Sozinho, homem tenta apagar chamas com o que restou da queimada, galhos secos
Com índices de chuva lá em baixo e queimadas em alta, se a população não colabora e não se une contra os incêndios em terrenos baldios, a fumaça e as chamas sobram para os vizinhos.
Poucos, raros, quase como a chuva, são iguais ao ‘seo’ Edson Souza, 52 anos, que desde o final da tarde, apaga os focos acesos no terreno em frente de casa, no bairro Portal Caiobá II, em Campo Grande.
De chinelos, bermuda e com restos de galhos nas mãos, ele abafava o fogo sozinho mesmo. Ele e a imensidão de cinco hectares, que com o anoitecer se tornam realmente grandes, em meio a altas chamas.
“Faz um mal danado pro povo, mas são eles que põem e se eu deixar, vai chegar na árvore ali, já já”, explicava. Ele disse que chamar os bombeiros não adianta. E resolveu ele mesmo resolver a situação.
“A gente morre sufocado, mas tem dia que é pneu, borracha, isopor, tudo pegando fogo”, completa.
O fogo começou de uma ponta e já atravessava o terreno todo. E o trabalho de ‘seo’ Edson ainda estava só na metade. O instrumento usado eram os próprios sobreviventes da queimada, partes de galhos secos.
“É o que está bom pra apagar, eu estou contra a fumaça, vou tentar apagar nem que eu tenhoque ficar aqui até meia-noite. Se não, vai amanhecer o dia queimando”, respondeu.
A época é a campeã em queimadas. Seja pela facilidade de as chamas se alastrarem com a umidade em baixa e a falta de chuva ou com a prática que custa muito à própria população, quando os vizinhos provocam o fogo.