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Cidades

Ex-clínica de aborto está fechada em sinal de luto

Redação | 30/11/2009 16:30

A Clínica de Planejamento Familiar da ex médica Neide Mota, na Rua Dom Aquino, esteve fechada nesta segunda-feira e na porta está o comunicado: "Em luto". Apesar dela sempre ter negado, moradores do Bairro Amambai, disseram hoje que por várias vezes viram Neide no local, onde agora funciona uma clínica geriátrica.

No prédio, a única informação é de que a ex-médica denunciada por abortos alugava o local para os proprietários da clínica.

O corpo ainda é velado em Campo Grande, depois da morte misteriosa de Neide Mota, a família aguarda translado do corpo a São Paulo, para que seja cremado.

Informações preliminares revelam que ela própria pagou o crematório, na semana que antecedeu sua morte.

A Polícia fala pouco sobre o caso e hoje divulgou apenas alguns objetos encontrados dentro do carro da ex-médica.

Entre o que foi achado, estava um papel com frases que remetem à morte. "Deveria garantir que já estaria dormindo quando sobreviesse o fim" e "Que não houvesse pânico, nem trauma, nem dor..." diziam dois trechos divulgados pela assessoria de imprensa da Polícia Civil.

Trata-se de um texto subjetivo, cujo conteúdo completo não foi divulgado até o momento. Segundo a assessoria, ainda não é possível afirmar ou descartar se foi um ritual de alívio, prática comum em casos de suicídio.

Policiais civis foram à casa de Neide Mota para encontrar algum material que tenha sido escrito por ela. O objetivo é comparar a letra de um texto comprovadamente escrito pela ex-médica com o do papel onde havia as frases.

Todos serão submetidos à perícia para averiguar se o papel encontrado no carro da ex-médica foi redigido por ela.

Na casa, os policiais encontraram um livro chamado "Deus não é grande", do autor Christopher Hitchens. A empregada da casa de Neide afirma que esta era a leitura recente da ex-médica.

"Como a religião envenena tudo. Baseado nos mais importantes textos sagrados, este livro documenta como o conceito de Deus é um reflexo do nosso medo da morte. Um conjunto de dogmas responsáveis por uma severa repressão sexual e distorções sobre a evolução do homem e do cosmos", aponta a descrição do livro.

A assessoria de imprensa da Polícia Civil destaca que o caso é investigado pelo 3º DP (Distrito Policial) como morte a esclarecer. No entanto, a principal tese aponta a possibilidade de ter ocorrido suicídio.

Neide Mota foi encontrada morta dentro do próprio veículo, ontem à tarde, em uma chácara na região do Jardim Veraneio. Na mão direita da ex-médica havia uma seringa com lidocaína.

No primeiro momento da investigação o caso foi tratado como suicídio. Entretanto, anestesistas consultados pelo Campo Grande News não acreditam que ela possa ter usado a droga na intenção de se matar.

Segundo os profissionais, seria necessária uma dose cavalar e antes de morrer a pessoa teria uma convulsão. A morte na superdosagem dessa droga seria por parada cardíaca.

O casal que encontrou a ex-médica ainda com vida, minutos antes da morte, contou à Polícia que ela estava apenas "grogue", como se estivesse dopada. Depois de morta, Neide Mota foi encontrada pálida, porém, sem sinais de convulsão.

A ex-médica é velada com um vestido azul, que comprou no fim de semana. O velório é realizado na Pax Nipon e não há horário para o sepultamento já que os familiares aguardam o crematório.

O caso Neide Mota foi descoberto em 10 de abril de 2007, quando uma reportagem de TV denunciou que a clínica dela era usada para a prática de aborto. Uma lista com quase 10 mil nomes de mulheres foi encontrada no local quando a Polícia iniciou as investigações contra ela.

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