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Capital

Saúde investiga mistério que deixou homem de cama após ir ao posto

Ricardo Campos Jr. | 14/01/2015 16:45
Jamal durante visita a Juninho nesta quarta-feira (Foto: Marcos Ermínio)
Jamal durante visita a Juninho nesta quarta-feira (Foto: Marcos Ermínio)

Comissão de Ética da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) investiga se houve falhas no atendimento ao vendedor autônomo Sílvio José Ramos Júnior, 33 anos, que segundo a família dele entrou andando no posto do Bairro Tiradentes reclamando de ânsia de vômito e saiu de lá convulsionando rumo à UTI (Unidade de Tratamento Intensivo). A informação foi passada pelo secretário municipal de Saúde, Jamal Salém, que visitou o paciente na tarde desta quarta-feira (14).

“Estamos levantando as informações para ver o que aconteceu. Isso será investigado”, afirmou. Ele conversou com Juninho, como é conhecida a vítima, e com parentes dele, prometendo providenciar dieta, fraldas, médico e atendimento domiciliar de uma fisioterapeuta e uma fonoaudióloga, que já fizeram uma avaliação do paciente para determinar o número ideal de sessões por semana.

O secretário também garantiu que irá fornecer o prontuário do vendedor autônomo aos parentes dele, o que até então estava sendo dificultado pela unidade.

A família do paciente deixou a casa própria que tinha na região do Tiradentes para viver de aluguel perto do Hospital Regional para desfrutar de um serviço de “home care” fornecido de graça pela unidade, mas que só vale nas imediações.

O valor mensal pago pelo imóvel é de R$ 1 mil, segundo Renato Gama, 34 anos, irmão de Juninho. Ele afirma que, no entanto, a equipe do Regional estuda dar alta ao paciente, suspendendo o fornecimento da cama hospitalar e do respirador. Jamal disse que conversaria com a direção do HR para que a estrutura fosse mantida.

Segundo ele, caso a família queira voltar para casa, a prefeitura também dispõe de equipes para atendimento domiciliar sem limites de abrangência. No entanto, segundo Renato, o dilema é que a residência deles precisaria de reformas, como alargamento de portas, banheiro adaptado e outros itens para melhorar a qualidade de vida de Juninho. Isso geraria mais custos. “Vou conversar com o prefeito a respeito”, disse o secretário.

Jamal prometeu dietas, fraldas e equipe para atender o paciente (Foto: Marcos Ermínio)
Jamal prometeu dietas, fraldas e equipe para atender o paciente (Foto: Marcos Ermínio)

Angústia – Renato ainda tem esperanças de que o irmão volte a falar e a andar. “Cada recuperação dele é uma alegria”, diz. O homem também trabalha como vendedor, inclusive contava com a ajuda de Juninho, mas diante da situação, largou tudo para dedicar-se exclusivamente aos cuidados.

Fraldas e a alimentação têm sido doadas e, segundo ele, vai ser de grande alívio para a família se realmente vier a ajuda da Sesau.

A família afirma e tenta provar que houve erro médico, ou no mínimo negligência, no atendimento de Juninho. Ele chegou andando no posto. Ele ligou para a minha mãe dizendo que faria uma consulta, procurava o posto por qualquer coisa que sentia. Fizeram um exame físico e o levaram para o repouso. Meu irmão tomou a medicação, continuava falando. De repente, eu entrei no quarto e ele estava se torcendo, rasgou a roupa do corpo. “Permaneceu naquele estado por cinco horas, não tinha ambulância para mandá-lo para o hospital”, relatou.

O problema, de acordo com Renato, é que o único local com disponibilidade para receber Juninho foi uma unidade particular. Juninho então começou a passar por diversos exames para que se chegasse a uma explicação para o problema que teve.

“A cada resultado alegavam uma coisa diferente, mas nunca tinham uma concretização. Chegou a fazer um exame que acusou sinusite grave aguda” relata. Foram 21 dias de internação na UTI do local. Durante esse tempo, Renato não se lembra exatamente qual dia, uma funcionária da unidade anunciou que a partir daquele momento, o tratamento seria por conta da família.

“Eles começaram a cobrar. Só em exames foram quase R$ 3 mil”, conta o irmão do paciente. Parentes procuraram a Defensoria Pública para ajuizar uma ação pedindo que os custos já pagos fossem ressarcidos e os que ainda estavam por vir fossem bancados pelo poder público. Foi então que conseguiram uma vaga para ele no Hospital Regional, onde ficou mais 17 dias no tratamento intensivo e teve alta para o quarto.

Ainda não se sabe qual substância provocou a reação em Juninho. Valdemar Morais de Souza, presidente da Associação de Erros Médicos de Mato Grosso do Sul, afirma que o prontuário dele do posto de saúde ainda não foi fornecido. Um boletim de ocorrência foi registrado ontem na tentativa de que se apure se houve negligência por parte de algum dos profissionais que atenderam a vítima.

“Dependendo do resultado do inquérito, vamos processar o médico e o município”. Por enquanto, segundo ele, enquanto os procedimentos na esfera criminal seguem, outro processo deve ser protocolado pedindo tratamento adequado para o paciente, que agora depende de uma dieta especial, fraldas, remédios, além de acompanhamento multiprofissional. Hoje ele tem o apoio da equipe do Regional, mas a família quer que tudo isso seja feito na casa da família, no Tiradentes.

Família tem dedicado tempo e dinheiro para cuidar de Juninho. (Foto: Marcos Ermínio)
Família tem dedicado tempo e dinheiro para cuidar de Juninho. (Foto: Marcos Ermínio)
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