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Cidades

Família é despejada de prédio do antigo albergue noturno da Capital

Paula Vitorino | 05/04/2011 11:00

Família teve de deixar prédio do antigo albergue. (Foto: João Garrigó)
Família teve de deixar prédio do antigo albergue. (Foto: João Garrigó)

A família de Joelson Corrêa da Silva, de 58 anos, foi despejada na manhã de hoje do prédio onde antigamente funcionava o albergue noturno de Campo Grande. Ele era zelador do local há 11 anos e morava junto com a esposa e as três filhas, de 11, 13 e 14 anos.

De acordo com Joelson, a ação de despejo foi “uma surpresa”, apesar de há meses saber da possibilidade. Ele diz que a família já havia sido notificada em datas anteriores para deixar o local, mas “nunca ninguém apareceu para tirar a gente, desta vez eles apareceram sem avisar”.

Ele negava-se a sair do prédio enquanto não recebesse seus direitos trabalhistas por ter sido funcionário do local, que era mantido pela Associação das Abnegadas de Mato Grosso do Sul.

Há alguns meses a Prefeitura Municipal comprou o prédio e entrou com ordem de reintegração de posse na justiça.

“Esse é o resultado de você ter direito e trabalhar honestamente. Eles chegam e te arrancam de qualquer jeito”, desabafa.

Junto com a ação de despejo desta manhã, o oficial de justiça solicitou a escolta da Polícia Militar, um caminhão fretado da Prefeitura Municipal e uma equipe do CCZ (Centro de Controles de Zoonozes).

Até o cachorro de estimação da família foi levado pelo CCZ, que segundo o morador, não teria apresentado justificativa para retirar o animal. “Talvez tenham ficado com medo de usarmos o cachorro para resistir a desocupação”, aponta Joelson.

A desocupação foi feita de forma improvisada, utilizando baldes e alguns caixotes para armazenar os poucos móveis do albergue e levar para dentro do caminhão de mudança.

Joelson disse que provisoriamente irá para a casa de um filho, que mora no bairro Lageado.

“Não sabemos nem como está a situação da residência, se vai caber todo mundo”, contou Joelson sobre o único local que a família tem para ficar.

Ele negou-se a ir para um abrigo municipal. “Não sou mendigo”, afirmou.

Apenas o ex-zelador estava no local no momento do despejo. As filhas estavam na escola e a esposa trabalhando de doméstica. Ele irá aguardar até que toda a família chegue para sair do albergue.

O advogado da família informou que já está tomando as devidas providências para “tentar reverter a situação”.

Joelson Corrêa da Silva, de 58 anos, foi despejada na manhã de hoje.
Joelson Corrêa da Silva, de 58 anos, foi despejada na manhã de hoje.

Caso - Joelson foi contratado como auxiliar de serviços gerais e cuidava sozinho do albergue noturno, que abrigava pessoas que passavam pela Capital e não tinha local para dormir. Entretanto, ele diz nunca ter recebido corretamente o salário combinado, além de horas extras e adicionais noturnos.

O ex-zelador moveu processo trabalhista contra a Associação das Abnegadas. No dia 4 de agosto de 2009 houve audiência sobre o caso e a entidade sequer mandou representantes. A instituição foi condenada a pagar as dívidas trabalhistas, mas alegou não ter recursos, sendo o prédio do antigo albergue seu único patrimônio.

A destinação do prédio ainda não foi definida pela prefeitura de Campo Grande, que comprou o local, mas já foram levantadas propostas para construção de um pronto-socorro infantil, de uma unidade para saúde do homem e centro de apoio ao turista.

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