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Capital

Vila de quartos vira cracolândia com menos de um ano de existência

Elverson Cardozo | 03/05/2012 18:15
Segundo moradores, casa é ponto de venda de drogas e também de prostituição. (Foto: Elverson Cardozo)
Segundo moradores, casa é ponto de venda de drogas e também de prostituição. (Foto: Elverson Cardozo)
Fachada da casa localizada na rua dos Barbosas. (Foto: Elverson Cardozo)
Fachada da casa localizada na rua dos Barbosas. (Foto: Elverson Cardozo)

Tomados de medo e insegurança, vizinhos de uma vila de casas que, menos de um ano após serem construídas, se transformou em cracolândia, no bairro Amambaí, em Campo Grande, vivem trancados dentro das próprias residências. O local ficou mais conhecido depois que, no dia 25 de abril, policiais civis estiveram no local e encontraram um menino de três anos, dentro de um quarto, junto com o pai, flagrado consumindo pasta base de cocaína.

Na região, entre os moradores, o comentário é praticamente o mesmo. Os frequentadores do lugar, na rua dos Barbosa, não mexem com os vizinhos.

“Mas incomodam”, relata um morador que, por medo de represálias, prefere não ser identificado. “É baderna dia e noite. A polícia vem e leva, mas no outro dia eles voltam”, completa.

O problema, relata, começou há pouco mais de 1 ano, quando o proprietário do terreno construiu pequenos quartos na frente da residência, e fez da casa um espécie de pousada.

Em pouco tempo, o imóvel passou a ser ponto de venda de drogas e de prostituição. “Aqui todo mundo é preso. Você não vê ninguém com as portas abertas”, afirma.

No total, são 18 quartos. Destes, pelo menos 6 estão ocupados. A diária custa R$ 20,00.

Depósito. (Foto: Elverson Cardozo)
Depósito. (Foto: Elverson Cardozo)
Dos 18 quartos, pelo menos 6 estão ocupados. (Foto: Elverson Cardozo)
Dos 18 quartos, pelo menos 6 estão ocupados. (Foto: Elverson Cardozo)

“Um vizinho cuida da casa do outro”, comenta outra moradora. Sob a condição de não ser identificada, ela conta que a movimentação na casa é intensa. “Isso aí é dia e noite. Criança de 10, 12 anos toca o interfone, entrega o dinheiro e vai embora”, descreve.

Mãe de um casal, uma terceira moradora revela que também mantém as portas fechadas e diz que, embora crianças, os filhos compreendem tudo.

Para a mulher, a presença de crianças no local denuncia o lar em que foram criadas. “São consequências da família”, afirma. “A polícia sabe de tudo, só não toma a decisão porque não quer”, critica.

A casa - Na manhã desta quinta-feira, o Campo Grande News esteve na casa. Se identificando como “responsável pela pousada”, Adão Moreira, de 36 anos, conta que administra o local para o irmão, dono do imóvel.

Jovem está há 1 mês e três dias no local. (Foto: Elverson Cardozo)
Jovem está há 1 mês e três dias no local. (Foto: Elverson Cardozo)
No detalhe, cachimbo que geralmente é utilizado para consumo de drogas. (Foto: Elverson Cardozo)
No detalhe, cachimbo que geralmente é utilizado para consumo de drogas. (Foto: Elverson Cardozo)

Quem não pagar tem as roupas ou qualquer objeto confiscado e, além disso, é despejado aos gritos. “Meu irmão pega a roupa e depois coloca lá na frente para doação”, conta.

O depósito onde ficam as roupas e alimentos, assim como todo o resto da casa, não tem a mínima higiene.

Adão nega que a casa seja um ponto de venda de drogas e diz que se descobrir algum hóspede consumindo entorpecente, ele mesmo chama a polícia. “Fumar eles fumam”, afirma, acrescentando que muitos deles ficam violentos.

Apesar da contrariedade, revela que também aluga os quartos para garotas de programa. Uma delas se identifica como Leiriane. Diz que está no local há mais de um ano.

Leiriane afirma ser garota de programa e diz que está no local há mais de 1 ano. (Foto: Elverson Cardozo)
Leiriane afirma ser garota de programa e diz que está no local há mais de 1 ano. (Foto: Elverson Cardozo)

Nos fundos da casa, sozinha em um quarto, outra jovem. Débora, de 20 anos, está na "pousada" há 1 mês e três dias, porque “prefere ficar sozinha”. Morava no Jardim das Hortências, em Campo Grande. Saiu de casas aos 17 anos para casar. No fim, o relacionamento, conta, não deu certo.

Em outro quarto, duas crianças; um bebê ainda no carrinho. A mãe, uma venezuelana que trabalha como artista de rua, afirmou que só estava de passagem pelo Brasil.

Adão afirma que no local tudo é controlado. Quem entra e sai é flagrado por uma câmera de segurança. Do lado de fora da casa, um aviso: “Sorria, você está sendo filmado. Pare. Identifique-se”.

De olho nas câmeras de segurança, Adão controla quem entra e sai da casa. (Foto: Elverson Cardozo)
De olho nas câmeras de segurança, Adão controla quem entra e sai da casa. (Foto: Elverson Cardozo)
Controle de visitantes é feito desta sala. (Foto: Elverson Cardozo)
Controle de visitantes é feito desta sala. (Foto: Elverson Cardozo)
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