmo”, conta um comerciante que com estabelecimento na rua Evelina Selingardi, nas divisas do Dom Antônio e Parque do Sol.

Segundo o empresário, a Polícia foi comunicada do “toque de recolher”. Os policiais recomendaram que o comércio não aceitasse a ordem dos marginais, porque a segurança seria intensificada. Apesar das garantias da Polícia, todos os estabelecimentos "acataram" a ordem e fecharam as portas às 18 horas. “Eles até ligam para preservar as pessoas inocentes”.

Outra atendente de uma loja confirma a versão que assaltos e furtos são pouco frequentes. "O problema aqui é tiro mesmo. Em nosso estabelecimento nunca tivemos problema com assalto. A madrugada é bem movimentada na região, principalmente quando a Polícia faz ronda em outros locais”, conta a jovem.

A noite cai e a senhora retorna a sua residência para se proteger dos marginais (Foto: João Garrigó)
A noite cai e a senhora retorna a sua residência para se proteger dos marginais (Foto: João Garrigó)

Moradora da região há mais de dez anos, uma dona de casa de 61 anos conta que a rua Evelina Selingardi, "divisória" entre os bairros, se transforma em palco dos confrontos. “Essa rua marca a divisa dos dois bairros, por isso acontecem os encontros aqui. A partir das 20 horas, eu já não coloco mais o pé na rua. Sigo essa rotina há anos”, revela.

Ela se diz refém dos confrontos das gangues. A quarta-feira é o dia mais perigoso. “É o dia da feirinha, nela, na maioria das vezes, acontecem os encontros e não é só dos dois bairros não, ainda tem os integrantes do Lageado”, relata.

A movimentação das gangues acontece geralmente por volta da 1h da manhã. No entanto, os grupos só agem se não tiver nenhuma viatura da PM realizando rondas na região. “Meu sonho é me mudar desse bairro. Sonho com a tranquilidade”, almeja a senhora.

A Escola Municipal Pe. Tomaz Ghirardelli tem roteiro garantido pelos marginais, por misturar os dois bairros entre alunos matriculados e também ser próxima da famosa “feirinha”. Funcionários pregam por silêncio e “não sei de nada”, por medo. Mas os entrevistados confirmam as rixas no local

Nenhum dos entrevistados quis se identificar na matéria para evitar qualquer retaliação.

A PM não quis informar o efetivo na região por "motivos de segurança" e estratégia de poder público.

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