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Cidades

Família denuncia morte por falta de UTI na Santa Casa

Redação | 28/04/2009 15:08

A morte. Para a família de José Aparecido de Souza Santos, de 53 anos, este foi o resultado da distância entre o paciente e uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Santa Casa de Campo Grande.

A Santa Casa possui 18 leitos de UTI adulto. Na luta pela vida, sem vagas para os pacientes, os médicos transformam os centros cirúrgicos em unidades de terapia intensiva, o que ocorreu com o porteiro José Aparecido.

A filha dele, Zilda de Souza Santos, de 30 anos, conta que o drama da família começou no último dia 11, um sábado.

Porteiro há 20 anos do colégio Latino Americano, José Aparecido foi ajudar um parente na construção de uma varanda, caiu de um andaime e foi levado para a Santa Casa.

O diagnóstico inicial constatou um coagulo no cérebro. Segundo a filha, ele permaneceu internado por seis dias no corredor do Pronto Socorro e recebeu alta no dia 17, apesar de apresentar febre alta. De volta ao corredor, a situação era mais grave.

"Ele 'pegou' infecção, o rim parou, teve obstrução intestinal, problemas no fígado, estômago", relata a filha. No dia 22, José Aparecido foi levado para a sala de emergência, onde recebeu oxigênio e passou por hemodiálise, mas morreu no dia 25.

Conforme Zilda, seu pai não conseguiu atendimento especializado na UTI porque os quatro pacientes que estavam no centro cirúrgico tinham prioridade. Do hospital, as lembranças são de falta de estrutura e improvisos. "Meu pai ficou praticamente jogado.

Teve uma noite que pedi para colocarem um termômetro no meu pai, para ver a febre, mas a enfermeira falou que não tinham termômetro. Usei o meu, que estava na bolsa", recorda. Ela conta que passou a madrugada trocando compressas de toalha molhada, mas depois de horas, a febre caiu apenas de 40ºC para 39,5ºC.

Os laudos apontaram traumatismo craniano e falência múltipla de órgãos como causas da morte.

Profissional - O médico Neudes Ribeiro Cardoso, diretor do Sinmed (Sindicato dos Médicos), salienta que diante do estado crítico de saúde é difícil provar que o paciente morreu por falta de UTI.

Da mesma forma, ele alerta que as autoridades apontam a gravidade do quadro do paciente para justificar o óbito. "Tem paciente politraumatizado que se salva. Tem pacientes com muito menos lesão que vai para a UTI e não se salva. Mas se existir leito, há a chance de viver", defende.

Ele relata que os profissionais enfrentam um drama cotidiano. "Na UTI, tem um aparelho chamado respirador, utilizado para quem não consegue respirar sozinho ou está em coma induzido. Se todos estiverem sendo utilizados e chegar outra pessoa, infelizmente não tem como. A pessoa está na hora errada, no lugar errado", lamenta.

Maior hospital público do Estado, o hospital atende tanto pelo SUS, quanto por convênios e planos particulares.

Sobre a morte - Segundo a assessoria da Santa Casa, durante todo período de internação o paciente ficou em sala apropriada ao atendimento especial. O hospital não nega a falta de vagas, notória há tempos no hospital, e alega a falta de rotatividade como maior agravante.

Como a Santa Casa é referência em procedimentos de alta complexidade, após cirurgias complicadas, o paciente não pode ser transferido para outro hospital e tem de ficar na UTI até o quadro ser estabilizado

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