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Cidades

Falta de vagas e sistema que não funciona geram caos na saúde de MS

Antonio Marques | 07/05/2016 09:23
Secretário Ivandro Fonseca diz que Campo Grande recebe cerca de 300 pacientes em vaga zero por mês (Foto: Alcides Neto)
Secretário Ivandro Fonseca diz que Campo Grande recebe cerca de 300 pacientes em vaga zero por mês (Foto: Alcides Neto)

A morosidade nas ações dos gestores da rede pública de saúde em Mato Grosso do Sul e o sucateamento do sistema, são os principais motivos para a existência de pacientes aguardando atendimento dentro de ambulâncias em frente de hospitais de Campo Grande. Outro agravante é a ineficiência na distribuição de vagas, pois ainda não há um sistema de regulação em funcionamento pleno no Estado.

Segundo o secretário municipal de Saúde, Ivandro Fonseca, a Capital recebe cerca de 300 pacientes por mês em vaga zero. “O Estado autoriza a vinda do paciente do interior sem a existência de vaga aqui”, declarou.

O secretário estadual de Saúde, Nelson Tavares justifica que o município do interior sem ter condições de assistir ao paciente em estado grave tem como último recurso enviá-lo à Capital para tentar o atendimento e evitar que a pessoa morra.

A condição para quem precisa de atendimento é ainda mais grave pois o sistema de distribuição de vagas, denominado regulação, ainda "engatinha" no Estado, conforme o secretário estadual de Saúde, Nelson Tavares, que reconhece a má estrutura da saúde no interior e afirma que a reestruturação do setor no Estado é um compromisso do atual governo. Apesar das diferenças políticas, os dois dizem que o trabalho em parceria é a solução, mas o resultado virá a médio e a longo prazo.

Para Fonseca, a saúde pública em Mato Grosso do Sul foi deixada de lado nos últimos 15 anos e agora o governo está tendo a oportunidade de obter êxito na reestruturação do sistema. “Essa situação faz com que os municípios encaminhem seus pacientes para a Capital, quando teria a responsabilidade de assistir as 17 cidades do entorno”, explica.

Para Ivandro, a melhoria no atendimento deve acontecer com a estruturação dos pólos regionais de saúde, projeto que vem sendo desenvolvido pelo atual governo estadual, por meio da Caravana da Saúde. Nelson Tavares revela que a meta do governo é conseguir viabilizar os pólos regionais no interior para desafogar a Capital. “Se conseguíssemos pelo menos 20 hospitais de referência em todo o Estado já resolveria nosso problema”, comentou.

Ivandro diz que o governo do Estado tem a oportunidade de mudar a atual realidade e admite que, até o momento, o que está sendo feito é algo positivo e destaca o fato do atendimento da demanda reprimida das cirurgias eletivas, por meio das Caravanas da Saúde. Para ele, é fundamental que o governo melhore a estrutura hospitalar nos pólos regionais, condição para reduzir a demanda na assistência hospitalar na Capital.

Ele reclama que o Estado não investe nem 5% do custo total para ajudar nas despesas com o atendimento na rede pública da Capital para possibilitar melhor estruturação da unidades. “Nós queremos atuar em parceria, desde que o Estado possa investir na área”, comenta Ivandro Fonseca, que diz receber cerca de 30 ônibus do interior diariamente com pacientes que procuram atendimento na Capital.

Casos - Na última terça-feira, 3, o secretário estadual de Saúde, Nelson Tavares, informou que a razão da superlotação do Hospital Regional Rosa Pedrossian é a falta de estrutura nas unidades de saúde dos bairros no entorno. Ele disse ainda que 92% dos pacientes do hospital são de Campo Grande e destes, 50% são de moradores dos bairros próximos.

Ivandro rebate e diz que 50% dos atendimentos realizados na estrutura de unidades básicas, urgência e emergência e hospitalar da Capital são feitos a pacientes do interior, justamente por falta de estrutura nos municípios. Os dois concordam que a situação tem que mudar. E Nelson Tavares garante que o trabalho está sendo feito neste sentido. "Queremos entregar os hospitais de Dourados e Três Lagoas em nossa gestão, conforme compromisso do governador", garante o secretário estadual de saúde.

Além do Hospital Regional, as outras unidades da Capital, como o Hospital Universitário e a Santa Casa também apresentam problemas estruturais para atender a demanda do Estado. E Nelson Tavares diz que na rede particular não há leitos disponíveis para atender pacientes da rede pública. "Os poucos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da rede particular estão superlotados", justifica.

Sala do complexo de regulação de vagas que está sendo implantado na Capital para solucionar o problema com falta de leitos (Foto: Alcides Neto)
Sala do complexo de regulação de vagas que está sendo implantado na Capital para solucionar o problema com falta de leitos (Foto: Alcides Neto)

Fim das filas - Os secretários Nelson Tavares e Ivandro Fonseca, responsável pelo maior orçamento público da prefeitura de Campo Grande, defendem que, para acabar com as filas de espera nas portas dos hospitais, além de melhorar a estrutura é necessário fazer o sistema de distribuição de vagas funcionar. “Nunca foi prioridade no Estado. Ainda está engatinhando e vamos fazer funcionar”, garante Tavares.

Nelson Tavares explica que a situação vai se resolver com a implantação da Central Estadual de Regulação, que deve funcionar ainda neste ano. “Com o sistema funcionando vamos ter uma fotografia da assistência hospitalar a cada segundo nas unidades de todo o Estado”, ressalta.

O secretário estadual defende o funcionamento do sistema mantido por uma OS (Organização Social), atuando com menor custo ao Poder Público e maior eficiência. Segundo ele, o processo licitatório está em andamento e em breve deve colocar a central de regulação para funcionar. "O objetivo é evitar essa condição de vaga zero", ressalta.

Atualmente, o sistema que funciona é ineficiente. A regulação de vagas foi prevista para funcionar em Dourados, Três Lagoas e Campo Grande, além da Central Estadual, mas ainda é algo que está sendo implantado. Tavares defende que apenas o Estado daria conta de fazer a regulação e que Dourados e Três Lagoas já teriam entendido dessa forma e abriram mão do serviço para o Estado.

O complexo de regulação de Campo Grande que está sendo implantado em um prédio na esquina da Avenida Afonso Pena com a Rua Bahia, construído com recursos federais, é gerido pela Secretaria Municipal de Saúde. No local, que já conta com cerca de 200 funcionários, tem espaço para funcionar a regulação de vagas de leitos, ambulatorial e urgência e emergência.

Conforme o secretário Ivandro Fonseca em dois meses o sistema vai estar em pleno funcionamento e ele afirma que vai ter o controle de todo o sistema de leitos disponíveis na Capital. Explica ainda que outra frente para melhorar a assistência é a ampliação de vagas nas unidades hospitalares de Campo Grande. “Ampliamos 96 leitos para atender saúde mental e em quatro meses devemos conseguir mais 40 vagas de tratamento semi-intensivo e UTI”, garante.

Segundo Ivandro, no prédio da Capital tem espaço para funcionar a Central Estadual e considera importante as duas centrais de regulação atuarem juntas para resolverem um problema grave, que é a falta de vagas nas unidades hospitalares de Campo Grande, que tem virado caso de polícia e motivo de morte por demora no atendimento.

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