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Cidades

Dia de chuva vira transtorno para quem vive em moradia precária

Luciana Brazil | 29/04/2012 13:37
Dejanir, 64 anos, ainda acredita em uma nova vida e continua enfrentando a chuva. (Foto:Minamar Júnior)
Dejanir, 64 anos, ainda acredita em uma nova vida e continua enfrentando a chuva. (Foto:Minamar Júnior)

Na periferia de Campo Grande moradores viveram momentos de transtorno com a chuva que atingiu a cidade na noite de sábado (28). O tempo chuvoso, que continua intermitente, não causou grandes estragos, mas para os que vivem em áreas mais precárias, a situação se transformou em um verdadeiro caos.

A equipe do Campo Grande News percorreu vários bairros da cidade, no domingo (29) pela manhã, e nos mais carentes os moradores se mostravam preocupados com a situação.

No bairro Morada Verde, região norte da cidade, onde a maioria das casas é feita de tábuas e coberta com lonas, os moradores tentam protegem os barracos, mas muitas vezes em vão. A água invade, entrando por baixo das portas, além de molhar as paredes e tetos de madeira. “Depois da chuva, temos que esperar o sol para secar tudo. Tem coisas que a gente consegue recuperar, mas têm outras que a gente perde porque fica com cheiro ruim”, disse a manicure Delanir Cardoso da Rocha, 27 anos, mãe de dois filhos.

Filho da manicure Delanir mostra o balde improvisado no meio da casa. (Foto: Minamar Júnior)
Filho da manicure Delanir mostra o balde improvisado no meio da casa. (Foto: Minamar Júnior)

Arrastar móveis, levantar equipamentos eletrônicos, improvisar lonas, baldes e tampar paredes com tabuas de madeira são algumas das batalhas diárias que fazem parte da rotina constante na periferia. É a forma com que os moradores encontram para evitar que o pouco se transforme em nada. “A situação está difícil. Quando chove assim, tem gente que fecha a casa e vai para casa de parentes. Com a chuva, a enxurrada é grande e a água entra nas casas de todo mundo”, contou o morador da região norte da cidade, Sandro Roberto Amancio, 30 anos.

No mesmo terreno onde vive a manicure Delanir, mora também seu pai, Dejanir Dias Rocha, de 64 anos. De bom humor, mesmo com a casa toda molhada, ele diz que tem esperança de um dia morar em um lugar melhor. “Eu vou onde me colocarem. Se eu ganhar uma casa eu vou para qualquer lugar e vou querer morrer lá”, brincou o idoso que precisa esperar a chuva cessar para dormir. “A chuva pode molhar minha cama por isso eu espero a chuva passar”.

Avó e netos também esperam dias melhores e sonham com uma casa que não molhe. (Foto:Minamar Júnior)
Avó e netos também esperam dias melhores e sonham com uma casa que não molhe. (Foto:Minamar Júnior)
Família se prepara para fazer churrasco, apesar das dificuldades. (Foto:Minamar Júnior)
Família se prepara para fazer churrasco, apesar das dificuldades. (Foto:Minamar Júnior)

Apesar da vida sofrida, cheia de percalços, os moradores não desistem da batalha e demonstram ânimo, mesmo em um dia chuvoso. Enquanto a equipe do Campo Grande News se despedia de Delanir, a churrasqueira já estava pronta para o almoço em família. “Minha filha me chamou para fazer um churrasco e eu disse que não tinha dinheiro, mas ela comprou a carne”, disse sorrindo.

O exemplo de otimismo vem também da aposentada Juraci de Arruda Vicente, 67 anos, e os dois netos de 10 e 7 anos. Não diferente dos outros personagens da matéria, a casa é feita de tábuas e a água da chuva também invade a casa e causa problemas. “Quando chove a gente já se prepara para ficar com tudo molhado e tem que dar um jeito de não perder as coisas”, contou.

Quando questionados sobre a vida que levam, as crianças sorriram

e ficou clara a esperança de dias melhores. “Quem não quer algo melhor”, completou a avó também sorridente.

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