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Cidades

Cresce número de pretos e pardos em MS, enquanto de brancos diminui

Marta Ferreira | 14/11/2011 15:55

Em uma década, população que se declara de cor branca teve, no Estado, a terceira maior queda entre unidades da federação

Mais pessoas estão se declarando como negras ou pardas em MS, mostra estudo.
Mais pessoas estão se declarando como negras ou pardas em MS, mostra estudo.

De 2000 para 2010, Mato Grosso do Sul foi o terceiro estado brasileiro com maior queda no número de pessoas que se declaram brancas nos levantamentos populacionais feitos pelo IBGE, de 7,4%. Com isso, automaticamente, aumentou o percentual de pardos e de pretos.

A metodologia do instituto usa a palavra preto para indagar as pessoas sobre sua cor. Pela convenção do IBGE, no Brasil, negro é quem se autodeclara preto ou pardo, pois população negra é o somatório dessas duas populações.

Em Mato Grosso do Sul, no ano 2000, 54,7% da população se declarava branca, 38% diziam ser pardos e havia apenas 3,4% de negros, somando 41,4% de pardos e pretos. Em 2010, o percentual de brancos declarados caiu para 47,3%, o de pretos aumentou para 4,9% e o de pardos aumentou para 43,6%, o que leva à soma de 48,5%.

Apesar dessa mudança, Mato Grosso do Sul segue entre entre os cinco estados brasileiros onde pardos e pretos, a população negra, não formam mais da metade da população.

“No ano de 2010, em 22 das 27 unidades da Federação a população preta e parda era igual ou superior à metade do contingente populacional total. Ou seja, os pretos e pardos formaram o contingente majoritário na maioria dos estados brasileiros com exceção de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul”, diz trecho do “Mapa da População Preta & Parda no Brasil segundo os Indicadores do Censo de 2010”, divulgado hoje.

O estudo foi realizado pelo Laeser (Laboratório de Análises Econômicas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais), UFRJ (da Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Mudança-Segundo os dados, o número de municípios onde os domicílios tinham maioria de pretos e pardos aumentou 7,6 pontos percentuais, entre 2000 e 2010, ao passar de 49,2% para 56,8%. .

Em 1.021 cidades (18,3% do total), pretos e pardos eram mais de 75% da população.

O percentual de pessoas que se declararam pretas passou de 6,2% para 7,6% em uma década. O aumento foi maior entre as que se declararam pardas, de 38,5% para 43,1% no mesmo período. Em 2010, aproximadamente 91 milhões de pessoas se classificaram como brancas, 15 milhões como pretas, 82 milhões como pardas, 2 milhões como amarelas e 817 mil como indígenas.

Em entrevista à Agência Brasil, o coordenador da pesquisa, Marcelo Paixão, disseque os indicadores com base no Censo 2010 foram influenciados pelo processo de valorização da presença afrodescendente na sociedade brasileira e pela adoção das políticas afirmativas.

“Esses dados demonstram não só uma mudança demográfica, mas também política, social e cultural, porque expressa uma nova forma de visibilidade da população negra brasileira ao estimular que as pessoas assumam sua cor de pele de uma maneira mais aberta.”

Desde 2010, o censo, elaborado pelo IBGE a cada década, traz a pergunta sobre cor ou raça para todos os domicílios e não mais por amostra, como era feito anteriormente.

Marcelo Paixão diz que a comparação dessa informação com dados futuros do IBGE, como a Pnad (esquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do ano que vem e o Censo de 2020, será muito útil para traçar um perfil mais fiel da população.

“O interessante para 2020 é verificar se esse percentual da população preta e parda no Brasil vai continuar aumentando. Porque é claro que tem também uma população que não é negra. O ideal é que as bases de dados expressem melhor o perfil da população brasileira, que corresponda à realidade”, avalia o economista.

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