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Capital

Sem vistoria obrigatória, cliente some e vistoriadoras têm futuro incerto

Alberto Dias | 21/07/2016 13:51
Na Alfa Vistoria apenas quatro clientes foram atendidos pela manhã. (Foto: Alberto Dias)
Na Alfa Vistoria apenas quatro clientes foram atendidos pela manhã. (Foto: Alberto Dias)

Pátios vazios e funcionários de braços cruzados. Este é o cenário nos estabelecimentos conveniados ao Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito) para realizar vistorias em veículos para fins de licenciamento.

Na Avenida Bandeirantes, tradicional pelo comércio de carros em Campo Grande, na manhã desta quinta-feira (21) ninguém buscava pelo serviço. De um lado da rua, a Alfa Vistoria estava vazia. Do outro lado, na Contato Vistoria, funcionários aguardavam os clientes, que não apareceram.

Surpresos com a queda abrupta no movimento, eles preferiram não se identificar, mas não esconderam o temor com a revogação da portaria do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) que determinava a obrigatoriedade da inspeção veicular. A suspensão desse dever para os motoristas destitui a principal função desses locais, onde a maioria dos clientes busca justamente a vistoria exigida, até então, para o licenciamento anual.

"Fazíamos a média de 30 vistorias por dia e mais da metade era para licenciamento", conta um dos quatro funcionários da Alfa, ressaltando que o número de inspeções para transferência de titularidade é bem menor e que isso preocupa. No concorrente da frente são cinco vistoriadores e três auxiliares para dar conta de uma demanda que de repente acabou.

Dali, a reportagem partiu para conferir o movimento dentro do próprio Detran, e no caminho parou em mais uma vistoriadora. Aberta há poucos meses na Avenida Euler de Azevedo, a Capital Vistorias recebia, no fim da manhã, o primeiro cliente. A exemplo das demais, funcionários se intimidaram com entrevistas, mas confirmaram a queda na procura. "Fazer vistorias apenas para transferência é muito pouco e não chega a 30% do movimento", disse um colaborador, admitido há poucas semanas.

Em nenhum dos locais havia gerentes ou proprietários para falar sobre o futuro dos serviços e possíveis demissões. Mas, diante da novidade, vistoriadores temem perder o emprego.

Na Contato Vistoria preferem não falar em queda de movimento, apesar do pátio vazio. (Foto: Alberto Dias)
Na Contato Vistoria preferem não falar em queda de movimento, apesar do pátio vazio. (Foto: Alberto Dias)

Vale lembrar que tais estabelecimentos surgiram para desafogar as unidades do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) frente à grande demanda por este tipo de serviço. Apesar de cobrar um pouco a mais, as casas de vistoria se mostraram lucrativas por oferecer rapidez e agilidade, atraindo motoristas que preferem não enfrentar filas. Com isso já somam cerca de 10 estabelecimentos na cidade num ramo que, de tão bom, virou até franchising. A Alfa, por exemplo, é franquia de uma rede sediada em Rondônia.

O outro lado - No Detran-MS, o procurador geral da instituição, Alan Cabral da Rocha, teme pela segurança no trânsito, já que a vistoria funcionava como uma espécie de revisão, em que vários itens de segurança eram checados, como faróis e setas; buzina; extintor; estepe e chave de roda; além da conferência do chassi dos motores para evitar adulterações provenientes de roubos.

"A vistoria era obrigatória para o licenciamento anual, ou seja, para que os veículos rodassem em dia e com autorização para trafegar", explicou Rocha. Porém, ele ressalta que os motoristas continuam obrigados a manterem tais equipamentos em perfeita ordem, de modo a evitar multas e apreensão em abordagens policiais ou blitze".

Motoristas - A decisão ainda causa divergências entre condutores. No pátio do Detran, o pecuarista Anderson Sousa Rocha, de 43 anos, gostou da novidade. "Favorece quem tem carro mais antigo e ultimamente todo mundo anda com o bolso meio apertado. É uma taxa a menos", disse. A metros de distância, o gerente rural Laudemiro da Silva Pereira, de 45 anos, discordava. "Tem que ter vistoria, pois tem carro na rua que não deveria estar rodando. Também precisava de mais fiscalização para um trânsito melhor", rebateu.

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