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Capital

Violência contra garoto de 4 anos choca até quem lida com isso todo dia

Mariana Lopes e Viviane Oliveira | 06/11/2012 14:47
Carlota, psicóloga da DEPCA, alerta pais a ficarem de olho na mudnaça de comportamento dos filhos (Foto: Viviane Oliveira)
Carlota, psicóloga da DEPCA, alerta pais a ficarem de olho na mudnaça de comportamento dos filhos (Foto: Viviane Oliveira)

Um padastro sob efeito de drogas, uma criança de quatro anos que foi parar no hospital com ferimentos graves de agressão e sinais de violência sexual e uma mãe que alega que não sabia de nada o que acontecia debaixo do teto da própria casa. O fato chocou e revoltou. Agora a polícia apura os fatos, que são até frequentes na delegacia.

O que aconteceu abala até mesmo quem lida com isso no dia-a-dia. O Campo Grande News conversou com a psicóloga da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), Carlota Phluppsen, que explicou o comportamento do garoto que deu entrada na Santa Casa após ser agredido pelo padastro. Embora ela não tenha conversado diretamente com a criança, atende vários casos parecidos com este.

“Quando a agressão parte de alguém da família, geralmente é uma pessoa que a criança ama, então ela não quer prejudicar o agressor, por isso acaba não contando sobre a violência que sofre”.

Na delegacia especializada, de acordo com a psicóloga, pelo menos seis crianças e adolescentes são atendidos com algum tipo de agressão, cometida dentro de casa. “A pior violência é a que parte da família”, comenta Carlota.

A psicóloga comenta ainda que a maioria das crianças que sofre algum tipo de violência se sente culpada, por isso não tinha coragem de contar o que sofria. “O que mais se escuta, principalmente de meninas, é que a culpa é delas. Muitas vezes elas chegam a dizer que não querem que o agressor seja preso”.

Sobre mente do agressor, a psicóloga da DEPCA explica que se trata de um ciclo, ou seja, a pessoa violenta já vem de um ambiente assim, ou sofreu algum tipo de agressão no passado, seja física ou psicológica.

A psicóloga alerta aos pais e até mesmo pessoas que cuidam de crianças, como professores, babás, a prestar atenção no comportamento delas. “Se criança é muito alegre e de repente começa a ficar amuada pelos cantos, ou ao contrário, se ela é tranquilo, não é muito agitada e começa a ficar agressiva, é melhor ficar de olho e até mesmo comunicar a polícia”, orienta.

A mãe do garoto prestou depoimento na manhã de hoje na DPCA (Foto: Viviane Oliveira)
A mãe do garoto prestou depoimento na manhã de hoje na DPCA (Foto: Viviane Oliveira)

Para Carlota, o pior caso é quando a criança se sente muito sozinha, quando ela vem de um ambiente de abandono. “Ela passa a não acreditar em ninguém, deixa de acreditar no mundo. Essa situação é que me corta o coração”, desabafa.

Diferente das que sofrem agressão, mas que ainda querem brincar e acreditam nas pessoas. “Essas são mais fáceis de tratar e de ter uma vida normal. Se for quebrado esse ciclo, a criança pode ter uma vida normal, vai ter a lembrança, mas com tratamento, ela pode conviver com o trauma”, esclarece a psicóloga.

Na manhã de hoje, a mãe da criança prestou depoimento na DEPCA. Ela disse que não sabia das agressões que, segundo a Polícia apurou, ocorriam há mais de 40 dias. A mulher, que é professora, vivia há 8 meses com o homem que abusou do filho dela.

O padrasto está preso desde da última quinta-feira (1º). Ele disse à polícia que estava sob efeito de drogas e estava arrependido.

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