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Capital

Roubo de cargas incluía pagamento de propina de até R$ 13 mil a policiais

Luana Rodrigues | 01/09/2016 11:49

Emprego de fachada, conto do “boa noite, Cinderela” e propina para policiais. A investigação que apura um esquema de desvio em cargas em Mato Grosso Sul e no Paraná mais parece história de filme. Mas é real,  e possibilitou o roubo de, pelo menos, 20 carregamentos, a maioria de soja. De acordo com o MPE (Ministério Publico Estadual), empresários, motoristas e até policiais lucravam com a fraude. No caso dos agentes públicos, a propina para não denunciar o esquema chegava a R$ 13 mil.

Segundo o MPE, a investigação aponta desvios de cargas desde 2014. Denúncias anônimas levaram a polícia a investigar uma escrivã da Polícia Civil do Paraná, que estaria recebendo dinheiro para "forjar" boletins de ocorrências referentes ao roubo de cargas.

A policial teria entregue o funcionamento do esquema, que envolvia pessoas de Campo Grande, Dourados, Brasilândia, Três Lagoas, Cassilândia e Corumbá e cidades do Paraná.

Em Mato Grosso do Sul, os desvios eram principalmente de cargas de soja. Em uma das ocasiões foram desviadas 37 toneladas do grão, uma carga avaliada em aproximadamente R$ 43 mil. No entanto, a investigação também aponta o roubo de caminhões com produtos de limpeza, alimentos, entre outros.

Emprego de fachada – Conforme o MPE, os chefes da quadrilha, que seriam empresários em Dourados, entravam em contato com motoristas profissionais, para que eles procurassem emprego junto a transportadoras e empresas de frete, e assim o esquema pudesse ser executado.

O emprego era só "fachada", já que a ideia do grupo era usar os motoristas simplesmente para facilitarem os desvios das cargas. Pela investigação, os motoristas recebiam entre R$ 4 mil e R$ 8 mil, por cada carga desviada.

Conforme a investigação, para cada tipo de mercadoria que era desviada havia um receptador específico.

“Boa noite, Cinderela” – Para que não fossem responsabilizados pelo roubo das cargas, na hora de registrar a denúncia do crime, os motoristas diziam que haviam sido assaltados e no momento do crime teriam sido obrigados a ingerir algo semelhante a um “boa noite, Cinderela”, um líquido que os fazia dormir por horas.

Por algum tempo, a história funcionou, mas a polícia passou a investigar os casos, e policiais paranaenses perceberam que se tratava de uma organização criminosa.

No entanto, ao invés de barrar o crime, um policial militar, cinco policiais civis e um delegado, passaram a fazer parte do esquema. Eles teriam recebido até R$ 13 mil no negócio.

Conforme o MPE, 43 pessoas estão entre as investigadas. Sendo 25 motoristas, seis policiais, sete empresários, um advogado e três funcionários.

A operação batizada como "Água Benta" cumpre sete mandados de prisão preventiva, quatro mandados de condução coercitiva e nove mandados de busca e apreensão em Mato Grosso do Sul.

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