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Cidades

Com cirurgias suspensas, jeito é sentir dor

Redação | 30/03/2009 09:48

Há quase oito meses, o aposentado Isidoro Ribas, de 78 anos, espera por uma cirurgia na Santa Casa. Suportar as fortes dores nos rins, só é possível com medicação.

Para dormir, por exemplo, são todos os dias dois comprimidos de Unoprost. Por mês o custo só com esse remédio é de R$ 48,00, gasto grande para o aposentado que vive em Jardim.

"Dia desses, ele desmaiou na rua. A dor é muito intensa, mas não sobrou outra alternativa a não ser esperar em casa", conta a sobrinha Maria Isabel Teixeira, de 35 anos, que desde agosto tenta uma solução para a agonia do tio, com seis viagens já a Campo Grande.

No dia 28 de janeiro, ele finalmente passaria pela operação, mas ao chegar na Santa Casa recebeu a notícia de cancelamento de todas as cirurgias eletivas, por conta de paralisação dos médicos, que reclamam da baixa remuneração pelo SUS e cobram reajuste da tabela.

Começou então uma peregrinação por hospitais. "Procuramos o Hospital Regional o Universitário e nada", lembra Isabel. Recentemente o São Julião também suspendeu as cirurgia com greve de anestesistas contra a tabela do SUS.

Ela conta que a dica foi burlar o procedimento regular e buscar um "jeitinho" para a internação. Atendentes nos hospitais teriam orientado a família a procurar um posto de saúde da Capital, informar um endereço de amigos em Campo Grande para então conseguir um encaminhamento de urgência. "Não vou fazer isso, até porque, acho que nem adiantaria", reclama a sobrinha.

Nesse tempo ao lado do tio, Isabel demonstra ter perdido a esperança na melhora da saúde pública em Mato Grosso do Sul. "Em todo posto que a gente chega, aqui (Jardim) ou em Campo Grande, é a mesma coisa: um monte de gente procurando atendimento. Meu tio está sofrendo demais, mas parece que isso não importa", avalia.

Na Santa Casa, não há previsão para retomada das cirurgias eletivas. Nos últimos dois meses cerca de 800 cirurgias deixaram de ser feitas, levando em conta as 400 mensais que regularmente são feitas.

O Hospital Universitário atende apenas um terço desse total, e já com fila de espera para as eletivas devido a interrupção no serviço no ano passado. O problema foi agravado em 2008, quando o HU permaneceu por seis meses,a te outubro, com esse tipo de intervenção suspensa. O motivo foi mudança no gerenciamento e redução no orçamento, que impediram reposição de peças e compra de material cirúrgico.

No Hospital São Julião, as operações foram suspensas no dia 1º de março. A unidade é credenciada pela prefeitura de Campo Grande e realiza, principalmente, procedimentos cirúrgicos nas áreas de otorrinolaringologia, oftalmologia e ortopedia. Os médicos cobram uma complementação da prefeitura, já que o SUS não reajusta a tabela de procedimentos.

No Hospital Regional, as cirurgias também são limitadas por falta de estrutura. Vários equipamentos estão em licitação e reforma do centro cirurgico também. Mesmo assim o hospital é o único que continua atendendo 260 pacientes m~es com cirugias eletivas.

No setor de Cardiologia, por exemplo, pacientes esperam mais de um mês internados para cirurgias. Outros procedimentos simples, como angioplastia, demoram o mesmo tempo e dependem de vagas na Santa Casa, por espera de materiais.

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