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Capital

Servidora cobrou R$ 150 mil para liberar R$ 2,6 milhões a hospital

Lidiane Kober e Zana Zaidan | 18/06/2014 16:43
Representantes da PF e do hospital detalharam a operação em entrevista coletiva (Foto: Cleber Gellio)
Representantes da PF e do hospital detalharam a operação em entrevista coletiva (Foto: Cleber Gellio)

Presa em flagrante por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Roberlaine Patrícia Alves, 28 anos, servidora do Ministério da Saúde, cobrou R$ 150 mil em troca da liberação de R$ 2,6 milhões em emendas parlamentares. Com o recurso, o Hospital do Câncer Alfredo Abraão iria comprar equipamentos de radioterapia.

A chantagem começou no dia 15 de maio, em encontro com o diretor-presidente do hospital, Carlos Coimbra, em Brasília. Primeiro, a servidora exigiu R$ 50 mil para agilizar a liberação de R$ 1 milhão para a compra de dois equipamentos. Depois, cobrou mais R$ 100 mil em troca de emenda de R$ 1,6 milhões para a instituição adquirir acelerador linear.

Ele afirmou já ter encontrado com a servidora "em uma ou duas ocasiões" anteriores, sempre à trabalho, mas a chantagem aconteceu na última reunião. Indignado com a cobrança de propina, assim que voltou a Campo Grande, Coimbra procurou a promotora de Justiça, Paula Volpe, para denunciar o caso. Ela o aconselhou a acionar a PF (Polícia Federal), que detonou a investigação.

Com a autorização do juiz federal Odilon de Oliveira, Coimbra depositou R$ 50 mil em uma conta bancária informada pela servidora. O procedimento permitiu a PF rastrear a conta, de titularidade do pai de ex-namorado da funcionária do Ministério.

Ainda sob orientação da polícia, o presidente do hospital marcou um reunião com a servidora em Campo Grande para lhe entregar o restante da propina. Em uma sala monitorada por agentes da PF, com câmaras e escutas, Coimbra entregou R$ 100 mil, em sete folhas de cheque, quatro de R$ 10 mil e três, de R$ 20 mil.

Diante do flagrante, agentes da PF a prenderam por corrupção e lavagem de dinheiro. A servidora atuava há três anos como consultora técnica do Ministério da Saúde. Ela não é concursada, só contratada.

À delegada da PF, Kelly Bernardo Trindade, a mulher informou agir sozinha. “As investigações vão continuar, vamos averiguar se há evolvimento de outros servidores, e se outros dirigentes de hospitais foram coagidos”, disse a policial. Segundo o superintendente da PF, Edgar Marcon, “o inquérito deve ser concluído em 15 dias e encaminhado ao MPF (Ministério Público Federal)”.

“O juiz pode arbitrar fiança”, comentou. A servidora segue presa na sede da Polícia Federal de Campo Grande e, por enquanto, não há previsão de transferência. 

Sobre os equipamentos, Coimbra assegurou que os recursos para aquisição foram incluídos no orçamento de 2013 e, por isso, devem ser entregues ao hospital ainda neste ano, assim como o acelerador linear, o sexto aparelho entre pelo Ministério da Saúde. "Mesmo porque o hospital cumpre todas as exigências técnicas", afirmou.

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