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Cidades

Garoto foi morto por jogar bem, dizem testemunhas

Redação | 24/03/2010 17:54

Nailton Elber Martins, de 16 anos, foi morto porque se sobressaía no futebol e isso incomodou dois garotos que jogavam contra ele e motivaram um terceiro a atirar. Essa foi a versão de testemunhas que prestaram depoimento nesta tarde na Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude).

Mais de 20 pessoas foram ouvidas sobre o caso. Segundo a delegada responsável pela investigação, Maria de Lourdes Cano, colaboraram várias pessoas da comunidade que presenciaram o crime, além dos alunos e funcionários da escola.

Várias delas sustentaram a mesma versão, de que Nailton se destacava no futebol enquanto os dois garotos que jogavam contra ele, um de 17 anos e outro de 19 anos, não eram bons jogadores e agrediam os outros jogadores durante a partida.

Após o crime, várias versões foram dadas, conta a delegada. Uma delas é a apresentada pelo adolescente que efetuou os disparos. Quando foi preso, ele contou que atirou contra o menino porque ele havia chutado a bola de futebol contra ele.

Já no depoimento de hoje, confessou que não teve motivo nenhum, mas chegou a mentir que Nailton o havia encarado antes de chegar à versão final.

A Polícia conseguiu identificar o rapaz que incentivou o disparo contra o menino. Seu nome não é revelado para não prejudicar o andamento dos trabalhos. Ele tem 19 anos e fugiu. Mandado de prisão foi expedido contra ele.

Jogo - Um dos adolescentes apreendidos, o que efetuou o disparo, contou que dois amigos dele jogavam futebol com Nailton. Um deles de 17 anos, que também foi apreendido, e o rapaz de 19 anos.

Em determinado momento, o rapaz cometeu uma falta contra o menino. Ele levantou e reclamou da postura do outro. Um funcionário da escola interferiu e disse que era apenas um jogo.

Nailton foi saindo da quadra para calçar o tênis, dizendo que iria chamar o pai. O adolescente de 17 anos levantou de onde estava e foi em sua direção dizendo que ele "não chamaria coisa nenhuma".

O rapaz de 19 anos instigou o adolescente a disparar, dizendo que o que ele havia feito não tinha perdão. "O menino morreu de cabeça baixa, enquanto calçava o tênis para chamar o pai", detalha a delegada, ao ressaltar a falta de motivos para a agressão.

Depois do crime, o revólver de calibre 38 usado foi escondido pelo garoto que atirou na casa da tia do outro adolescente. De acordo com a delegada, o menino confessou que sempre andava armado, até mesmo quando ia ao mercado perto de casa.

O motivo alegado por ele é que o sobrinho do vizinho era seu desafeto, e que ele estava preparado para acertar as contas quando o encontrasse.

Maria de Lourdes ressalta que a mãe desse garoto já havia denunciado o uso da arma. Já a mãe, oficial de cozinha de 36 anos, negou que soubesse da arma, quando foi à delegacia nesta tarde.

Entretanto, disse que o pai já havia denunciado. Ela alega que o adolescente que disparou é peão boiadeiro, tem as mãos calejadas e não andava pelo bairro, pois havia chegado da fazenda há apenas uma semana.

Os pais do autor reclamam que desde o crime não podem mandar os filhos de 15 e 8 anos à escola, por medo de retaliação. Eles alegam também que estão na casa de parentes, porque a residência da família foi apedrejada.

Falta - Madrasta de Naiton, a auxiliar de cozinha Andressa Rosa Sanchez, de 33 anos, conta que o filho de 14 anos presenciou o crime e ainda está muito abalado. "Só ele ficou lá com o irmão, porque todo o mundo se afastou", conta.

A versão do menino é a de que a bola escapou e, como o autor do disparo já havia ameaçado quem deixasse a bola bater nele, o irmão tentou impedir que ela o acertasse. Mas, quase caiu e encostou o pé no rosto do outro garoto.

O filho de Andressa passava os finais de semana com o irmão, que morava com a avó. A madrasta da vítima revela que não gostava da ideia e sempre ficava apreensiva, porque o bairro é perigoso.

Depois do crime, ela afirma que não deixará mais ele e os irmãos irem sozinhos ao bairro. "Só para ver a avó e dependendo de como for, vou junto. Podia ter sido meu filho", completa.

Crime - No último sábado (20), Nailton foi atingido por um tiro no peito enquanto jogava futebol na escola municipal Plínio Barbosa Martins, no Jardim das Macaúbas, região do Los Angeles, em Campo Grande, pelo projeto Escola Viva. Ele morreu a caminho do hospital.

Os três autores, dois adolescentes de 17 anos e um rapaz de 19 anos, não estudavam na escola e dois deles deram nomes falsos ao chegar ao local.

A mãe de um dos envolvidos esteve na Deaij nesta tarde, mas não quis comentar o caso.

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