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Capital

Sem-terra ocupam Incra e cobram assentamento de 3,5 mil famílias

Aline dos Santos e Zana Zaidan | 05/05/2014 09:46
Sem-terra ocupam a sede do Incra desde às 7h de hoje. (Foto: Cleber Gellio)
Sem-terra ocupam a sede do Incra desde às 7h de hoje. (Foto: Cleber Gellio)

Com colchões, violão, tereré e a cobrança de que 3,5 mil famílias sejam assentadas em Mato Grosso do Sul por ano, sem-terra ocupam a sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em Campo Grande, desde às 7h desta segunda-feira. Cerca de 600 pessoas estão no órgão federal, que funciona em quatro pavimentos do Shopping Marrakech, na rua 25 de Dezembro.

As ações, que fazem parte da jornada nacional de luta "Grito da Terra Brasil", também incluem bloqueio na BR-267, em Nova Andradina, e na BR-163, em Itaquiraí. De acordo com o coordenador estadual do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-terra), Jonas Carlos da Conceição, nove mil acampados estão inscritos no Incra à espera de lote.

“Queremos sair daqui com prazos, metas. Vamos passar a noite, se necessário. Há quatro anos ninguém do MST é assentado”, afirma o coordenador. Ele relata que já foram seis reuniões com o Incra, incluindo com o superintendente Celso Cestari. “Mas nada de efetivo acontece”, diz.

O MST quer que 1.500 famílias sejam assentadas neste ano no Estado. Já a Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura) tem meta de assentar duas mil famílias por ano.

“O Incra passou a informação de que existem 60 mil hectares indicados para a desapropriação. São 112 áreas, indicadas desde 2000. Mas nenhuma foi desapropriada. Está estagnado”, afirma o secretário de Reforma Agrária da Fetagri, Ramiro Moisés Neto.

Para ele, entre 10% e 15% dos 60 mil hectares devem ser, de fato, utilizados. “É muito pouco. Só a Fetagri precisa de 30 mil hectares”, afirma. Os movimentos também pedem conclusão de estradas para acesso aos acampamentos, obras de infraestrutura e liberação de crédito agrícola.

Acompanhada pela filha e dois netos, Cláudia Rosa de Arruda, 43 anos, veio de Terenos para pedir um lote. No entanto, afirma desconhecer se já tem cadastro. “Não conheço direito como funciona. O pessoal do MST pegou os dados. Mas não sei já tenho cadastro ou não”, diz. Ela trouxe os netos de 4 anos e 1 ano para a mobilização.

O superintendente do Incra vai se reunir com o grupo hoje. O acampamento não afetou o funcionamento do órgão e nem do shopping. O condomínio comercial tem escritórios, cursinho pré-vestibular, lojas e lanchonete.

Desde 2009, quando a PF (Polícia Federal) realizou a operação Tellus, o Incra não desapropriava ou comprava terras para criação de novos assentamentos. No final de 2012, depois de trabalhar levantando a situação de lotes ocupados irregularmente, conforme ordem da Justiça, o Incra recuperou a função de criar assentamentos.

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