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Cidades

Casamento emociona e muda a rotina de presídio

Redação | 11/02/2009 16:10

Na tarde de hoje, o presídio de Segurança Máxima de Campo Grande teve sua segurança reforçada, o motivo não foi nenhuma rebelião ou tentativa de fuga, mas sim casamento coletivo de internos da unidade.

Antes da cerimônia, as noivas podiam ser confundidas com qualquer outra visitante do presídio, exceto pelo nervosismo. Jucilei, noiva de Claudiomiro Antônio Pires da Silva, disse que veio do Pará há dois anos só para continuar perto do companheiro, que conheceu em 1999.

Claudiomiro já está preso há um ano e oito meses e sua sentença ainda não saiu. Mesmo sem uma perspectiva de vida normal de marido e mulher a curto prazo, Jucilei está confiante. "Sei que ele ainda vai ficar por algum tempo aqui, mas creio que a sentença pode sair a qualquer momento e, então, teremos uma vida como qualquer casal", disse.

Dentro do presídio, já estava tudo preparado. Um salão que, até a rebelião de 2006 abrigava uma das oficinas de trabalho, foi decorado com flores artificiais, tapete vermelho e um púlpito de onde o pastor Marcos Ricci, da Primeira Igreja Batista, realizou o casamento.

Aos poucos as quatro noivas foram aparecendo, agora já com os cabelos escovados e de maquiagem no rosto, elas faziam fila com seus padrinhos em frente ao portão do salão.

A marcha nupcial começa a tocar e um dos noivos que, anteriormente disse que não estava nervoso, começa a derramar algumas lágrimas. O salão estava cheio de convidados, a maioria deles era de internos evangélicos e assistentes sociais do presídio.

Questionados sobre o porquê de eles estarem se casando, mesmo sabendo que ficarão separados, os casais deram várias versões: que restava pouco tempo para o termino da pena, ou simplesmente acreditavam que poderiam viver separados. Mas o pastor Marcos Ricci conseguiu definir de forma mais clara os motivos. "Estas pessoas que estão se casando hoje querem recomeçar de novo suas vidas, porém, desta vez, de forma correta. E o casamento é o primeiro passo para isso".

Tiago de Souza Elias, disse que não vê diferença entre se casar em uma igreja ou dentro da prisão. "Foi uma oportunidade que Deus deu para eu me casar com a pessoa que amo", disse, lembrando que haverá sim lua-de-mel, no dia da visita íntima. "Vai ter flores e tudo mais. E vou entrar com ela nos braços, como o noivo tem de fazer", adianta.

Depois da cerimônia, Adriana, noiva de Nelson de Souza Pereira, disse que, se pudesse, levaria o marido para as núpcias ainda hoje. "Mas ele sai daqui oito meses, não vou ter de esperar tanto", disse, contanto que conheceu o marido antes dele ser condenado, mas que começaram o namoro quando ele estava na prisão.

"A amiga dela vinha aqui visitar outro interno e disse a ela que eu estava aqui, daí ela veio me ver e começamos a namorar", detalha Nelson.

Ao fim da cerimônia, foi servido um coquetel para os cerca de cem convidados, uma cortesia da direção do presídio e da empresa que fornece refeições para os internos.

A igreja

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