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Cidades

Gravação fala em cocaína no presídio federal; Ministério diz ser montagem

Marta Ferreira | 13/05/2011 18:18

O novelo de acusações entre agentes penitenciários demitidos do Presídio Federal de Segurança Máxima de Campo Grande e autoridades do Judiciário e Sistema Penal Federal ganha, a cada dia, mais voltas. A nova é uma gravação tornada pública pelos agentes, em que uma voz atribuída ao ex-diretor do Sistema Penitenciário, Wilson Damázio, diz, durante conversa com integrantes do sindicato da categoria, que entraram drogas na unidade de Campo Grande e na de Catanduvas PR).

Os agentes demitidos, acusados de tirar e divulgar documentos sigilosos do presídio. (Foto: João Garrigó)
Os agentes demitidos, acusados de tirar e divulgar documentos sigilosos do presídio. (Foto: João Garrigó)

O Ministério da Justiça diz que foi tudo uma montagem dos agentes e dos advogados deles, investigada em sindicância. Conforme o Ministério informou, os agora ex-funcionários estão sendo processados por calúnia, em razão dos resultados da apuração.

A informação dada pelo ministério não que esclarece como teria sido feita essa montagem.

O diálogo em questão, ocorreu, segundo os agentes, em 7 de julho de 2008, em uma época de negociação salarial. Ao reclamar da postura dos sindicalistas, entre os quais está Yuri Mattos Carvalho, um dos demitidos na semana passada, a voz atribuída a Damázio diz que “entrou cocaína aqui, não entrou”, se referindo à unidade de Campo Grande. Uma outra voz questiona “entrou?”, e a que seria de Damázio reforça, “entrou cocaína aqui, entrou maconha lá”. O lá seria Catanduvas.

Na sequência, a afirmação que dá ainda mais gravidade ao teor da suposta conversa. A voz que seria de Damázio diz que nada foi feito para investigar a entrada dos entorpecentes nos presídios considerados os mais seguros do País, onde estão bandidos do quilate de Fernandinho Beira-Mar.

“Por acaso eu instalei algum procedimento contra os agepens?”, afirma a voz. “Você está vendo que é uma falha, não é nada dolosa. Eu não posso chegar e dizer que eu vou responsabilizar”, completa.

Wilson Damázio, citado na gravação, não está mais no Depen. Hoje, ocupa uma secretaria no governo do Pernambuco.

Guerra no sistema penal- O presídio federal de Campo Grande virou polêmica recorrente desde que os agentes denunciaram a existência de um sistema de gravação até de visitas íntimas dos presos, em 2008.

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) saiu em defesa dos direitos dos advogados de não sem gravados no parlatório e levou o caso ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça), denunciando irregularidades no uso das câmeras pela Justiça Federal, e ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), alegando que procuradores apoiaram o uso indevido de gravações.

Nas duas instâncias, os procedimentos foram considerados normais.

O imbróglio envolve a denúncia de tentativa de suborno do juiz Odilon de Oliveira, ex-corregedor do presídio federal, e a afirmação, em depoimento, de José Reinaldo Girotti, preso por assalto ao Banco Central, de que foi torturado por agentes penitenciários. Os fatos ficam mais nebulosos ainda porque tudo é investigado em sigilo.

Na semana passada, veio a decisão de demissão de quatro dos cinco agentes investigados, Yuri Mattos Carvalho, Ivanilton Morais Mota, Waldemir Ribeiro Albuquerque e José Francisco de Matos.

Os quatro protagonizaram ontem um bate-boca durante coletiva da corregedora do TRF da 3ª Região sobre o assunto, em que o principal teor foi a defesa do juiz Odilon de Oliveira.

O quinto agente investigado, Alexander dos Santos, não foi punido. Ele hoje trabalha na penitenciária federal de segurança máxima de Mossoró.

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