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Capital

'Tapa um santo e descobre outro': buracos reabrem dias após remendos

Ricardo Campos Jr. | 25/02/2016 18:28
Prefeitura coloca bica corrida em buracos na Rua Oliva Enciso (Foto: Fernando Antunes)
Prefeitura coloca bica corrida em buracos na Rua Oliva Enciso (Foto: Fernando Antunes)
Bica corrida traz alívio, mas população cobra reparo definitivo (Foto: Fernando Antunes)
Bica corrida traz alívio, mas população cobra reparo definitivo (Foto: Fernando Antunes)

Algumas ruas de Campo Grande mal foram remendadas e já estão repletas de buracos, enquanto vias importantes deixadas para trás apresentam crateras que dão dor de cabeça aos os condutores. Entre as causas que a população atribui ao problema estão a falta de planejamento e poucas equipes executando o serviço, o que leva o poder público a “tapar um santo e descobrir outro”.

O dito popular foi empregado pelo publicitário Paulo de Tarso Calil, 55 anos, para descrever a situação na Rua Oliva Enciso, importante ligação entre a Avenida Hiroshima e o Parque do Sóter, por onde passam várias linhas de ônibus.

“Voltando da faculdade ontem fiquei impressionado, porque não tinha para onde ir e pensei em subir na calçada. O cemitério está nas ruas, pois não são mais buracos, são túmulos”, critica Calil.

Hoje equipes da prefeitura preencheram as fendas com bica corrida, uma mistura de brita com pó de pedra, mas ainda não selaram com a massa asfáltica. “Já não tinha mais rua, não tinha como passar com automóvel. Às vezes tinha que mudar de direção e entrar na contramão com carro vindo em sentido contrário”, afirma o publicitário.

O trabalhador autônomo Luiz Pedro da Silva, 53 anos, diz que a bica corrida já representa um alívio para os condutores da região, mas não resolve o problema. “É bom demais, estava precisando. Era uma buraqueira danada. Quebrava carro, estourava pneu, era uma bagunça, só que essa terrinha, a primeira chuva leva”.

Ele lembra que a própria Hiroshima já foi consertada, mas está com crateras em alguns pontos e questiona a prioridade da operação, já que a Oliva Enciso é bastante movimentada e deveria ter entrado no cronograma na mesma época.

“A prefeitura não está dando conta. Essa rua é a principal da Mata do Jacinto e não se consegue passar de 20 quilômetros por hora”, afirma o trabalhador.

Paulo compara crateras a túmulos e diz que os 'cemitérios foram para as ruas (Foto: Fernando Antunes)
Paulo compara crateras a túmulos e diz que os 'cemitérios foram para as ruas (Foto: Fernando Antunes)
Para o autônomo Luiz Pedro, prefeitura não está dando conta de tampar os buracos (Foto: Fernando Antunes)
Para o autônomo Luiz Pedro, prefeitura não está dando conta de tampar os buracos (Foto: Fernando Antunes)
Buraco na Ministro João Arinos abriu logo após remendo na avenida e tamanho torna o tráfego no local inseguro (Foto: Fernando Antunes)
Buraco na Ministro João Arinos abriu logo após remendo na avenida e tamanho torna o tráfego no local inseguro (Foto: Fernando Antunes)

Nem o borracheiro Cláudio Francisco Azevedo, que tem recebido muitos clientes que estragaram as rodas nas crateras, escapou. “Durante a chuva aconteceu de eu passar em um buraco, cortar o pneu e empenar a roda”.

Ele diz que o movimento aumentou em razão dos buracos na cidade, mas na maioria dos casos ele, que só trabalha com remendos e serviços simples, não consegue resolver. “Tem muita perda de pneu e roda empenada”.

Azevedo acredita que a prefeitura não tem feito um serviço bem feito. “Eu acredito que falta planejamento. Duras chuvas que der no bairro, voltam os buracos tudo de novo”.

No bairro Flamboyant a situação é parecida. Na Rua Diva Ferreira, que liga a Ministro João Arinos à Marques de Pombal, uma cratera profunda cheia de água em razão da chuva tem pegado muitos condutores de surpresa. “Faz um tempão que está assim. Carros caem direto”, diz o corretor Murilo Guazina, 22 anos.

“Essa rua tem mais movimento e também é linha de ônibus. A prefeitura tinha que dar uma prioridade”, afirma.

Para ele, o problema está na qualidade da operação. “O serviço é mal feito. EU acho que o produto que eles usam deve ser ruim, de péssima qualidade. Deve ser o mais barato e por isso os buracos voltam”.

Na Ministro João Arinos um buraco registrado pelo Campo Grande News ainda pequeno logo depois que a via foi remendada, hoje ameaça a segurança dos motoristas, já que o local mais adiante torna-se rodovia e os condutores trafegam em alta velocidade.

Buraco no bairro Flamboyant (Foto: Fernando Antunes)
Buraco no bairro Flamboyant (Foto: Fernando Antunes)
Motociclista passa entre dois buracos na Avenida Nove, no Nova Campo Grande (Foto: Fernando Antunes)
Motociclista passa entre dois buracos na Avenida Nove, no Nova Campo Grande (Foto: Fernando Antunes)

O arquiteto Manoel Carlos Carli, em contrapartida, defende o prefeito. “Acho que o Bernal está fazendo milagre. Do modo que ele pegou a prefeitura, com greve de professores e com o dinheiro que deixaram para ele em caixa dá para ver que está se esforçando, de acordo com os relatórios que ele apresenta. Não precisa gostar ou desgostar dele, apenas ser racional e atento às notícias e aos números”.

Do outro lado da cidade, na região do Nova Campo Grande, Serradinho e Carioca, os moradores o alívio dos moradores ao ver os caminhões tampando os buracos da Avenida Cinco deu lugar à antiga sensação de esquecimento.

Há alguns dias, um ônibus foi desviar de um trecho alagado na Avenida Nove e acabou atolando no cruzamento das ruas 65 e 68, que não tem asfalto e continua intransitável.

“A região é muito esquecida pela prefeitura. Não tem infraestrutura, esgoto e o asfalto é só promessa, nunca vem”, diz o bicicleteiro Josué Lopes, 44 anos. “Em época de chuva, é complicado. As ruas não são asfaltadas e não têm jeito. Já teve acidente. Eu não sei, eles tampam e abre de novo. O material deve ser muito fraco e eles só colocam uma camadinha fina [de massa asfáltica] para enganar a torcida”.

O vendedor Tomaz Ramão Franco, 66 anos, percorre o bairro com o carrinho de picolé acoplado à bicicleta e diz ter passado maus bocados por conta das fendas na rua. “Tem lugares que você tem que parar e em outros tem que passar pela calçada”, lembra.

“Eu acho que tinha que dar mais atenção. São vários bairros na região. O Serradinho também tem lugares que está bastante complicado”.

Para o trabalhador, falta prioridade por parte do poder público. “Tem muitos lugares que eles estão tampando buraco onde poderia esperar. Não é que o morador não mereça, porque paga imposto, mas em frente de escola e posto de saúde está ruim”.

O Campo Grande News entrou em contato com a prefeitura, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

Confira a galeria de imagens:

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