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Capital

Símbolos do desperdício, obras monumentais consumiram milhões

Construções do Aquário do Pantanal, Casa do Homem Pantaneiro e Centro de Belas Artes seguem sem destino

Anahi Zurutuza e Yarima Mecchi | 22/04/2017 11:48
Casa do Homem Pantaneiro e o Aquário do Pantanal ao fundo (Foto: Alcides Neto)
Casa do Homem Pantaneiro e o Aquário do Pantanal ao fundo (Foto: Alcides Neto)

Gigantes e ainda sem utilidade. Em Campo Grande, o Aquário do Pantanal, a Casa do Homem Pantaneiro e a construção que abrigará o Centro de Belas Artes podem ser tratados como símbolos do desperdício de dinheiro público. As três obras já consumiram juntas R$ 240,6 milhões.

O prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, concorda e ressalta que para retomar projetos paralisados o gasto é maior que o calculado inicialmente. Ele afirma que gestores têm de combater essas situações. “Não tem obra mais cara que obra parada”.

Duas delas estão no Parque das Nações Indígenas, um dos mais bonitos e frequentados da cidade. Depredada, a Casa do Homem Pantaneiro contrasta com a vegetação e pista de caminhada, além de servir de esconderijo para usuários de drogas ou criminosos e abrigo para o mosquito Aedes aegypti, o transmissor da dengue, conforme já foi retratada diversas vezes pelo Campo Grande News.

Paredes pichadas da Casa do Homem Pantaneiro são evidências do abandono (Foto: Arquivo)
Paredes pichadas da Casa do Homem Pantaneiro são evidências do abandono (Foto: Arquivo)
No início do ano passado, larvas do mosquito da dengue foram encontradas no espelho d'água do espaço no Parque das Nações Indígenas (Foto: Arquivo)
No início do ano passado, larvas do mosquito da dengue foram encontradas no espelho d'água do espaço no Parque das Nações Indígenas (Foto: Arquivo)

Projetada em 2006 pelo governo de Zeca do PT, a obra foi iniciada em outubro de 2010 e custou R$ 684 mil financiados pelos governos do Estado e federal. O local se tornaria a sede da Fundação Manoel de Barros para se tornar a sede da entidade, que atualmente fica na Rua Ceará.

A obra foi concluída em meados de 2014 e a fundação informou à reportagem em abril de 2015 que aguardava parcerias com instituições públicas para liberação de verbas que permitiriam abrir o espaço. Mas, até agora nada.

A entidade garantiu, há dois anos, que envia um funcionário ao local frequentemente para manutenções e afirma que sempre tem pintado as paredes externas, mas pichadores voltam a atacar. Por enquanto, não há previsão para que o local seja aberto.

Aquário – Logo em frente, o Aquário do Pantanal já consumiu R$ 230 milhões, está quase pronto, mas o Governo do Estado ainda não encontrou solução para concluir a obra. A administração estadual estima que sejam necessários mais R$ 50 milhões para terminar o projeto e o governado Reinaldo Azambuja (PSDB) já deixou claro que “não vai tirar dinheiro de hospital para concluir o aquário”.

O governo busca uma fonte privada de financiamento e chegou a consultar o Grupo Cataratas, que administra diversos pontos turísticos famosos pelo Brasil e venceu a licitação para gerir o Aquário do Pantanal, teria interesse de investir o dinheiro para terminar a obra e de uma vez por todas, lucrar com a abertura do espaço.

O grupo empresarial confirmou que se comprometeu com o Estado a buscar alternativas para a conclusão da construção o mais rápido possível, mas descarta qualquer possibilidade de financiar o término do empreendimento.

Para o prefeito, terminar a obra teria de ser prioridade. “Eu fui contra esse projeto. Mas, já que está 90% pronto, eu terminaria logo”.

Centro de Belas Artes (Foto: André Bittar)
Centro de Belas Artes (Foto: André Bittar)
Paredes da construção no Cabreúva servem de tela para pichadores (Foto: Arquivo)
Paredes da construção no Cabreúva servem de tela para pichadores (Foto: Arquivo)

Belas Artes – Projetado para ser a rodoviária de Campo Grande há 24 anos, também pelo governo estadual, a construção no bairro Cabreúva está parada há ao menos cinco.

Em 2008, o prefeito Nelsinho Trad (PTB) assumiu a construção e conseguiu recursos do Ministério do Turismo para transformar o espaço em um Centro de Belas Artes. Mas, hoje, única obra de “arte” no local é a de pichadores.

Portas e janelas danificadas e salas que deveriam receber grandes espetáculos abrigam usuários de drogas, segundo vizinhos contaram ao Campo Grande News no ano passado.

Marquinhos Trad está em busca de uma parceria público-privada para retomar o projeto, orçado em R$ 35 milhões, mas que já consumiu ao menos R$ 10 milhões.

Bom exemplo – Inaugurado em 2011, o Shopping Norte-Sul Plaza mudou a cara da região onde antes havia um “elefante branco”. A construção inacabada do Mercado do Produtor foi vendida pelo governo do Estado em 2008 para o grupo que investiu R$ 120 milhões na construção do centro comercial.

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