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Capital

Sesc para de cuidar do Horto e frequentares reclamam de abandono

Marta Ferreira | 03/11/2011 12:37

Parque urbano mais antigo da cidade tem mato alto e frutas espalhadas pelo chão, reclamam visitantes

Mato cresce no Horto Florestal, que não tem mais a manutenção do Sesc, feita durante vários anos. (Foto: Pedro Peralta)
Mato cresce no Horto Florestal, que não tem mais a manutenção do Sesc, feita durante vários anos. (Foto: Pedro Peralta)

“Tenho lembranças melhores daqui”. Com essa frase, Johny, de 23 anos, define o sentimento de muitos dos que visitam o Horto Florestal, o parque urbano mais antigo de Campo Grande. O espaço, que durante mais de 15 anos foi mantido pelo Sesc (Serviço Social do Comércio), agora tem aspecto de abandono, após a parceria com o Município terminar, há cerca de três meses.

Da rua, é possível perceber um dos motivos da reclamação de quem frequenta o parque: do lado de fora da grade se percebe o mato por cima da grama. Quando se entra no local, chama a atenção, também, a quantidade de folhas espalhadas pelo chão, a presença de galhos das árvores, de frutas, essencialmente mangas, que caíram do pé e não foram retiradas

“Para estar dessa altura o mato, tem que estar sem manutenção há um bom tempo”, calcula Reginaldo de Almeida, 48 anos, corumbaense que mora em Campo Grande há vários anos e, volta e meia, vai ao Horto Florestal para passear. Sentado perto do que já foi um orquidário no local, e hoje é apenas uma estrutura de madeira com telas pretas ao vento, ele acrescenta que a segurança no local preocupa.

“Quando começa a escurecer, fica perigoso e nem dá mais pra ficar aqui”. Ele lembra que pela manhã e no fim da tarde, as pessoas usam a pista do Horto para caminhada. “Com esse mato alto, é perigoso a presença de animais, como cobras”, diz.

Johny, que participa de um projeto cultural e está no local para gravar músicas ao violão, conta que ficou surpreso ao entrar no Horto, após anos. “Vinha muito aqui no tempo de escola, e me lembro de ser bem mais cuidado”.

“É um lugar muito agradável, mas está abandonado”, resume Toshio Sagava, de 45 anos. Ao lado dele, Tânia Omido, de 34 anos, que morou muito tempo no Japão, e voltou para Campo Grande faz dois anos, revela que a visita durante o feriado foi um reencontro com o Parque não muito positivo. “Tá faltando conservação. Era muito mais bem cuidado”.

No parquinho, a funcionária pública Iracema Rodrigues Costa dos Santos, de 48 anos, passeia com os dois filhos, e faz suas observações. “Sentei no banco ali perto do pé de manga e encheu de mosquito por causa das frutas caídas no chão”.

Uma observação comum entre os entrevistados foi de que, por ser um parque público, deveria dar o exemplo em relação à conservação. Nos últimos dias, após a morte de uma criança picada por escorpião, a orientação das autoridades tem sido para que a população evite a presença de mato no quintal e mantenha a grama baixa.

Em relação à presença de materiais orgânicos, como folhas e frutas, é recorrente o alerta para evitar isso, por causa do mosquito flebótomo, transmissor da leishmaniose.

Parte da história- O Parque Florestal Antônio de Albuquerque foi criado em 1923, no espaço que ocupou, no início do século passado, um frigorífico e curtume de couro.

Está localizado em uma área emblemática da cidade, a confluência entre os córregos Segredo e Prosa, que dá origem ao rio Anhanduí.

Recentemente, foi pivô de polêmica, após a prefeitura cogitar transferir para o local os trailers de lanche na Afonso Pena. A ideia foi abandonada, mas, enquanto ainda vigorou, a pista de bicicross existente no local foi destruída e agora o aspecto é de abandono.

É com esse aspecto mal cuidado que Horto Florestal entrou em processo de tombamento como patrimônio da cidade.

O presidente da Fundac (Fundação de Cultura), Roberto Figueiredo, atribuiu a situação no Horto ao fim da parceria com o Sesc. Segundo ele, hoje a manutenção é feita pelos funcionários do parque e da Secretaria de Obras.

O problema, segundo ele, é que são apenas 8 funcionários, para um espaço que, segundo Figueiredo, “é uma fazendinha”. São 4,5 hectares, que compreendem o arvoredo, a pista de caminhada, de bocha, de skate, o parquinho das crianças, uma academia ao ar livre e o orquidário abandonado.

Sobre o orquidário, o presidente da Fundac informou que ele mantido por um único criador, e agora o órgão busca novos interessados, como a associação que reúne os orquidófilos no Estado. De acordo com ele, também está sendo negociado um novo parceiro para a manutenção do Horto, como parte do programa de adoção de praças espaços públicos mantido pela Prefeitura.

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