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Capital

Trabalhadores que superam próprios limites e aproveitam as possibilidades

Mariana Lopes | 03/12/2013 09:28
Áurea executa funções de escritório, tudo com um software adaptado para cegos (Foto: Cleber Gellio)
Áurea executa funções de escritório, tudo com um software adaptado para cegos (Foto: Cleber Gellio)
O caderno sempre fica ao lado de Áurea, para anotações. Tudo em braille. (Foto: Cleber Gellio)
O caderno sempre fica ao lado de Áurea, para anotações. Tudo em braille. (Foto: Cleber Gellio)

“Às vezes, com um ajuste, a tarefa se torna possível, posso fazer de outra forma, mas chego ao mesmo resultado. Sou realizada no meu trabalho”. Este é o depoimento de Áurea Sena, 48 anos. Ela é cega e desempenha as funções de escritório na empresa Tendência, em Campo Grande. No dia-a-dia, ela supera seus próprios limites e aprendeu, com o tempo, a valorizar as possibilidades.

Áurea faz parte da porcentagem do quadro de funcionários portadores de deficiência que a empresa tem. Rápida no gatilho e segura de si mesma, ela afirma que o primeiro combinado feito quando começou a trabalhar é de que ela só iria dizer que não consegue realizar uma tarefa depois que tentasse.

“Já aconteceu de eu achar que não dava conta de fazer, mas, depois de tentar, conseguia”, ressalta Áurea. Mas a lição ela aprendeu depois de muita discriminação em outros trabalhos. “Geralmente vem de pessoas com nível mais elevado, que acabam decidindo o que é bom pra mim dentro do conceito delas, daí, se não consigo fazer, acham que eu ou incapaz, não pensam que eu preciso de alguma ferramenta”, pontua Áurea.

De olho justamente nesta prerrogativa, a Tendência criou o Nath (Núcleo de Apoio Tendência Humana), para acompanhar o profissional e identificar em qual função ele se encaixa melhor, conforme explica a gerente de Recursos Humanos e psicóloga organizacional da empresa, Rose Martins.

Rose explica que é preciso aumentar o tempo de experiência dos trabalhadores com alguma deficiência (Foto: Cleber Gellio)
Rose explica que é preciso aumentar o tempo de experiência dos trabalhadores com alguma deficiência (Foto: Cleber Gellio)

“O mercado tem profissionais portadores de deficiência que são exímios, mas quando são direcionados para aquilo que conseguem realizar. O que falta em algumas empresas é a consciência organizacional para direcionar melhor o trabalhador”, critica Rose.

Com o projeto funcionado desde abril deste ano, a Tendência caminha para preencher os 5% do quadro de funcionários portadores de deficiência, mas, apesar de ter exemplos de sucesso na empresa, a falta de qualificação profissional básica ainda é um desafio a ser superado.

“Não queremos apenas cumprir legislação, a pessoa tem que somar com a empresa, nosso objetivo é fazê-la produtiva no exercício da função que ela executar”, pontua Rose.

Para isso, a gerente ainda faz o apelo para aumentar o tempo de experiência, que atualmente é de 90 dias. “Neste prazo não há como identificar o que o trabalhar com deficiência pode executar com melhor desempenho, o ideal seriam de cinco a seis meses, para não haver injustiça”, comenta a gerente de RH.

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