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Capital

Vítima das drogas e de ataque, Levi volta para casa e quer nova vida

Viviane Oliveira | 14/06/2012 09:31

Ele ficou internado durante 85 dias na Santa Casa e passou por duas cirurgias para enxerto na coxa, tórax e no lado esquerdo do corpo

O pai, Leandro, se emociona ao mostrar as cicatrizes do filho. (Fotos: Minamar Júnior)
O pai, Leandro, se emociona ao mostrar as cicatrizes do filho. (Fotos: Minamar Júnior)

A recuperação é lenta, a sensibilidade na mão ainda está comprometida e aos poucos as feridas vão cicatrizando, mas o trauma vai demorar a ser esquecido por Levi da Costa, de 22 anos. Ele é o rapaz que teve 50% do corpo queimado em uma tentativa de homicídio, por causa de uma dívida de droga, no dia 10 de março deste ano.

Vítima duas vezes, da dependência que o levou a fazer "mal para muita gente", como admite, e dos homens que o atacaram, Levi, agora, fala em mudar de vida, após quase três meses internados, duas cirurgias, e uma nova oportunidade dada pela pela família.

Levi ficou internado durante 85 dias na Santa Casa e passou por duas cirurgias para enxerto na coxa esquerda, tórax e no lado esquerdo do corpo.

Já na casa dos pais, Levi contou nesta quarta-feira (13) ao Campo Grande News os momentos de terror que passou no dia em que foi queimado, das dores intensas no hospital e do medo de morrer.

O tempo todo ao lado do filho, os pais acompanharam os relatos de Levi, que aos 16 anos saiu de casa por causa das drogas. O pai, Leandro da Costa, de 61 anos, que viu de perto o sofrimento no hospital, se emociona ao falar que o jovem nasceu de novo.

A motivação do crime foi uma dívida de R$ 450 que tinha com um grupo de traficantes, no bairro Morada Verde, onde teve o corpo incendiado. O jovem relembra que estava morando com a ex-mulher Lucilene Tavares dos Santos, 36 anos – também usuária de drogas – em Bandeirantes, quando, após uma discussão, ela resolveu voltar para Campo Grande.

Depois de uma semana, veio atrás da ex-companheira. E foi ela quem o atraiu para uma emboscada. “Quando cheguei no bairro, ela chamou o rapaz que eu devia o dinheiro. A mando dele, que estava armado, um grupo de traficantes me amarrou e começou a me dar chutes e coronhadas na cabeça”, relata.

Ele disse que ainda tentou negociar a dívida, mas o traficante respondeu que não queria mais o dinheiro. “Além de me bater, eles me perguntavam de que forma eu queria morrer. Se era de facada, tiro ou queimado”.

Levi conta que após ser derrubado no chão, o grupo ateou fogo sobre seu corpo. “Foi uma explosão. O fogo se alastrou, eu rolei no chão três vezes e a corda soltou. Consegui sair correndo em busca de socorro”, conta, acrescentando que foi socorrido por populares, que acionaram o Corpo de Bombeiros.

“Por causa do fogo o short derreteu no corpo. Achei que ia morrer”, relembra. Levi conta que no hospital tinha alucinações - achava que a todo o momento alguém estava lá querendo matá-lo.

O pior dia, relata, foi quando os enfermeiros tiraram a faixa para dar banho. “Foi horrível. Eu não acreditava que estava desse jeito, queria entender porque fizeram isso comigo”, questiona.

Levi disse que não vê a hora de se recuperar para voltar a trabalhar.
Levi disse que não vê a hora de se recuperar para voltar a trabalhar.
O tempo todo ao lado do filho, os pais acompanharam os relatos de Levi.
O tempo todo ao lado do filho, os pais acompanharam os relatos de Levi.

Família - O pai conta que a volta do filho para a casa foi aguardada com muita expectativa por todos os familiares, já que Levi estava afastado há anos do convívio familiar.

Por causa do vício que começou na adolescência e foi se agravando, o pai chegou ao extremo de tê-lo que expulsar de casa. Desde então, Levi ia ver a família, no bairro Zé Pereira, de forma esporádica.

“Na véspera do atentado eu tive pesadelos e senti que alguma coisa de muito ruim ia acontecer. Passei o dia todo angustiado”, disse o pai.

Na manhã do dia seguinte, ao ligar a televisão, Leandro viu a notícia que jamais queria ter recebido. “Não pensei duas vezes em ir para o hospital ficar ao lado do meu filho”.

Levi lamenta ter saído de casa, e admite que por causa da droga já fez maldade para muita gente. "A dor que senti não desejo nem para meu pior inimigo. A droga não compensa. Eu aconselho a todos os jovens a não entrar neste mundo, que o caminho só leva a morte”, finaliza.

Crime - Levi foi atraído pela ex-mulher, Lucilene para o local onde teve o corpo incendiado, na rua Falcão, bairro Morada Verde.

Lá, ele já estava sendo esperado por Thiago Misael Segóvia de Moura, de 21 anos, Thiago Vieira da Silva, de 23 anos, Renato dos Santos Almeida, de 28 anos, Luiz Henrique dos Santos, de 53 anos, identificados como agressores.

Foi amarrado e espancado no centro catequético de uma igreja. Em seguida, foi levado para uma rua de asfalto, onde teve o corpo incendiado. Quem jogou a gasolina e ateou fogo no rapaz foi Tiago Segóvia, conforme apurado pela Polícia Civil.

De acordo com o jovem , rolou pelo asfalto na tentativa de apagar o fogo e depois saiu correndo, entrou em um matagal e pediu ajuda para um grupo de jovens que estavam na rua Albatroz, no bairro Nascente do Segredo. Ele foi socorrido por populares, que acionaram o Corpo de Bombeiros.

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