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Capital

Terminal vira feira que vende de tudo, de salgados a sebo de carneiro

Aliny Mary Dias | 29/07/2014 14:08
Tem de tudo nos terminais e usuários aprovam presença de vendedores (Foto: Marcelo Calazans)
Tem de tudo nos terminais e usuários aprovam presença de vendedores (Foto: Marcelo Calazans)

A presença de vendedores ambulantes nos terminais de ônibus de Campo Grande faz parte do cotidiano de quem usa o transporte coletivo. Depois da queda de braço entre os trabalhadores informais e a Prefeitura, a autorização para vender os produtos nos terminais saiu em março deste ano e agora o que se vê são feiras livres funcionando nos espaços. Entre os usuários, a maioria é a favor do comércio e a variedade de produtos chama a atenção de quem dedica alguns minutos para observar as “barracas”.

Os isopores com as plaquinhas 'Salgado a R$ 2' não são novidade, as chipas, salgados fritos, assados e os pães de queijo saem aos montes em todos os terminais, principalmente nos horários de pico. Mas o que surpreende mesmo são as bancas que vendem bijuterias, cosméticos e até cremes, como o famoso sebo de carneiro, considerado um hidratante natural.

Aos 74 anos, Silanir Teixeira, moradora do Bairro Nova Lima, enfrenta o aperto dos ônibus toda a manhã para vender os produtos no Terminal Guaicurus. No local, ela já é conhecida por ter uma banca com produtos de beleza, meias, toucas e até itens encontrados somente em catálogos femininos.

“Meu produto mais caro é o renew, que custa uns R$ 50, mas eu tenho três meias por R$ 5 e várias coisas que as pessoas gostam. Tem gente que vem de longe só para comprar o sebo de carneiro, um santo remédio para rachaduras”, diz.

Silanir vende produtos de beleza e item que é vendido para gente que vem de longe (Foto: Marcelo Calazans)
Silanir vende produtos de beleza e item que é vendido para gente que vem de longe (Foto: Marcelo Calazans)

Do mesmo terminal, Mario Braga, 34, retira o sustento para a mulher e os cinco filhos. Ele vende sapatilhas, tênis e outros sapatos e a todo momento um ou outro usuário para para conferir a mercadoria. “É muito bom eles estarem aqui porque estão trabalhando de forma digna e nós podemos comprar durante a ida ou volta pra casa”, diz a dona de casa Suzana Rocha, 32 anos.

O responsável pelos calçados conta que agora que a situação dos ambulantes está regularizada, tudo é mais fácil. “Antes a gente corria o risco de perder tudo, eu já perdi, mas agora está tudo certo e nós podemos manter nossa família com nosso trabalho”, explica Mario.

Outro terminal que também enfrenta a invasão de vendedores, todos cadastrados e com a identificação fornecida pela Associação dos Vendedores Ambulantes de Terminais de Transbordo, é o Morenão, localizado na Avenida Costa e Silva.

Assim como ocorre em outros pontos, ali o que se vê são meias, toucas, roupas de frio, bijuterias e opções para o lanche acompanhado com o cafezinho. Aos 80 anos, a aposentada Isaura Félix passa o dia todo com uma bandeja de doces que pesa mais de cinco quilos. Ela, que vende produtos de R$ 1 a R$ 2, tira dali o dinheiro para comprar o leite e pagar a conta de água no fim do mês.

“Nem sempre vende muito bem, mas é daqui que a gente consegue nosso sustento. Hoje mesmo eu cheguei sem nenhuma moeda no bolso e agora já tenho para o pão”, diz Isaura.

Aos 80 anos, dona Isaura vende doces todos os dias(Foto: Marcelo Calazans)
Aos 80 anos, dona Isaura vende doces todos os dias(Foto: Marcelo Calazans)
Meias e itens de frio são vendidas aos montes em dias frios(Foto: Marcelo Calazans)
Meias e itens de frio são vendidas aos montes em dias frios(Foto: Marcelo Calazans)

Há cinco anos, o Terminal Morenão é a loja a céu aberto do Edmilson Meia-meia, de 34 anos e que não diz o sobrenome nem sob pressão. Ele expõe seus itens como em uma vitrine e usa a estrutura de ferro do terminal para amarrar tudo. Os brincos, as meias e as roupas, diz ele, são a salvação de quem sai de casa apressado e esquece alguma coisa.

“Tem mulher que esquece de passar batom, esquece do brinco e até de passar perfume e corre aqui na minha loja. A gente é conhecido por isso e nossas mercadorias mudam conforme a estação do ano, aqui é como se fosse uma loja no centro”, completa.

De acordo com a Agetran (Agência Municipal de Trânsito), o vendedor ambulante que for encontrado sem licença ou ainda sem a renovação da mesma, está sujeito a multa e apreensão das mercadorias e dos equipamentos encontrados em seu poder, segundo a Lei Complementar Nº 225 DE 20/03/2014.

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