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Capital

Verde na cidade ainda faz de córregos “bons vizinhos", dizem moradores

Paula Vitorino | 22/03/2011 16:00
Crianças admiram o córrego Lagoa e procuram por tartarugas.
Crianças admiram o córrego Lagoa e procuram por tartarugas.

“Morar aqui é bom, é um lugar tão bonito. Mas o problema é o descaso de quem deveria cuidar e também das pessoas que vivem por aqui”, resume a dona de casa Diva Gonçalves, de 49 anos, sobre como é morar em frente ao córrego Imbirussu, região sul de Campo Grande.

No Dia Mundial da Água – 22 de março, a reportagem do Campo Grande News percorreu diversos córregos da Capital para saber dos moradores vizinhos como é ter um córrego na paisagem.

Entre os problemas apontados, o lixo aparece como campeão em todos os pontos. Mas o assoreamento, a presença de insetos, animais, e moradias em áreas irregulares às margens dos córregos também são realidade que incomoda.

No entanto, para os moradores, o verde em meio a cidade ainda faz do córrego um “bom vizinho”.

Moradora mostra entulho em volta do córrego Imbirussu. (Foto: João Garrigó)
Moradora mostra entulho em volta do córrego Imbirussu. (Foto: João Garrigó)

Diva mora há cerca de 15 anos na Rua Angatuba, em frente ao Imbirussu, e gosta da região. Ela lembra que o local antes era uma “buraqueira” e a vegetação do córrego praticamente fazia parte da varanda de sua casa.

Agora, com a construção de avenidas e passarelas de caminhada ao redor, ela diz que ficou “ainda melhor, bom pra morar”. Mas Diva lamenta que o local ainda sirva como “lixeira” para muitos.

"As pessoas jogam muito lixo, de tudo. Às vezes não conseguimos nem almoçar por conta do vento que traz o fedor aqui. O povo precisa cuidar, aprender a respeitar o meio ambiente e, aí sim, a natureza e as pessoas vão conviver igualmente”, ressalta.

Em alguns pontos às margens do córrego é possível ver montes de entulho e lixo acumulando-se em meio a mata.

Como solução para a sobrevivência saudável, a moradora sugere que a área em volta do córrego seja cercada e que placas educativas sejam colocadas para orientar a população sobre a importância da área.

“Eu e alguns vizinhos cuidamos, mas tem gente que vem de outros locais pra jogar lixo aqui. Não pode. Mas se a gente vai falar alguma coisa já arranja briga, ficam bravos”, diz.

Mas mesmo em meio a tanta poluição, as estudantes Andreia da Silva, de 23 anos, e Viviane, de 10 anos, contam que conseguiram encontrar tartarugas no córrego. Da beira de uma das pontes, acompanhadas de seus primos mais novos, as jovens param para olhar o curso da água.

Mudanças - No córrego Lagoa a situação é semelhante. “Muito lixo”, conclui a moradora Clementina Santos, de 73 anos. Mas segundo a aposentada o problema é ainda maior porque o lixo fica acumulado nos pontos de escoamento do córrego e provoca alagamento nas ruas próximas.

Para ela, as obras no local é que contribuem para piorar a situação do Lagoa. “Antes não era assim, tinha muitas mangueiras e outros pés de fruta em volta. A gente gostava de fazer caminhada em volta, agora nem dá mais gosto. Espero que quando terminem as obras melhore”, diz.

Aposentada sente falta das árvores de frutos em frente ao córrego. (Foto: João Garrigó)
Aposentada sente falta das árvores de frutos em frente ao córrego. (Foto: João Garrigó)

No entanto, o Lagoa ainda é um ponto de diversão para muitas crianças e adultos, que frequentam o córrego para se refrescar do calor. “O povo vem nadar aí, nem ligam para a poluição”, diz.

Consciente dos riscos a segurança e saúde dos banhistas, Clementina nunca deixa o neto de 6 anos brincar no córrego, apesar do garoto não esconder o desejo de se aventurar nas águas. “Se eu pudesse nadava lá embaixo, não tenho medo”, garante Juninho.

Moradia – Já no bairro Estrela do Sul, próximo a nascente do córrego Segredo, mais de 100 famílias ocuparam às margens do local para construir suas moradias.

A família de Adriano Rodrigues, de 33 anos, e Arlete da Silva, de 33 anos, vive no local há dois anos e aprendeu a conviver com os pontos positivos e negativos que o “vizinho” proporciona.

“Tem muito rato, mosquito, chego a gastar dois vidros de inseticida num dia. Não temos outro lugar para morar, então aprendemos a viver aqui e a gostar”, diz Arlete, que espera ser beneficiada por uma casa da EMHA.

Para evitar que o córrego não seja tão poluído, a família conta que os moradores tentam juntar o lixo e colocar em um único ponto para ser recolhido, além de construírem fossas nos quintais, que segundo Adriano, não depositam os dejetos no córrego.

No entanto, uma valeta aberta em meio ao barro do quintal serve para escoar a água usada para lavar roupa, por exemplo, e levar direto para o córrego.

O proprietário de um lava-jato em frente ao local, Nilson Nogueira, ainda levanta outra preocupação: o assoreamento do córrego. “Aos poucos a terra e o lixo estão tomando conta”, ressalta.

Já a moradora Elisa Arruda Silva, 28 anos, destaca o frescor proporcionado pela mata e a água do córrego. “À noite é bem fresco aqui, é gostoso o clima. É bom morar em frente ao Segredo”, diz.

Assoaremento toma conta do Córrego Segredo. (Foto: João Garrigó)
Assoaremento toma conta do Córrego Segredo. (Foto: João Garrigó)
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