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Cidades

Com apenas 1 médico, posto só atende emergências

Redação | 09/03/2010 18:55

A prefeitura conseguiu em uma semana contratar 10 médicos para postos de saúde de Campo Grande, mas no mesmo período número idêntico pediu afastamento da rede municipal, diz a coordenadora de urgência dos nove postos 24h da Capital, Gislaine Poletto.

Com a epidemia de dengue na cidade, com dez pessoas já mortas pelo tipo hemorrágico, o Município abriu contratações de emergência, oferecendo 50 vagas, mas a procura de interessados é tímida.

Na semana passada, a prefeitura anunciou abertura de 50 vagas para profissionais com contratação imediata, em regime de urgência, com a disposição de contratar quantos mais aparecessem dispostos a assumir os plantões, mas não conseguiu ainda fechar o quadro.

Um médico recebe R$ 500 reais por plantão, podendo realizar até 14 plantões por mês. Além da sobrecarga, os profissionais reclamam da baixa remuneração pela prefeitura.

Concurso para área de saúde também foi realizado em fevereiro, mas ainda na faze de prova de títulos e em algumas áreas como reumatologia e geriatria, não houve qualquer concorrência, com apenas um aprovado em cada uma dessas especialidades.

Na Pediatria, principal deficiência na Rede Municipal, apenas dois médicos passaram na primeira fase do concurso.

O problema agrava cada vez mais as situação já precária dos postos de saúde. Além da demora de atendimento, há unidades que ficam sem nenhum médico no período da tarde. No posto 24h do Nova Bahia, os pacientes que procuravam atendimento na tarde de hoje, tinham a notícia de que não haveria médico até o início do plantão noturno.

O único médico presente no posto atendia apenas emergências. Definido como "àrea vermelha" o quadro clínico é definido como urgência quando os sinais vitais estão alterados.

A estudante Louise de Matos, de 19 anos, procurou a unidade com febre, dores pelo corpo e sangramento pelo nariz. "Acho que é dengue, já tive antes, sei como é. Mas acho que desta vez é bem pior", reclama.

No posto, ela foi orientada a procurar a unidade do Coronel Antonino, onde também não conseguiu atendimento. "Cheguei depois das 13h e já não havia senha", conta. O jeito foi voltar para casa e tentar novamente socorro amanhã.

Os postos 24h do Guanandi e Aero Rancho têm o mesmo tipo de problema. A coordenadora comentou que o quadro ideal são cinco médicos por plantão, porém, as contratações não suprem a demanda, ainda. "Na semana passada contratamos 10 médicos e outros 10 pediram exoneração", lamenta Poletto.

De acordo com Gislaine, apenas quando não há pacientes avaliados como código vermelho, o médico da urgência realiza atendimentos das áreas amarela, verde ou azul, quadros menos graves.

A coordenadora explicou que quando um paciente não é avaliado como "vermelho" na triagem, ele pode ir até outro posto de saúde ou nas unidades básicas, para evitar a superlotação das unidades 24 horas. "Se estão com dor no braço, amidalite, por exemplo, eles podem aguardar ou procurar outra unidade", explica.

Porém, dois pacientes esperavam pela troca de plantão no Nova Bahia, às 19h, e quem chegava era avisado que não havia médicos.

Um atendente contou que havia dois médicos no horário da tarde, mas um pediu demissão e o outro solicitou remanejamento para o horário noturno. A coordenadora explicou que o médico está fazendo residência e não pode trabalhar à tarde, deixando o posto com apenas um médico atendendo emergências.

Até mesmo o número 192, do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), recomenda ir até outro posto, pois apenas um médico estava disponível no Nova Bahia e o atendimento poderia demorar.

O posto também foi palco de violência e agressões por partes dos pacientes. No dia 18 de fevereiro, dois irmãos agrediram o plantonista com socos e empurrões. A PM foi acionada e dois fugiram do local.

A ausência de médico acontece nas tardes de terça e sexta-feira. De acordo com funcionários do posto, na sexta-feira, nem mesmo o plantonista da emergência está disponível.

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