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Cidades

Saúde e religião travam embate em debate sobre camisinha

Redação | 01/12/2010 12:08
João Garrigó
João Garrigó

Sem atrair grande público, a audiência que discutiu a distribuição de preservativos em escolas, realizada hoje na Câmara Municipal, foi um embate entre Saúde e religião. A favor da instalação de máquinas distribuidoras de camisinhas no ambiente escolar, com acesso restrito a alunos com mais de 15 anos, representantes da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) levaram números.

Segundo a gerente do programa DST/Aids, Gisele Brandão de Freitas, no ano passado 170 meninas entre 10 e 14 anos ficaram grávidas em Campo Grande. No período, houve 79 notificações de casos e Aids na faixa etária de 13 a 19 anos.

Segundo Gisele, pesquisa realizada em uma escola da Capital mostrou que 30% dos alunos iniciam a vida sexual entre 14 e 15 anos. Ela defende que o programa "Saúde e Prevenção nas Escolas" realiza oficinas e repassa a pais, educadores e adolescentes informações sobre DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e gravidez.

Contra a distribuição dos preservativos, o padre Paulo Roberto salientou que a Igreja Católica tem a cura para a Aids. "A abstinência sexual antes do matrimônio". Ele também defendeu a fidelidade após o casamento. Segundo o padre, a "receita" foi adotada na Uganda (África), com redução de infectados pelo HIV.

Enquanto muitos vereadores se preocuparam em afirmar que não defendem a proibição às máquinas por conta de religião, Thais Helena (PT) lamentou que o Brasil seja laico (sem religião oficial). "O Estado é laico, infelizmente. Por isso Aids, drogas, o grande grau de violência".

Para a vereadora, o fato de a camisinha ser destinada a alunos do Ensino Médio não vai impedir que crianças tenham acesso ao preservativo, estimulando o início precoce da vida sexual. "E se um menino de 14 anos for mostrar para uma menina de 10 anos como [preservativo] ficou nele?".

Já a limitação de faixa etária faz com que o vereador Airton Saraiva (DEM) apoiasse a iniciativa do Ministério da Saúde, indo contra o projeto de lei que quer vetar as máquinas. "No ensino médio, são pessoas acima de 15 anos".

O vereador Alcides Bernal (PP) disse que a religião não deve se envolver na discussão e afirmou ser contra as máquinas porque as escolas não têm condições de arcar com mais uma responsabilidade. Para ele,a distribuição de preservativo deve ser somente em postos de saúde.

Herculanos Borges (PSC), que já foi professor e diretor de escola, também afirmou que os colégios estão sobrecarregados. Mais enfático, ele citou que não pode haver "fast food da promiscuidade no ambiente escola". O projeto foi proposto na Câmara pelos vereadores Paulo Siufi (PMDB), Herculano Borges e João Rocha (PSDB).

Para Siufi, as máquinas no ambiente escolar vão estimular a precocidade sexual. A votação do projeto foi adiada para a realização da audiência pública, mas vai voltar a tramitar na Câmara.

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