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Capital

Tragédia doméstica: 4 mães mortas, 11 orfãos aos cuidados dos avós

Graziela Rezende | 01/02/2014 10:57
Uma das crianças presenciou assassinato da mãe e correu para não ser alvejada. Foto: Marcos Ermínio
Uma das crianças presenciou assassinato da mãe e correu para não ser alvejada. Foto: Marcos Ermínio

Imagine, mesmo criança, começar o ano com a notícia de que a sua mãe foi assassinada. E não vítima de uma fatalidade, mas da cruel intenção do companheiro que não aceita o fim do relacionamento. Sobra a dor, sobram os filhos que carregam a tragédia por uma vida inteira. Em Campo Grande, só no mês de janeiro, esta é a realidade de 11 filhos, por conta do assassinato de quatro mulheres.

Há 13 dias, pelo fato de ter uma ligação sanguínea com a ex-mulher de Francisco Ubirajara Marques, 52 anos, a decoradora Mauryani Melgarejo, 29 anos, foi morta por ele. O autor do crime já havia prometido “vingança”, caso não soubesse o paradeiro da ex-mulher e duas filhas.

A vítima deixou um casal de filhos, de cinco e seis anos. A mais velha presenciou o tiro e correu a tempo de se esconder atrás do guarda-roupa. “Do nada, a menina para e repete a cena. Levanta a camisa e fala a mesma frase que ele (Francisco): Você para de escrever cartas para a minha mulher, sendo que, em seguida disparou no pescoço dela”, conta a mãe da vítima.

Aos cuidados da avó, a menina passará por tratamento psicológico. “Ela me parece ser muito sensitiva. Muitas vezes, olha para o céu e fala que a mãe dela é a estrela mais bonita que está lá. Isso me causa revolta, como esse homem monstruoso ainda está impune?”, comenta.

No dia 11 de janeiro, após um “dia inteiro de brigas”, a médica Maria José de Pauli, 60 anos, foi morta com golpes de barra de ferro pelo marido, o pecuarista José Mario Ferreira, 58 anos. Um dia antes, ela compareceu a delegacia e disse que havia descoberto uma traição dele e precisava de ajuda.

A vítima, no entanto, recusou obter uma medida protetiva contra ele. Ela foi orientada a pedir a separação juntamente com parentes. Naquele sábado, uma das filhas passou o dia todo na casa, com a intenção de apaziguar a situação, mas a médica foi morta pouco tempo depois que ela saiu.

Pouco antes do réveillon, Laida Andréia Samulha Romualdo, 35 anos, foi ferida a pedradas pelo ex-marido, Anderson César Firmino, 24 anos. Além de muito ciumento, testemunhas disseram que ele era usuário de drogas e alcoólatra. Na última crise, ele quebrou diversos pertences da casa e “atacou” a vítima, na frente dos quatro filhos, de 3 a 16 anos.

Cinco dias após o fato, sentindo muitas dores, Laida passou por dois postos de saúde até chegar a Santa Casa, onde passou por cirurgia e morreu no dia 9 de janeiro. As crianças ficaram aos cuidados da avó e o pai teve a prisão preventiva decretada, acusado de violência doméstica e homicídio doloso.

De um lado da cidade, enquanto Laida procurava ajuda médica, Dayane Silvestre Uliana, 26 anos, foi morta no cruzamento da avenida Manoel da Costa Lima com a Bandeiras. O ex-marido, Júlio César Martins Ferreira, 38 anos, se apresentou dias depois na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). Ela retornava do trabalho, conduzindo um Corsa, quando foi perseguida e alvejada por ele.

Em depoimento, ele disse que a “amava demais”. O casal viveu junto por dois anos, teve uma filha e estava separado há três meses. A menina ficou aos cuidados dos pais de Dayane. Durante um protesto, parentes contaram que a criança está “sofrendo demais” com a falta dela.

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