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Capital

Via Morena muda estilo de vida, revoluciona trânsito e valoriza imóveis

Aline dos Santos | 11/05/2012 08:31

“Quando cheguei, só tinha mato. Não tinha nada asfaltado”, conta moradora

Francisco Timóteo e o novo estilo de vida, de bicicleta. (Foto: Minamar Júnior)
Francisco Timóteo e o novo estilo de vida, de bicicleta. (Foto: Minamar Júnior)

Como uma obra de asfalto pode mudar a saúde de uma pessoa? Pergunte ao motorista Francisco Rogério Timóteo, de 51 anos. Na manhã de quarta-feira, ele usava a ciclovia da Via Morena para ir do trabalho, na avenida Costa e Silva, até sua casa, no bairro Tiradentes.

O estilo “ciclístico” de vida, adotado há três anos, refletiu no medidor de pressão. “Minha pressão sempre dava 15, 16. Agora, dá 13 por 8 e até 12 por 8, que é o ideal”, conta Francisco, que pedala 40 minutos até chegar em sua residência e 20 minutos para ir ao trabalho. “Como é descida, o tempo cai pela metade”.

Antes da ciclovia na avenida Fábio Zahran, que se estende da rua Spipe Calarge até o Mercadão, ele disputava espaço com os carros na avenida Eduardo Elias Zahran. “Tinha que tomar muito cuidado para não ser atropelado”, afirma. Agora, o caminho tem direito a paradas estratégias para um descanso na sombra das árvores e a trilha sonora dos pássaros. “Isso aqui melhorou muito”, afirma.

Ao lado da ciclovia, a avenida larga e bem sinalizada ganha elogios da massoterapeuta Vera de Fátima Ribeiro, de 58 anos. “Agora tem semáforo, diminuíram os acidentes”, salienta. Ela mora há mais de três décadas na Vila Progresso. “Quando cheguei, só tinha mato. Não tinha nada asfaltado”, rememora.

Toda iluminada, a avenida também faz os moradores se mexer. “Caminho aqui todo dia à tarde. Isso fica lotado de gente fazendo atividade física”, conta. O espaço destinado somente a pedestres e ciclista despertou a curiosidade na neta Júlia, de 5 anos. “Ela me perguntou o que era e expliquei que é só para quem está andando ou de bicicleta”.

As transformações também foram benéficas para o comércio. “Ficou muito bom, facilitou o acesso, principalmente para quem vem das Moreninhas”, afirma Jacó Gonçalves, que trabalha há quatro anos na Center Calhas. Acompanhando a obra desde o início, ele admite que chegou a desconfiar do ritmo do andamento dos trabalhos. “Quando tiraram todo o matagal achei que ia ser difícil terminar. Mas assim que começou, terminou. Ficou ótimo, ficou 100%”, enfatiza.

A valorização dos imóveis também anima os moradores. Presidente da CVI (Câmara de Valores Imobiliários), Misael Lemos, afirma que as grandes obras geram uma reação em cadeia. “Se você observar, percebe que os imóveis eram mais precários. Com as obras, o proprietário também investe na casa, agregando mais valor”, salienta. De acordo com o secretário municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação, João Antônio De Marco, foram investidos R$ 20 milhões na primeira etapa da Via Morena.

Uma revolução no trânsito - A outra etapa da Via Morena deu cara nova à avenida Duque de Caxias. As faixas estreitas deram lugar a amplas e sinalizadas vias. Os cruzamentos têm faixa de pedestre e semáforos com botoeira permitem que as pessoas façam uma travessia segura.

O corredor específico para ônibus, táxis e veículos de emergência contribuiu para dar fluidez ao trânsito, na via que leva ao Aeroporto Internacional de Campo Grande. “Antes não era assim. Agora o trânsito flui melhor e tem espaço para observar os aviões”, lembra Glaidson Ricardo, de 33 anos. A pista também tem radares, para garantir o controle da velocidade.

Na primeira etapa, foram investidos R$ 20 milhões. (Foto: Minamar Junior)
Na primeira etapa, foram investidos R$ 20 milhões. (Foto: Minamar Junior)

Com recursos de R$ 13,9 milhões, o complexo viário da Duque de Caxias trouxe mudanças para a mais de 70 mil pessoas que usam diariamente a via. O canteiro central conta com novo paisagismo, arborização e reserva de faixa para futura utilização do transporte coletivo urbano.

A obra segue também as regras estabelecidas pelo Plano Diretor de Campo Grande e pela Lei de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo, garantindo 12% de permeabilidade em todo o percurso, fundamental para auxiliar no escoamento da água da chuva. Ao longo da avenida foram replantadas cerca de quarenta palmeiras da espécie Latânia.

Transitando na ciclovia de 4,5 km, o pedreiro Arnaldo Medeiros de Melo, de 45 anos, conta que mora a quase três décadas no Jardim Imá. “Ficou muito bom e bonito”.

As transformações de Campo Grande surpreendem Valdemar Romoaldo Silva, de 76 anos. Pernambucano, ele recorda de cor a data em que chegou à Cidade Morena. “Foi em 25 de maio de 1955”. Depois de ajudar a erguer a rodoviária da cidade e o aeroporto, ele foi trabalhar em Rondônia. Aqui, ficaram os dez filhos e os 30 netos. Hoje, a residência fica no Acre, mas ele passa temporadas em Campo Grande. “Nossa, aqui tá muito bom”.

Obra revolucionou acesso para aeroporto. (Foto: Minamar Junior)
Obra revolucionou acesso para aeroporto. (Foto: Minamar Junior)
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