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Capital

Voluntários de projeto temem despejo que pode deixar 150 crianças “órfãs”

Michel Faustino | 29/10/2014 19:22
Projeto atende aproximadamente 150 crianças da região do bairro Tiradentes. (Foto: Marcelo Calazans)
Projeto atende aproximadamente 150 crianças da região do bairro Tiradentes. (Foto: Marcelo Calazans)
Marcelo é um dos voluntários que atuam no projeto, e lamenta impasse. (Foto: Marcelo Calazans)
Marcelo é um dos voluntários que atuam no projeto, e lamenta impasse. (Foto: Marcelo Calazans)
Diretores da Ong expediram comunicado de despejo no dia 20. (Foto: Marcelo Calazans)
Diretores da Ong expediram comunicado de despejo no dia 20. (Foto: Marcelo Calazans)

Um impasse envolvendo o pedido de despejo expedido pelos proprietários do espaço onde atualmente funciona o projeto Guerreiros do Amanhã, pode deixar cerca de 150 crianças que são atendidas gratuitamente através de aulas de artes marciais, sem onde praticar as atividades.

O projeto que começou à cerca de seis meses, por iniciativa de um grupo de amigos, funciona em um espaço cedido pela ONG – CRE (Centro de Recuperação Esperança), na rua Romeu Alves Camargo, no bairro Tiradentes. No entanto, no dia 20 deste mês, os diretores da ONG expediram um comunicado requerendo o local, e eventualmente solicitando a desapropriação do imóvel em 10 dias.

Segundo o fisioterapeuta, Marcelo Prado Gregório, que atua como voluntário no projeto ministrando aulas de jiu-jitsu, os diretores da entidade justificaram que não havia mais viabilidade do projeto permanecer no local, que será transformado em uma fábrica de sabão.

“Eles simplesmente disseram que o projeto não poderia continuar aqui, e que esse local será uma fábrica de sabão”, disse.

Marcelo questiona ainda o fato do imóvel ter permanecido fechado por cerca de 10 anos, e segundo ele, com o crescimento do projeto, houve um interesse repentino por parte dos diretores da entidade. Ele denuncia  que o espaço foi doado pela prefeitura, e que os atuais administradores teriam interesses financeiros em cima do projeto e do local que foi destinado ao assistencialismo.

“ Esse local ficou 10 anos fechado, sem serventia nenhuma para a comunidade. Começamos o projeto aqui, e o número de crianças aumentou rapidamente. Mas, o fato de ser um projeto gratuito, que não tem o intuito de trazer benefícios financeiros para ninguém, nem mesmo em questão de autopromoção, pode ter causado um interesse neles”, disse.

De acordo com Marcelo, os voluntários temem que com a eventual desapropriação do imóvel, o projeto fique temporariamente sem local e as crianças que hoje são atendidas com aulas que são ministradas em três períodos: manhã, tarde e noite, fiquem desamparadas. Além de jiu-jitsu, o projeto oferece aulas de boxe, muay thai e luta livre.

“Infelizmente estamos nessa situação. A gente teme que o projeto saia daqui e as crianças não possam praticar as atividades. Temos muitos depoimentos de mães que nos agradecem, porque os filhos melhoraram na escola e no dia a dia”, disse.

A agente comunitária de saúde, Rejane Presciliano Nunes, 33, lamenta a possibilidade do projeto sair do atual local, e ter que "fechar", mesmo que temporariamente. Ela relata que depois que o filho de 15 anos começou a frequentar o projeto, ela notou uma melhora muito grande em seu comportamento. Rejane diz ainda que o projeto ajudou a tirar dezenas de crianças da "vida torta".

Rejane lamenta possibilidade de projeto ser despejado e diz que iniciativa só trouxe benefícios para adolescentes. (Foto: Marcelo Calazans)
Rejane lamenta possibilidade de projeto ser despejado e diz que iniciativa só trouxe benefícios para adolescentes. (Foto: Marcelo Calazans)

“Esse projeto é muito bom. Se ele sair daqui vai ser muito ruim. Eu mesmo sou prova de que o projeto a ajuda as crianças, principalmente quanto a disciplina. O comportamento do meu filho, por exemplo, melhorou muito. Fora as outras crianças que estavam começando a se envolver com coisas erradas e estão aqui hoje, praticando uma atividade e longe da criminalidade”, disse.

O Campo Grande News tentou entrar em contato com representantes da ONG-CRE por meio de telefones disponíveis na internet, porém nenhum número atendeu as ligações.

Voluntários de projeto temem despejo que pode deixar 150 crianças “órfãs”
Voluntários de projeto temem despejo que pode deixar 150 crianças “órfãs”
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