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Cidades

Gesseiro vai pedir imagens de câmera para "leitura labial" provar sua versão

Elverson Cardozo | 24/07/2013 16:45

O gesseiro negro Daniel dos Santos Araújo, de 45 anos, que alega ter sido discriminado por um garçom, neste final de semana, em um restaurante de Campo Grande, vai processar o dono do estabelecimento e pretende conseguir, se existir, as imagens do circuito interno de segurança do local para acabar, de uma vez por todas, com as diferentes versões apresentadas até agora. Ele fala, inclusive, em leitura labial, caso a câmera não tenha captado o áudio.

O trabalhador relata que, no sábado (20), foi ao local para tentar comprar água, mas um funcionário, depois de dizer o preço – sem ao menos ser questionado – disse que, no local, não era comercializado esse tipo de produto, e o “orientou” a procurar um posto de combustíveis próximo, onde a mercadoria era “baratinha”.

Ao contrário dele, o dono do Indez, Renato Marcondes, garante que o funcionário dele só tentou ajudar o cliente. Segundo versão apresentada ao Campo Grande News, o gesseiro teria pedido 1,5 litros de água e um refrigerante de 600 ml, produtos que o restaurante não dispunha naquele dia.

“Não confere. Quando eu cheguei ao restaurante tinha duas pessoas sentadas do lado de fora. Eu perguntei a um senhor e uma senhora se ali tinha Coca de 600 ml. O homem respondeu: ‘olha, eu não sei, mas entra lá e pergunta’. Eu entrei. Tinha duas pessoas. O garçom estava conversando com um senhor de cabelos grisalhos, de bigode, que eu imagino ser o dono. O garçom veio até mim e eu perguntei: ‘Você tem água?’. Ele disse: ‘tenho e é R$ 3,50’. Eu Falei: “Então me dá”. Aí ele falou: ‘Mas aqui não vendemos água. O senhor vai aqui pertinho que lá tem é baratinho’”, relembrou, acrescentando que no dia, dentro estabelecimento reparou que, na geladeira, havia várias garrafas do produto.

Ao Campo Grande News, em entrevista concedida via e-mail, Renato Marcondes menciona uma suposta conversa do gesseiro com o garçom: “[Ele] afirmou que estaria trabalhando e que dividiria o conteúdo com alguns colegas. O garçom que realizou o atendimento informou ao Sr. Daniel que estes produtos não eram vendidos no restaurante. Nos disse ainda, que indicou a loja de conveniências de um posto próximo como um local onde ele poderia achar os itens que buscava”.

Para o gesseiro, que também foi ouvido pela reportagem, a informação não procede. “Eu estava sozinho na obra. A única coisa que falei com ele foi que estava trabalhando pertinho e fui lá comprar água”, disse.

Diante da divergência de informações, Daniel disse que pretende conseguir imagens do circuito interno de segurança para tentar, se possível, anexar o diálogo gravado ao processo e, com isso, provar que a conversa foi bem diferente. “Todo lugar tem esse tipo de filmagem. Se não tiver voz, que possa ter uma pessoa que entenda linguagem de face”, comentou, se referindo à leitura labial.

Revolta – Para o gesseiro, ficou clara a discriminação. Ele afirma que pode até ter sofrido preconceito outras vezes, mas nada foi tão explícito como esse caso. “Fiquei indignado pela forma como fui tratado”, comentou. Na cabeça dele, ainda faltam respostas para os questionamentos que fez desde o início da semana:

“Será que ele pensou que eu não tinha dinheiro para pagar? Eu não perguntei o preço. Será que pensou que eu iria assaltar? Não estava nem com a roupa suja, mas, e se estivesse sujo de gesso e fosse lá? Ele me atenderia? Se eu chegasse com uma BMW, baixasse o vidro, desse uma businadinha e pedisse água, será que não iriam me trazer por causa do carrão? Iriam dar água e me devolver o troco dentro do carro”.

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