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Capital

Trabalho social marcou vida de Nilda, eterna primeira-dama da Capital

Aline dos Santos | 29/12/2011 14:57

Impossível não ser lembrada como a companheira de toda vida do ex-prefeito e ex-senador Lúdio, mas é a dedicação aos trabalhos sociais que permanece na memória dos amigos

Nilda se emocionou em homenagem a Lúdio, no último dia 17 de dezembro. (Foto: João Garrigó)
Nilda se emocionou em homenagem a Lúdio, no último dia 17 de dezembro. (Foto: João Garrigó)

Impossível não ser lembrada como a companheira de toda vida do ex-prefeito e ex-senador Lúdio, mas é a dedicação aos trabalhos sociais que permanece na memória dos amigos que foram se despedir de Nilda de Almeida Coelho, a eterna primeira-dama de Campo Grande. Ela morreu ontem aos 87 anos.

“Foi uma pessoa que se dedicou muito aos outros. Apesar de ela ser casada com o prefeito da cidade, com o senador, o fazendeiro; na sua humildade não se esqueceu dos mais necessitados. É muito bonito como uma pessoa que ocupa essa posição passe a vida a serviço dos mais pobres. Principalmente, as crianças”, recorda o padre José Marinoni, reitor da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco).

Se na política a participação era discreta, na área social dona Nilda arregaçou as mangas e fez crescer creches nos recantos mais pobres da Capital. “Já tinha mais de 17 creches quando assumi, em bairros como Taquarussu, Jardim das Meninas, Vila Popular”, conta a secretária estadual de Assistência Social, Tânia Garib. Ela foi titular da pasta na prefeitura de Campo Grande, durante a gestão de André Puccinelli (PMDB).

Tânia relata que os projetos com a assinatura de Nilda Coelho na área social foram levados à frente por Juvêncio da Fonseca, que sucedeu Lúdio na prefeitura, e depois por Puccinelli. “Fora os projetos da prefeitura, eles mantinham o Lar do Ludinho e uma creche na rua Rodolfo José Pinho, que atendia os filhos de empregadas domésticas que trabalhavam na região”, conta a secretária.

Velório acontece hoje no cemitério Parque das Primaveras. (Foto: Simão Nogueira)
Velório acontece hoje no cemitério Parque das Primaveras. (Foto: Simão Nogueira)

Do luto à luta - O lar tem o nome do filho único do casal. Lúdio Martins Coelho foi morto aos 21 anos após ser sequestrado em Campo Grande. A tragédia, ocorrida em 1976, emocionou o Brasil e virou música na voz de Milionário e José Rico.

Das “Lágrimas que Choram”, a mãe tirou forças para seguir fazendo o bem. “A morte do Ludinho despertou ainda mais essa vontade de ajudar aos mais pobres, para eternizar a presença do filho perdido de maneira tão violenta. Uma dor como essa pode levar a pessoa ao desespero, mas ela se voltou para o bem”, salienta o padre Marinoni.

Hoje, o Lar do Ludinho atende 135 crianças, com idades entre 4 e 13 anos. Elas permanecem no projeto no horário oposto ao da escola. São oferecidas atividades recreativas, oficinas e reforço escolar. Desde 2009 o local, no bairro Tiradentes, é administrado pela comunidade Irmãos de Assis. Nesta quinta-feira, um cartaz expressa o luto pelo falecimento da idealizadora do projeto social.

“A dona Nilda era uma mãezona. Sempre fazendo o trabalho social dela. Ela tinha um carinho especial pelos mais carentes”, recorda o vereador Cristóvão Silveira (PSDB), que foi secretário de Comunicação Social na administração do prefeito Lúdio Coelho. Nilda criou projetos como a Patrulha Mirim e Mães Crecheiras, além de oferecer cursos profissionalizantes.

Nilda e Lúdio tiveram 65 anos de união. (Foto: Roberto Higa)
Nilda e Lúdio tiveram 65 anos de união. (Foto: Roberto Higa)

Emoção – O fim do casamento de 65 anos há nove meses, quando Lúdio faleceu, teve reflexos na saúde de Nilda Coelho. “Foram quase 70 anos juntos, ela sentia muito a sua falta”, afirma o sobrinho-neto José Fernando Pinto Costa.

Ontem, em casa, Nilda passou mal, fez uma cirurgia de urgência, mas morreu em virtude de peritonite (inflamação da membrana que reveste parte da cavidade abdominal). Fotos mostram o casal sempre junto. “Foram um exemplo de família”, atesta Tânia Garib.

Em vida, a última aparição pública de Nilda foi no dia 17 de dezembro, na entrega da avenida Lúdio Coelho, durante a inauguração do Parque Linear do Lagoa. Dona Nilda assistiu a todas as homenagens ao marido e, por vezes, teve de usar um lenço para secar as lágrimas. Os dois serão sepultados lado a lado, no cemitério Parque das Primaveras.

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