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Capital

Sem investimento, aeroporto mantém características de 60 anos atrás

Adriano Fernandes e Anny Malagolini | 29/10/2016 09:35
Este ano o aeroporto completa 63 anos de criação, mas a primeira pista do terminal foi construída em 1930. (Foto: Fernando Antunes)
Este ano o aeroporto completa 63 anos de criação, mas a primeira pista do terminal foi construída em 1930. (Foto: Fernando Antunes)

Em quatro anos, o Aeroporto de Campo Grande recebeu R$ 16 milhões de investimentos, mas apesar disto, itens básicos continuam ignorados, como a acessibilidade. Embora localizado em uma Capital e seu fluxo de passageiros tenha alcançado 1 milhão por ano, o cenário ainda é de interior.

Para se ter ideia, há 63 anos – desde que foi criado – a forma de embarque é a mesma. O passageiro precisa se descolar pela pista até a aeronave. Problema maior é para os deficientes físicos, ou quem tenha sua mobilidade física reduzida.

As cadeiras de rodas, por exemplo, são oferecidas pelas companhias aéreas, que se encarregam de fazer o transporte do passageiro do terminal ao avião, e vice-versa. 

Além de gerar queixas entre os usuários, a situação deixa o aeroporto fora das principais pesquisas de satisfação de passageiros. A Infraero não tem sequer o conhecimento de nenhum tipo de ranking que liste o terminal de Campo Grande em termos de qualidade ou satisfação.

A equipe de reportagem do Campo Grande News conversou com passageiros que utilizam o aeroporto da Capital, que puderam opinar sobre cenário e apontar melhorias.

Entre os frequentadores, é quase unânime a opinião de que o aeroporto comporta a demanda, levando em consideração a baixa quantidade de atrasos ou de filas – que costuma ocorrer em regiões metropolitanas, como São Paulo.

As críticas atingem principalmente a falta de acessibilidade, como a ausência do ELO, sistema de conectores climatizados projetado para fazer a interligação ao nível do solo entre salas de embarque e desembarque e aeronaves, permitindo que os passageiros, inclusive os deficientes ou com mobilidade reduzida, transitem ao mesmo tempo, com conforto, segurança e acessibilidade, ao entrar ou sair dos aviões.

A Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) informou que chegou a estudar a implantação na Capital, mas o projeto foi abortado “por tempo indeterminado”. O acordo previa que, para sair do papel, seria necessário realizar adequações no sistema elétrico do terminal.

A empresa acrescentou que aguardava a repasses de recursos do Governo Federal para realização da melhoria, sem a verba, a instalação foi suspensa.

O último grande investimento que o terminal recebeu foi em 2014, de R$ 13 milhões, mas apenas para a reforma da pista das aeronaves. O projeto de ampliação do aerporto foi engavetado.

Durante a apresentação da reforma, o órgão condicionou o investimento de R$ 500 milhões no projeto para dobrar a capacidade.

São até raros os dias em que o aeroporto está lotado. Foto da última quarta-feira (26). (Adriano Fernandes)
São até raros os dias em que o aeroporto está lotado. Foto da última quarta-feira (26). (Adriano Fernandes)

Passageiros - A forma de embarque há alguns anos já foi motivo até de adiamento da viagem do pecuarista Luis Carlos de Oliveira, de 55 anos. “Deixei de viajar com minha mãe, na época com 75 anos, pelo receio de ter de levá-la a pé pela pista até o avião. Chega ser humilhante para um cadeirante, por exemplo, mas também compromete o fluxo de qualquer pessoa e crianças e idosos em dias de chuva, principalmente. Critico apenas essa falta de acessibilidade no aeroporto em plena Capital de um Estado”, pontua.

Para a bancária carioca Darlene Lara, de 35 anos, o tamanho do terminal sempre foi o que mais a impressionou se comparado aos outros aeroportos por quais já passou. “Por ser uma capital interiorana, entendo que pode até comportar a demanda, mas por exemplo, eu fui no único restaurante que tem aqui e não achei a bebida que eu gosto. Se você anda pela estrutura do terminal são poucas as opções de lojas de souvenires, de opções para entretenimento do turista. Então eu creio que talvez esse quesito pudesse ser melhorado”, comenta.

O terminal tem 22 lojas, incluindo restaurante, pizzaria, agências de viagens e locação de veículos, além de estandes, lojas de artesanato e de atendimento ao turista. “Fora o tamanho eu acho que ele é adaptável a estrutura da capital.

O estacionamento, por exemplo, eu acredito que já ficou pequeno”, conta o engenheiro ambiental Vilmar Maldonado, de 27 anos. Nascido na Capital, mas morando há 6 anos no Rio de Janeiro ele comenta que visitas a cidade natal são frequentes. Ele ainda acrescenta que desembarcar em um aeroporto menor que o de outras cidades, também tem suas vantagens. “Eu nunca tive problema de atrasos de voo ou extravio de bagagens, por exemplo. O que é recorrente em aeroportos maiores”, conclui.

O embarque nas aeronaves ainda é feito por solo. (Foto: Marcos Ermínio)
O embarque nas aeronaves ainda é feito por solo. (Foto: Marcos Ermínio)
Monumento em frente ao terminal está abandonado há cerca de 5 anos. (Foto: Anny Malagolini)
Monumento em frente ao terminal está abandonado há cerca de 5 anos. (Foto: Anny Malagolini)

Abandono - Há pelo menos cinco anos, as estruturas em forma de tuiuiús, que fazem o cartão postal em frente ao aeroporto de Campo Grande não são consertadas. Uma forte chuva em 2011 levou a obra ao chão, e enquanto Infraero e administração municipal não se acertam sobre quem deve fazer o reparo, a escultura continua quebrada.

Aos outros dois monumentos que completam o trio de tuiuiús, também estão deteriorados, com rachaduras e aparentemente sem manutenção. A Infraero informou que o monumento, embora localizado numa área em frente ao terminal de passageiros da cidade, não é de sua responsabilidade.

No início deste ano, a empresa avisou que a Prefeitura de Campo Grande foi avisada sobre a situação e aguardava retorno do município quanto à possibilidade daquele órgão realizar a revitalização das esculturas.

As esculturas conhecidas como Monumento Pantanal Sul foram construídas em 1999, pelo artista plástico Cleir Ávila Ferreira Júnior. A Infraero patrocinou a realização do projeto, cujo valor, àquela época, foi de R$ 110 mil.

Investimentos - Entre 2012 e 2016, foram investidos aproximadamente R$ 16 milhões no Aeroporto de Campo Grande. Parte dos recursos (R$ 13.192.394,41), foram gastos na contratação de serviços técnicos de engenharia para recuperação das taxiways “Charlie”, “Delta” e “Echo” e da pista de pousos e decolagens, com instalação de Grooving em toda sua extensão, além de reparos no pátio de aviação geral.

Com a reforma da sala de desembarque e sanitários do saguão no terminal de passageiros, foram investidos R$ 1.318.563,01. Entre as melhorias previstas para o próximos dois anos no Aeroporto Internacional de Campo Grande, estão a reforma do sistema de pátios, revitalização do sistema de climatização do terminal de passageiros e investimentos em acessibilidade, segundo a Infraero.

De janeiro a setembro de 2016, foram registrados 967,7 mil embarques e desembarques.

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