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Cidades

Em julgamento, mãe de militar encontra peão pela 1ª vez

Redação | 18/02/2010 09:09

Para Silvana Sales, de 38 anos, o julgamento do peão Fagner Gonçalves, que acontece nesta quinta-feira no Fórum de Campo Grande, foi antecedido por uma visita ao cemitério e de uma noite a base de calmante. Fagner é acusado de atropelar, arrastar por 15 quilômetros e matar o cabo do Exército, Leonardo Sales da Silva, de 19 anos, filho de Silvana.

"Vou ver ele [Fagner] pela primeira vez. Ontem visitei o túmulo do meu filho para um 'bate-papo'". Foi como se ele dissesse para eu não ficar com raiva", relata enquanto esperava pelo início do júri popular.

Leonardo morreu em junho de 2008. A mãe ressalta que o julgamento demorou muito a chegar. "Demorou porque ele não é filho de policial, advogado, se fosse já teria resolvido. Ele era uma pessoa pobre, de família pobre".

Pela primeira vez numa sala do Tribunal do Júri, Silvana se diz preparada para tudo. "Mas a justiça tem que ser feita. Apesar de uma pena, grande ou não, não amenizar a minha dor". Além de Silvana, o pai, o padrasto, a avó e uma irmã de Leonardo acompanham o julgamento.

Fagner, que ficou preso por um ano e dois meses, foi denunciado pelo MPE (Ministério Público Estadual) por homicídio doloso triplamente qualificado (motivo torpe, com requintes de crueldade e sem possibilidade de defesa da vítima). Caso condenado, a pena vai de 12 a 30 anos de reclusão.

Contudo, a defesa argumenta que o crime foi homicídio culposo, como é acidente de trânsito, o que reduziria a pena a, no máximo, quatro anos de reclusão.

O julgamento foi determinado pelo juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Aluízio Pereira dos Santos.

Diante de um júri formado apenas por homens, o perito criminal e engenheiro físico Emerson Lopes do Reis foi a primeira testemunha a depor. A pedido do advogado de defesa, Abadio Rezende, ele forneceu detalhes do laudo e da simulação do crime.

De acordo com Reis, a perícia indica que a vítima tenha tentado subir na lateral do veículo, o que justificaria o fato da perna do jovem ter ficado presa entre o feixe da mola e a roda traseira direita do veículo. Na época, foram citadas varias versões para explicar porque Leonardo ficou preso à caminhonete.

Na versão de Fagner, Leonardo estava em pé conversando com amigos na frente de uma conveniência quando foi atropelado pela traseira do veículo. Já amigos do militar falaram que ele estava sentado tomando tereré e foi pego pela frente.

Arrastado - Em 6 de junho de 2008, Fagner Gonçalves participou de um rodeio no bairro Dom Antônio Barbosa. Ao sair do local, ele discutiu com alguns jovens e arrancou a caminhonete F-4000, atropelando o militar do Exército.

Leonardo ficou preso no veículo e morreu após ser arrastado por 15 quilômetros, até o bairro Itamaracá, na saída para São Paulo.

Em depoimento à polícia, o peão confessou que estava dirigindo a caminhonete e só não parou, após ser avisado por populares, porque ficou com medo de ser linchado pelo grupo.

Após ser avisado pelo irmão, ele ainda andou aproximadamente seis quilômetros com o corpo do militar embaixo do veículo, conforme o inquérito policial.

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