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Cidades

Em meio a prédio sucateado, alunos de Arquitetura da UFMS colocam a mão na massa

Paula Vitorino | 24/05/2011 14:48

Curso funciona em espaço de antiga biblioteca, sem salas de aula adequadas e até lousas

Buraco é "vista" para os estudantes de Arquitetura da UFMS. (Fotos: João Garrigó)
Buraco é "vista" para os estudantes de Arquitetura da UFMS. (Fotos: João Garrigó)

Há 10 anos o curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) vive adaptando-se em prédios improvisados no campus da Universidade, reclama a coordenação e os acadêmicos, que frequentemente realizam mutirões para adequar os espaços cedidos para as aulas.

A denúncia é mais uma para a lista de acusações feitas também por alunos de História e de Direito sobre abandono, má administração, falta de professores e outras situações esdrúxulas, que têm como alvo a reitoria.

Desde 2009, as disciplinas do curso de Arquitetura são ministradas no prédio da antiga biblioteca da Universidade. O espaço está sucateado, com infiltrações, banheiro improvisado em meio a uma cozinha, fios de alta tensão soltos, salas sem lâmpadas e janelas quebradas. Pontos do prédio também são usados de depósitos de materiais da Universidade.

Quatro salas de aulas foram acomodadas no local, mas metade delas está sem lousa, refrigeração e até mesmo cadeiras e carteiras apropriadas.

As divisões das salas foram feitas dentro do espaço com espécies de tapumes e a acústica das aulas é compartilhada por professores e alunos de diferentes turmas. Na tentativa de diminuir o problema, os estudantes colocaram caixas de ovo no teto e nas paredes.

Antiga biblioteca virou sala de aula improvisada.
Antiga biblioteca virou sala de aula improvisada.
E alunos dividem espaço com depósito de materiais
E alunos dividem espaço com depósito de materiais

A estudante do 4° ano, Arielle Nogueira, de 22 anos, conta que até as paredes foram pintadas pelos próprios acadêmicos, mas as infiltrações já estragaram toda a obra. Até um pequeno jardim foi improvisado ao lado do prédio pelos acadêmicos.

“Até pranchetas para as carteiras nós fizemos. Nada do que é obrigação do aluno a gente tem que fazer se quiser ter um espaço um pouco melhor e todos os materiais são comprados com dinheiro do nosso próprio bolso”, afirma o estudante do 5° semestre, Alan Eidi Matsuda, de 22 anos.

Toda a verba utilizada para as adequações no espaço é resultado de ações desenvolvidas pelos estudantes, como o ArqFest, que recepciona os novos acadêmicos. O evento sustentou durante os dois últimos anos os mutirões realizados no prédio.

“Esse ano os acadêmicos já estavam cansados de gastar nosso dinheiro com o prédio. Além disso, a reitoria prometeu que iria iniciar as obras”, afirma.

A estudante Jessica Almeida, de 20 anos, ainda denúncia a falta de segurança ao redor do prédio. “Aqui fica tudo escuro. Se sair sozinha corre o risco de ser abusada. E não temos janelas também”, diz.

Sala sem lousa, apenas um  dos problemas na UFMS.
Sala sem lousa, apenas um dos problemas na UFMS.

Prejuízos - A coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo, Juliana Couto Trujillo, diz que falta estrutura para as atividades práticas que o curso exige, mas garante que os professores tentam ao máximo desempenhar suas atividades sem que haja algum tipo de prejuízo.

“É só olhar para ver a situação que estamos. Falta até limpeza e como a sala dos professores fica em outro prédio, porque aqui não tem uma sala para isso, nós não temos como acompanhar os serviços. Aqui não tem telefone, internet e nem uma estrutura mínima necessária”, diz.

Segundo a coordenação, o pedido de lousas foi feito em dezembro de 2009, mas até o momento nada foi feito.

A aluna do 2° ano, Fernanda Silva, de 21 anos, denuncia que aulas fundamentais como de construção de maquetes foram improvisadas, “aprendemos por conta”.

 Em meio a prédio sucateado, alunos de Arquitetura da UFMS colocam a mão na massa

A professora ressalta que os alunos só querem o mínimo. “A gente não pede nem um prédio novo, mas que a reforma seja feita de forma adequada. Temos consciência de que tudo demora e de que a reitoria tem conhecimento das nossas necessidades, mas fica praticamente impossível dar aula nessas condições”, diz

O acadêmico Alan informou que o curso encaminhará na próxima semana um ofício a reitoria da Universidade pedindo uma reunião para que sejam apresentadas as necessidades do curso.

“Também deixamos um convite para a nossa reitora, que venha visitar nossas instalações e ver com os próprios olhos nossa situação”, disse Alan.

A reportagem procurou a UFMS para responder as denúncias de sucateamento, mas até a publicação desta matéria não obteve retorno.

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