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Capital

Sem deixar rastro, estelionatários compram R$ 7,6 mil em cartão de vítima

Marta Ferreira | 04/01/2012 18:46
Fatura com compras em operadoras diferentes de celular chamaram a atenção de operadora. (Foto: João Garrigó)
Fatura com compras em operadoras diferentes de celular chamaram a atenção de operadora. (Foto: João Garrigó)

A julgar pelas duas últimas fatura de seu cartão de crédito, a jornalista Liane Pereira, de 47 anos, viajou para dois continentes no fim do ano; há compras em Luxemburgo, na Europa, e nos Estados Unidos. O problema é que Liane não saiu do Brasil. Ela foi sim, vítima de estelionato.

O uso irregular de seu cartão gerou compras que ultrapassam R$ 7,5 mil. Houve compras também no Brasil.

Uma das compras, nos Estados Unidos, em valor superior a R$ 2 mil, foi feita no dia 23 de dezembro, às vésperas do Natal. Liane estava no Brasil. A última vez que viajou para fora do País, conta, foi em 2010, para o Chile.

Como a operadora do cartão de crédito estornou as compras, Liane não chegou a procurar a Polícia. O transtorno, porém, foi grande. “É um processo moroso, desgastante, tem que ficar ligando, fazendo carta de contestação. Você tem que inutilizar o cartão e mandar por Correios junto com a carta”.

Foi a operadora que contatou Liane desconfiando de compras que ainda seriam creditadas em sua fatura. As duas primeiras foram em operadoras de celular concorrentes, uma de R$ 2,6 mil e outra de R$ 5 apenas. “Eles desconfiaram porque não fazia sentido uma pessoa gastar um valor tão alto em uma operadora e depois um tão baixo em outra, para por crédito”.

Alerta-Ao fazer o contato com a jornalista, a operadora atribuiu o problema à clonagem de cartão. Dois delegados de Polícia Civil ouvidos pela reportagem, acostumados a lidar com casos assim, informaram que esse termo tem sido usado para designar estelionatos por meio do cartão de crédito em geral.

A clonagem, originalmente, explica o titular do 1º Distrito Policial, Wellington de Oliveira, significa “criar” um novo cartão, usando os dados originais do titular. “Pode ser até um nome diferente, mas os dados numéricos são o da pessoa que é vítima”.

Essa modalidade, explica, é mais complicada porque exige “equipamentos”. O mais comum, completa o delegado Fernando Villa de Paula, da Dedfaz (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações) é o chamado chupa-cabra. Instalado em caixas eletrônicos, ele rouba os dados dos cartões inseridos. A partir deles, são “confeccionados” novos cartões.

Isso normalmente é feito com cartões de débito. O da jornalista é apenas de crédito. “Com o cartão de crédito o que costuma acontecer é o uso dos dados, principalmente na internet”, afirma Wellington.

O titular corre esse risco principalmente quando faz compras em sites inseguros na internet. Os dados são copiados e usados pelos bandidos virtuais. “Nesse caso, é possível fazer compras em qualquer lugar do mundo, se o cartão for internacional”, afirma o delegado Fernando.

Liane confirma que fez compras na internet, mas seguindo as dicas de segurança, como por exemplo comprar em lojas virtuais conhecidas e observando a presença dos sinais que é um site seguro.

O delegado da Dedfaz faz um outro alerta. Ele afirma que, justamente para não despertar desconfiança, os estelionatários especializados em cartão de crédito costumam fazer várias compras, algumas de valores baixos. “Se a pessoa não acompanha bem a conta, essas compras passam despercebidas”.

Não há uma estatística específica desse tipo de caso, incluídos entre os mais de 300 registros mensais de estelionato que são registrados pela Polícia Civil em Mato Grosso do Sul.

Se você for vítima de um deles, a orientação é procurar a delegacia de seu bairro, se o valor envolvido for abaixo de cem salários mínimos, atualmente R$ 62,5 mil. Nos casos de montantes acima disso, o registro deve ser feito na Dedfaz.

O titular da Delegacia informa que, dada a prática comum dos fraudadores de fazer compras em valores menores, hoje não há inquéritos do tipo na unidade.

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