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Capital

Mãe de paciente reclama de inoperância de grupo na Santa Casa

Fabiano Arruda | 08/02/2011 17:12

Grupo faz atendimento à pacientes com doenças psiquiátricas

A dona de casa Josefa Silva Passos, de 50 anos, denuncia deficiências no tratamento psiquiátrico prestado por grupo que atende na Santa Casa de Campo Grande. A filha dela, de 24 anos, tem esquizofrenia e é paciente da Santa Casa desde 2001.

O grupo, formado por uma médica responsável, psicólogos, psiquiatras e terapeutas ocupacionais, não atende mais e agora o tratamento só é feito com medicação. O problema, segundo a direção, é que a necessidade é de 7 psicólogos e há apenas três, além de desafagem em metade no número de terapeutas ocupacionais.

“Hoje minha filha retorna de 60 a 90 dias somente para pegar a receita do medicamento e não recebe atenção desse grupo, que foi muito importante para ela. Ou seja: apenas olham para ela a cada dois ou três meses”, explica.

Para ela, apenas o medicamento não basta.

A filha da dona de casa frequentou este grupo por nove anos e há um ano não participa mais da atividade. Antes, conforme Josefa, as consultas eram feitas a cada 30 dias. Nesse retorno, o paciente participava de terapia das 10h às 12h.

“Sempre foi assim, desde 2001. Tem de voltar a ser a cada 30 dias. Falei para a médica que não iria trazer mais minha filha a cada dois meses para apenas pegar uma receita”, diz.

Josefa chama atenção para outra questão. Garante que presenciou um dos pacientes, que fazem parte do grupo, receber tratamento por eletroconvulsoterapia, conhecida como eletrochoques.

Alguns especialistas consideram o medicamento como último recurso. O fato chamou atenção da dona de casa.

“Não quero que minha filha passe por isso. E só com o tratamento por medicamentos, sem nenhum tipo de acompanhamento, ela corre o risco de regredir”, pontua, temendo o uso do eletrochoque em sua filha.

Hospital Dia - No Hospital Dia da Santa Casa, o setor de terapia ocupacional atende pacientes internados depois de avaliação médica se o paciente tem a necessidade do acompanhamento diário.

Os internados ficam em período integral no hospital, onde desenvolvem diversas atividades, como pintura e artesanato.

A filha de Josefa teve esta rotina por um ano e quatro meses, mas depois recebeu alta do grupo. A dona de casa lamenta a interrupção porque diz que sua filha avançou durante a internação no hospital.

Entretanto, ela defende com prioridade a volta do grupo e que só o atendimento de duas horas, a cada 30 dias, já faz diferença. “Eu não quero que minha filha participe da terapia ocupacional. Quero que o grupo seja reativado e que o atendimento de duas horas a cada 30 dias volte a ocorrer”.

O chefe do setor no Hospital O Dia, Adão Santos Moreira, explica que existem apenas dois terapeutas ocupacionais na ala psiquiátrica da Santa Casa e que a função principal deles é atender os pacientes do Hospital Dia. “Não podemos deixar de atendê-los para ir até o ambulatório”, pontua.

O terapeuta ainda vai mais longe. Afirma que, para algumas famílias, a internação é cômoda. “Se o paciente recebe alta vamos mantê-los internado por quê? É o médico que tem de definir”, questiona.

Falta de pessoal - O coordenador da psiquiatria da Santa Casa, Luiz Salvador de Miranda Sá Júnior, admite que Josefa tem razão em reclamar por um serviço que existiu e atualmente não funciona como antes. Mas revela que o principal problema é a falta de recurso humano.

“Precisamos de sete psicólogos e temos três. Precisamos de quatro terapeutas ocupacionais e temos dois. Isso apenas para manter o funcionamento do grupo, sem fazer um trabalho espetacular”, atesta.

Segundo Salvador, o grupo a que Josefa se refere é formado por médicos residentes, que mudam anualmente. “Com os recursos que temos, tenho a impressão que fazemos milagres”, diz o coordenador.

Choques - Sobre o emprego da eletroconvulsoterapia, a médica residente Maria Fernanda Carvalho, uma das responsáveis pelo funcionamento do grupo e que receita os medicamentos da filha de Josefa, explica que o método foi utilizado, no paciente a que dona de casa se refere, porque outros procedimentos não tiveram efeito.

“Não foi por punição, negligência ou falta de atendimento”, defende-se.

Para a médica, não são todos os pacientes com doenças psiquiátricas que precisam de acompanhamento. “Isso depende de caso para caso”, acredita a médica.

“Se eu não lutar para reativar esse grupo, que eu sei que faz bem à minha filha, quem vai lutar? Vou esperar ela piorar sem acompanhamento?”, finalizou Josefa.

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