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Cidades

Em depoimento, índios dizem que foram presos sem motivo

Aliny Mary Dias | 31/05/2013 08:47
Advogado representa os 15 indígenas e atua como assessor jurídico do Cimi (Foto: Marcos Ermínio)
Advogado representa os 15 indígenas e atua como assessor jurídico do Cimi (Foto: Marcos Ermínio)

Os depoimentos dos 15 indígenas detidos pela Polícia Federal durante a ação de reintegração de posse da fazenda Buriti em Sidrolândia ontem (30) foram acompanhados por advogados e representantes de entidades indígenas. Pelo menos quatro índios afirmaram ao delegado de plantão que foram pegos em estradas enquanto voltavam para a aldeia e, segundo eles, houve violência por parte dos policiais.

Durante o confronto, o indígena Oziel Gabriel, de 35 anos, morreu e pelo menos outros seis ficaram feridos. Três policiais federais também se feriram sem gravidade e um colete à prova de balas foi recolhido com uma perfuração por tipo de uma arma de calibre 22, armamento não usado pela polícia.

O advogado Luiz Henrique Eloy, que representa os indígenas presos e atua como assessor jurídico do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), conta que seis advogados se dividiram para acompanhar o depoimento de todos os indígenas. Entre os defensores estavam representantes da Funai (Fundação Nacional do Índio) e da Copai (Comissão Permanente de Assuntos Indígenas da OAB MS).

Eloy acompanhou o depoimento de quatro indígenas, três idosos e uma mulher. Os índios disseram à polícia que voltavam para a aldeia quando foram abordados pelos policiais federais. “O delegado perguntou como eles foram detidos e eles disseram que estavam caminhando pela estrada quando a polícia chegou com truculência e os prendeu”, explica.

Os indígenas tiveram ferimentos leves e foram trazidos para a superintendência da Polícia Federal em Campo Grande junto com os outros 10 presos durante a ação. “A mulher estava com o braço inchado por causa das algemas, eles reclamam que os policiais foram violentos”, conta Luiz Henrique.

O advogado explica ainda que nem todos os índios foram levados para o IML (Instituto Médico Legal) para passar por exame de corpo de delito, procedimento padrão para detidos em operações policiais.

Um dos pontos de maior reclamação dos indígenas foi a falta de diálogo das forças policiais com os índios. “Eles falam que não houve diálogo, tampouco nenhum órgão de defesa dos índios estava sabendo dessa ação. É um descaso”, completa o advogado.

Sobre a alegação da polícia de que houve reação com tiros por parte dos índios, Luiz Henrique Eloy conta que a situação saiu de controle e tiros podem ter sido disparados pelos indígenas. Com o grupo, a polícia apreendeu três armas, facões, foices, arcos e flechas e instrumentos artesanais. Todo o material apreendido está na seda da PF e passará por perícia.

Pós-confronto – Depois do conflito durante a desocupação, o clima é tranquilo na manhã de hoje (31). A reportagem do Campo Grande News encontrou nesta manhã, no trajeto até a propriedade, apenas um pequeno grupo de indígenas na região.

A Polícia Militar de Sidrolândia informou que não atendeu nenhuma ocorrência naquela região durante à noite de ontem e a madruga de hoje.

Foram cerca de 8 horas de conflito na fazenda. Um grupo de indígenas resistiu à reintegração. Primeiro, os terena atearam fogo na sede da fazenda Buriti, ao saberem da chegada de policiais no local. Depois, ainda tentaram ficar espalhados pela propriedade. Também queimaram duas pontes que dão acesso à propriedade. A situação só foi controlada por volta das 15h.

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