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Cidades

Eleição para Conselho Tutelar atrai pouca gente

Redação | 17/02/2008 11:23

Desinformação entre eleitores e um baixo índice de comparecimento marcaram, neste domingo, as eleições para a escolha dos novos integrantes dos Conselho Tutelar em Campo Grande, que pela primeira vez ocorrem de forma direta, mas facultativa. A votação começou às 8h e vai até às 16h. Todo cidadão que tem título de eleitor pode votar para escolher 30 conselheiros, dez titulares e 20 suplentes, que ficarão responsáveis por três anos por cuidar do cumprimento dos direitos das crianças e adolescentes.

Foram definidos na cidade 74 locais de votação pelo Tribunal Regional Eleitoral, que organizou a logística da eleição. Diferente do que ocorre nos pleitos para cargos eletivos, quando o Brasil normalmente é elogiado pelo sistema utilizado, nessa votação os problemas foram evidentes, com eleitores perdidos por causa da decisão de fazer a junção de sessões eleitorais. A medida considerou que o movimento seria pequeno para usar tantos locais de votação.

De fato, nos lugares, foram poucas pessoas, em geral motivadas pelo fato de algum conhecido estar concorrendo. E entre elas, gente que teve de ir de sessão em sessão para descobrir onde teria de votar.

Nem o prefeito de Campo Grande escapou do desconforto de ir a um lugar e descobrir que na verdade teria de ir a outro. Nelson Trad Filho (PMDB) foi na sessão onde costuma votar, no colégio Arlindo Lima, no centro. Ao chegar lá, descobriu que na verdade sua sessão estava no escola municipal Etalívio Martins, no bairro Monte Castelo, para onde se deslocou. O irmão do prefeito, o deputado estadual Marcos Trad (PMDB), enfrentou a mesma situação. Foi à Igreja São José, e teve de se deslocar também até a escola Etalívio Martins.

Entre os cidadãos comuns, a dificuldade de encontrar o local certo provocou muitas reclamações. Paulo da Silva, de 50 anos, não tinha conseguido votar até perto das 11h, porque primeiro saiu com um grupo de amigos que não conseguia localizar onde estava a sessão deles.

Foi o caso de Cíntia de Oliveira, de 27 anos, que estava com o filho Enzo, de 5 meses, e o marido Vanir José, 55 anos. Eles saíram de casa por volta das 8, e conseguiram votar por volta das 11h. Cíntia contou que foi primeiro ao colégio Joaquim Murtinho, onde sempre votou, e lá descobriu que a escola não tinha urnas eleitorais, porque é uma das sedes do concurso da PM (Polícia Militar).O casal foi, então, a um local de votação próximo, a Faculdade Facsul, na avenida Afonso Pena, para tentar informações, e lá soube que a sessão tinha sido transferida para a escola Arlindo Lima.

Outro trajeto teve que ser feito até eles encontrarem o lugar certo.

A dona de casa Ione Márcia Bacha, 42 anos, que estava com o grupo, pensou que votaria na LBV, onde também não havia sessão. Depois, descobriu que teria de retornar à faculdade Facsul, onde o grupo já havia estado, para poder votar. Como Paulo e Vanir só poderiam votar no bairro onde moram, os amigos só conseguiriam concluir o que saíram para fazer perto do horário de almoço. Todos reclamaram que faltou organização e, principalmente, divulgação sobre o processo seletivo.

Indagado sobre a opinião a respeito do assunto, o prefeito Nelson Trad Filho disse que o correto seria questionar o TRE, sobre a distriuição das sessões de votação. Sobre o baixo índice de comparecimento, o prefeito disse confiar que ao final do dia, o número fechado será bom.

Questão de cultura - Já o deputado Marcos Trad comentou, em relação ao baixo comparecimento, que se trata de uma questão de conscientização do eleitor, principalmente em relação à importância do Conselho Tutelar na proteção das crianças e adolescentes.

Na visão do parlamentar, é uma situação que só com educação será resolvida, nos próximos anos.O presidente do CMDA (Conselho Municipal dos direitos da Criança e do Adolescente), Jorge Kalache, disse que o histórico das cidades onde a eleição já foi feita dessa forma, como Ponta Porã, mostra que o comparecimento de eleitores é de cerca de 10%.

Em Campo Grande, que tem 440 mil eleitores, seria o equivalente a 44 mil pessoas. Mas a procura aos lugares indica que será dificil alcançar este número. Na Escola Arlindo Lima, por exemplo, uma das salas de votação, com uma relação de 1890 eleitores, só um havia votado até às 10h30.

Kalache minimizou os problemas enfrentados pelos eleitores, dizendo que eles ocorreram mais nas sessões centrais. Nos bairros, segundo ele, a situação está mais tranqüila e o comparecimento de eleitores é maior. Kalache acredita que essa eleição, a primeira do tipo, vai servir de lição para os processos futuros.

Os candidados a conselheiros disputam uma vaga com salário de R$ 1,6 mil. Mesmo assim, houve apenas 33 candidatos, para as 10 vagas definitivas. Desses, 20 ficarão como suplentes. A apuração, pelo sistema do TRE, deve ser concluída ainda neste domingo.

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